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REAJUSTE DOS COMBUSTÍVEIS | Petrobrás anuncia aumento do preço da gasolina em 6% e do diesel em 4%

quinta-feira 1º de outubro de 2015 | 00:00

A Petrobrás anunciou na noite desta terça-feira, 29, um reajuste nos preços da gasolina e do diesel, válidos a partir desta quarta-feira, 30. O preço da gasolina nas refinarias subirá 6% e o do diesel, 4%. Esse é o primeiro reajuste de preços nos combustíveis na gestão do banqueiro Aldemir Bendine , que assumiu a petroleira em fevereiro.

Ainda não há estimativas oficiais sobre o impacto do reajuste para os consumidores. O último reajuste de preços de combustíveis, anunciado em novembro pela ex-presidente Graça Foster, gerou, na época, impacto entre 2% e 2,5% nos preços da gasolina e diesel nas bombas.

De acordo com comunicado da empresa, os preços sobre os quais incidem o reajuste não incluem tributos federais, como Cide e PIS/Cofins. Isso significa que a alíquota dos impostos vai incidir sobre o novo valor, o que pode gerar um impacto maior na bomba de gasolina. Estes impostos são parte do ajuste fiscal de Dilma e Levy na tentativa de aumentar a arrecadação de impostos para cobrir o rombo nas contas públicas e pagar os juros da dívida externa aos bancos.

Ajuste na Petrobrás

A decisão foi tomada pela diretoria da empresa na noite desta terça-feira, após reunião em que a pauta principal foi a frágil situação financeira da estatal, agravada pelo efeito da valorização do dólar que atingiu R$4,00 nos últimos dias. Também foram analisadas propostas para novo corte de investimentos. Em junho, a companhia anunciou redução de 37% nos investimentos no período entre 2015 e 2019. Um novo corte, entretanto, não foi definido.

Os cortes nos investimentos (chamados de desinvestimentos pela estatal), são na verdade privatizações, com vendas de subsidiárias aos capitalistas estrangeiros. Parte desde pacote de ajuste na Petrobras, são milhares de demissões e cortes nos salários dos trabalhadores como já denunciamos em matéria de Leandro Lanfredi, veja aqui.

Reajustes e aumento na inflação

O reajuste, anunciado de surpresa, é uma tentativa de sinalizar ao mercado financeiro que a Petrobrás possui autonomia para definir sua política de preços. Analistas não esperavam um reajuste neste ano, apesar da fragilidade da companhia. Tanto é, que hoje, 30, o bolsa de valores já registra alta das ações da Petrobrás, um sinal claro de que os capitalistas (investidores) aplaudiram o aumento nos preços que são parte da política de ajuste na estatal, uma política que também é de cortes nos salários, privatizações e demissões.

O reajuste terá impacto direto na inflação para os trabalhadores. A projeção atual dos analistas ouvidos pelo Banco Central é de que a inflação feche 2015 em 9,46%. Os reajustes no preço dos combustíveis, gasolina e diesel, afeta diretamente e indiretamente, toda a população, novamente, os trabalhadores que ganham menos sofrerão mais. Com os reajustes nos combustíveis, toda a cadeia de transportes pode ter seus preços ajustados para cima, como transporte públicos e transportes de mercadorias, em especial para os transportes de produtos básicos como alimentos (cujo principal meio de transporte são caminhões que utilizam o diesel).

No dia 10 de setembro, a estatal perdeu o grau de investimento da agência de classificação de risco Standard &Poor’s, afetando seu acesso ao crédito no mercado internacional. Desde então, com o agravamento da crise política, a alta do dólar para acima dos R$ 4 agravou ainda mais a situação da petroleira, uma vez que 80% de sua dívida é cobrada em moeda estrangeira. As projeções indicam que a dívida da companhia pode ultrapassar os R$ 500 bilhões. Frente a este cenário, o que Bendine e Dilma planejam é que esta crise seja paga pelos trabalhadores da Petrobras efetivos e terceirizados e com aumento nos preços.

Petróleo mais barato e gasolina mais cara

O endividamento da Petrobrás aumentou ainda mais com a política de contenção de preços dos combustíveis para evitar o aumento na inflação, num momento em que o preço do petróleo internacionalmente ultrapassava US$100,00. Como o Brasil importa petróleo e derivados, como os combustíveis, cujos preços dependem da cotação do dólar em relação ao real e dos preços internacionais do petróleo, quando o petróleo fica mais caro, os derivados importados também aumentam de preço e para evitar o aumento nos combustíveis a Petrobrás comprava petróleo e derivados importados por um preço e os revendia às distribuidoras por outro preço, isto custou a empresa cerca de R$80 bilhões.

Ao longo deste ano, entretanto, com a queda à metade da cotação internacional do petróleo (que passou de US$ 103,00 em agosto de 2014 para os atuais US$ 48,00 em setembro deste ano), os combustíveis no País passaram a ser vendidos com preços mais caros do que em outros países.

Com a gasolina e o diesel (utilizado pelos caminhões, principal meio de transporte da produção dentro do país, e ônibus) cada vez mais caros nas bombas dos postos, a inflação seguirá em alta e este ônus que pagará são os trabalhadores, pois os empresários apenas repassam os reajustes, de modo a não afetarem seus lucros.

ESQUERDA DIÁRIO/AGÊNCIA ESTADO




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