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CHILE | Piñera assume a derrota diante da greve dos portuários e da ameaça da greve da Saúde

O governo foi derrotado. A "oposição parlamentar" tentará mostrar que foi "seu triunfo" por causa de suas manobras. Nada poderia estar mais longe da verdade. Foi a ameaça de greves e protestos que se espalharam e se generalizaram, especialmente de setores estratégicos da classe trabalhadora, que trouxe a derrota de Piñera.

quarta-feira 28 de abril de 2021 | Edição do dia

Nesta última terça-feira (27), Piñera deu uma coletiva de imprensa anunciando que hoje promulgará a lei do terceiro saque do fundo de pensão aprovada pelo parlamento. Isto depois do Tribunal Constitucional, o maior defensor de Piñera até agora baseado na defesa da "constituição", bateu a porta na cara de Piñera - por 7 votos contra 3 - negando-lhe a mesma admissibilidade do recurso que apresentou para impedir o terceiro saque, o que desencadeou uma crise política no governo, e provocou agitação com greves portuárias, protestos populares e panelas que incendiaram o "fantasma" de um "novo surto".

Esta ameaça foi levada em consideração pelo Tribunal Constitucional, um órgão nas mãos de uma casta de juízes políticos milionários nomeados pelo regime (pelos três poderes), para votar contra a mesma coisa que há alguns meses haviam votado a favor. As "condições sociais mudaram" e "o que o tribunal vai rever não é de onde vem a lei, mas como ela ajuda os cidadãos", disse o Ministro Aróstica pela manhã. Piñera sofreu uma derrota por causa da agitação social e das primeiras greves e protestos que foram expressos em numerosos setores.

Hoje já assistíamos a piquetes, bloqueios e confrontos em quase todos os portos do país. Os estivadores ainda estavam mobilizados, após uma forte greve nacional desses mesmos portuários, a partir do segundo turno de trabalho, em 25 portos do país. Eles se mobilizaram, incendiaram pneus, gritaram e se mobilizaram. Na área central, San Antonio, houve confrontos com a polícia, também em Valparaiso. O ódio contra Piñera foi expresso em greves e piquetes. O apoio popular para os estivadores, que mais uma vez mostram sua importância, é grande. Em Chuquicamata, os líderes sindicais bloquearam a estrada para a mina por um tempo à tarde. Os grandes sindicatos mineiros se declararam em alerta, assim como muitos outros sindicatos. E nesta sexta-feira há uma "greve geral de saúde" que tem recebido o apoio de muitos setores.

E isto foi acompanhado nesta última semana pelo retorno de "panelaços" e protestos nas cidades. Ainda mais, no contexto do maior confinamento da pandemia e com toque de recolher a partir das 9 horas da noite.

O governo foi derrotado. A "oposição parlamentar" tentará mostrar que foi "seu triunfo" por causa de suas manobras. Nada poderia estar mais longe da verdade. Foi a ameaça de greves e protestos que se espalharam e se generalizaram, especialmente de setores estratégicos da classe trabalhadora, que trouxe a derrota de Piñera.

A velha Concertación tentará mostrar que eles são "oposição" a um governo de 9% de aprovação, e a uma coalizão ("Chile Vamos") em crise. Mas eles sempre estenderam a mão para salvar Piñera. A Frente Ampla [organização institucional com programa reformista, NdT] dirá que eles promovem o impeachment, mas o fazem apenas para pressionar e nem sequer falam em luta. O PC, que com a CUT está promovendo a greve geral no setor da saúde, não propôs tomar o exemplo dos trabalhadores portuários para estendê-la a nível nacional e fazer da sexta-feira uma grande greve para conquistar um plano de emergência, pois há forças para ganhar a renda de emergência universal, salários e pensões de acordo com a renda mínima familiar, o fim das demissões e suspensões, a liberdade dos presos políticos, o fim das AFP [previdência privada no Chile, NdT] e para que os capitalistas paguem pela crise. Seu calendário "eleitoral" é o que estabelece sua agenda, não para empurrar a luta.

Há forças para conquistar todas as medidas de emergência que precisamos agora. Não podemos deixar esta luta para amanhã. Não podemos continuar pagando pela crise enquanto as grandes empresas, os banqueiros e os "donos do Chile" estão lucrando como nunca antes.

Há força para que esta sexta-feira seja uma greve nacional, com um plano de luta para conquistá-los e abrir o caminho para acabar com este governo criminoso. Com os mineiros, a silvicultura, o transporte, os serviços, juntamente com a saúde e os professores tomando o exemplo dos estivadores, e com os bairros populares, está a força para vencer. Esta crise mostra que Piñera deveria ter partido há muito tempo, durante a rebelião de 2019, e que a classe trabalhadora tem a força para tirá-lo de lá se avançar para uma greve geral. Não será nem através de um impeachment nem de manobras no regime que vamos conseguir isso.

É necessário convocar assembléias, comitês de greve e coordenar a luta. Como o exemplo da coordenação que surgiu em Antofagasta e que está sendo chamada em outros setores como em Puente Alto para preparar o dia 30.




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