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PETROBRAS | Petrobras coloca petroleiros em risco da COVID pelo lucro. O que seria possível se trabalhadores administrassem a empresa?

Nas mãos bolsonaristas a empresa coloca trabalhadores em risco para garantir dividendos e lucros, persegue grevistas. Nas mãos dos trabalhadores o que poderia ser feito com a maior empresa do país, controladora de imensas riquezas naturais para proteger trabalhadores e servir aos interesses de todo povo brasileiro?

segunda-feira 30 de março de 2020 | Edição do dia

Em fevereiro deste ano, os petroleiros e petroleiras deram um exemplo de luta a todos os trabalhadores organizando a maior greve operária no governo Bolsonaro. Em punição à mesma, descumprindo acordo judicial, e contando com a vista grossa do TST a Petrobras está demitindo e perseguindo grevistas de norte a sul do país. A atuação da empresa tenta amendrontar os petroleiros, para garantir uma reestruturação da empresa, tal como Shell e outras gigantes que estão efetuando radicais cortes nos direitos dos trabalhadores petroleiros mundo à fora. Tudo pelo lucro, inclusive colocar trabalhadores em risco diante da COVID-19.

A greve de fevereiro iniciou-se a partir da solidariedade dos petroleiros contra a demissão de mais de 1000 trabalhadores da Fabrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN)–PR, a maior parte trabalhadores terceirizados, e desafiou o projeto de privatização da Petrobrás que Guedes e Bolsonaro impulsionam.

Após uma conquista temporária da suspensão das demissões na FAFEN, a greve, todavia, foi desativada pela FUP (sindical de petroleiros dirigida pela CUT). A atuação traiçoeira dessa direção abriu espaço para que no início de março as 1000 e tantas demissões fossem concretizadas e a FAFEN fosse fechada pela diretoria da Petrobrás. Mas os petroleiros saíram com um espírito de união e de consciência que podem desafiar a direção da empresa e o bolsonarismo, é justamente isso que a direção tenta apagar agora em meio a desorganização e medo do coronavírus.

Agora os petroleiros se veem diante de novos ataques autoritários da patronal, cortes de direitos, perseguição ativistas, junto a crise do coronavírus: a diretoria demite e pune funcionários que participaram da greve, se recusa a liberar operadores do grupo de risco (mesmo muitos trabalhando em ambientes confinados), não realiza testes científicos para identificar funcionários que estejam infectados, tanto os trabalhadores próprios quanto terceirizados e suas famílias impõe uma quarentena de sete dias antes do embarque na plataforma (o que estende desnecessariamente o já longo período de afastamento da família para 28 dias e é ineficiente já que o período de incubação do Covid-19 pode chegar a 14 dias, ainda mais sem testes) e ainda fecha unidades em meio a crise.

Estes ataques se tornam ainda mais incoerentes com a crise sanitária quando reconhecemos o papel que a Petrobrás poderia estar cumprindo em combate-la. Quando até mesmo economistas burgueses começam a apontar a necessidade de “reconversão industrial” (como por exemplo fábricas de automóveis para produzir respiradores médicos) para combater a crise, se torna fundamental a ação dos petroleiros contra a direção dos empresários e do Estado capitalista para colocar o funcionamento da Petrobrás para garantir sua saúde e à serviço da população.

Assim como as ações de venda de gás a preço justo mostraram em microescala, tentamos apresentar a seguir ideias que sob controle dos petroleiros (e não da administração Castello Branco e dos empresários) a Petrobrás poderia estar servindo para combater a pandemia do Covid-19 e estar à serviço de toda a população brasileira.

A FAFEN e as unidades sendo fechadas deveriam ser colocadas sob administração dos petroleiros para produzir insumos hospitalares a preço de custo!

Se em vez de fechar unidades, essas fabricas fossem colocadas para produzir sob administração dos próprios petroleiros, elas poderiam estar a serviço de garantir de abastecer hospitais e laboratórios, reagentes químicos uteis tento na higienização dos hospitais quanto para pesquisa sobre o vírus.

Distribuição de gás de cozinha em larga escala para a população!

A crise do coronavírus não é somente sanitária, mas também econômica. A população trabalhadora em diversas categorias tem enfrentado não somente condições insalubres de trabalho, mas também demissões sem garantias e medidas autoritárias nos seus locais de trabalhos (que se agravou com a MP da Fome de Bolsonaro). Nessas condições, colocar o funcionamento da Petrobrás para garantir o abastecimento da população com gás de cozinha pode fazer a diferença na vida de milhares de pessoas.

Recontratar os funcionários demitidos, garantir mesmos direitos para terceirizados para garantir as condições de saúde dentro da empresa!

É necessário recontratar todos aqueles que foram demitidos e dividir as horas de trabalho para que ninguém seja sobrecarregado em condições insalubres de trabalho, como jornadas extensivas e faltas de EPIs elementares como máscaras N95, álcool gel, entre outros. Também é necessário garantir condições sanitárias e de emprego a todos terceirizados, tal como os petroleiros e toda a população que segue trabalhando necessitam de testes para COVID, precisam de garantia de EPIs e condições sanitárias, todos aqueles que não são essenciais e sejam colocados em home office ou dispensados do trabalho, devem ter 100% de seus salários garantidos e garantia de emprego, essa exigência de iguais direitos é elementar para salvar vidas e parte de superar a divisão da classe trabalhadora, o que em nossa opinião passa por lutar para efetivar todos os trabalhadores terceirizados, já que são os que ocupam os postos mais precários e não recebem garantia alguma da empresa quando suas vidas são colocadas em risco (seja no caso de demissões, acidentes ou contaminação). Uma administração democrática pelos trabalhadores com comissões de saúde em cada local de trabalho pode garantir as condições de saúde dos trabalhadores em cada unidade, desde impor a disponibilidade de EPIs, como questionar a necessidade de manutenções não urgentes, como as refinarias que tem “paradas” agendadas, exigindo uma imensa concentração de terceirizados para serviços não urgentes, é preciso avançar a questionar a cada local de trabalho a programação operacional, é preciso produzir querosene de aviação, lubrificante, ou gás de cozinha, um debate que a partir de cada unidade é preciso começar a ser feito para poder reduzir a produção do que não for necessário para enfrentar a crise e assim também reduzir o número de petroleiros expostos.

Uma Petrobras 100% estatal à serviço da população e administrada democraticamente pelos petroleiros é mais necessária que nunca!

É criminoso em meio à essa crise dar continuidade ao fechamento de unidades, demissão de funcionários e avançar a privatização de uma empresa tão importante para as riquezas nacionais e que poderia ser uma das mais importantes para combater a pandemia e a recessão. Somente a ação dos trabalhadores, petroleiros e petroleiras, que pode dar uma resposta verdadeira à essa crise. A resposta da administração da empresa, bolsonarista, está a serviço de manter uma alta produção nas plataformas, deixar as refinarias e terminais transbordando em estoque para oferecer os estoques como garantia em empréstimos, se preocupam com lucros e não com a saúde de ninguém, nem evidentemente, com as riquezas nacionais que tão avidamente atuam para entregar ao imperialismo, como ficou claro desde a Lava Jato e atuação de cada ator do golpe institucional.




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