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TRABALHADORES DA USP | Perseguição política na Faculdade de Odontologia da USP

quinta-feira 21 de maio de 2015 | 12:09

Entrevistamos Adriano Favarin, funcionário do Almoxarifado da Clínica Odontológica da Faculdade de Odontologia da USP e Diretor de Base do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP) sobre a ameaça de transferência que ele está sofrendo pela Chefia devido as suas atividades sindicais.

Esquerda Diário (ED): Na sua carta aberta você diz que seu Chefe o teria colocado à disposição alegando que suas atividades sindicais seriam incompatíveis com o seu trabalho na Clínica Odontológica. É isso mesmo?

Adriano Favarin (AF): Exatamente. Essa alegação, por si só, já representa todo um conteúdo autoritário e anti-sindical. Sem nem sequer buscar um diálogo ou mesmo saber como temos nos organizado em nosso setor de maneira a que as reuniões e tarefas sindicais não atrapalhem o funcionamento cotidiano do almoxarifado, o chefe já me chamou em sua sala e comunicou que estaria me colocando à disposição, pois tarefas sindicais não seriam compatíveis com o trabalho na Clinica Odontológica.

Porém, essa atitude da chefia tem um sentido mais de fundo. Fui parte ativa na greve de 118 dias dos trabalhadores da USP ano passado, nos organizamos para defender a Universidade do projeto de desmonte e privatização do Reitor Zago e do Conselho Universitário e chegamos a paralisar a Clínica Odontológica por completo denunciando não só a venda do Hospital Universitário para a Fundação Faculdade de Medicina, como também o processo de precarização do ensino e de aparelhamento da Fundação da Faculdade de Odontologia (FUNDECTO) sobre a Clínica Odontológica. Essa transferência então tem como objetivo retalhar os setores que estiveram na linha de frente da greve do ano passado e silenciar as denúncias das relações espúrias que ocorrem dentro da USP entre doutores, funcionários do alto escalão e a privatização da educação e da saúde, que permitem a existência de super-salários e fontes extras de acumulação de verba de fazer inveja a qualquer “Lava-Jato”.

ED: Você diz que essa ameaça de transferência tem como objetivo intimidar setores da linha de frente da greve do ano passado. Existem outros casos como esse?

AF: De ameaça de transferência de funcionário ainda é o primeiro que eu tenho conhecimento após a greve. Porém, não é coincidência que a Reitoria tenha reaberto os processos administrativos contra toda a Diretoria do Sindicato logo após a greve.

Também devemos lembrar que alguns Diretores tem tentado restringir a participação dos Diretores de Base nas reuniões mensais do Conselho Diretor de Base – CDB do Sindicato. A última veio do Diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), o Prof. Adorno, que queria se recusar a liberar os representantes dos funcionários ao 6º Congresso dos Trabalhadores da USP, inclusive a do Diretor do Sindicato, Bruno Gilga. Foi necessário os trabalhadores fazerem uma paralisação de 3 dias para que o Diretor recuasse. Não podemos perder de vista que as declarações do Reitor da USP, Zago, desde o ano passado tem sido no sentido de “acabar com a dinâmica de sindicalismo dentro da USP”. Isso não significa outra coisa que não seja endurecer contra a “velha guarda” do SINTUSP e contra os novos trabalhadores que foram linha de frente na greve e que têm sido parte ativa da recomposição sindical da categoria em confluência e aprendizado com essa “velha guarda”.

ED: Quais ações vocês estão tomando para reverter essa perseguição individual e se preparar para resistir a essa onda de ataques e repressão?

AF: Em primeiro lugar tornamos pública essa ameaça, discutindo com todos os trabalhadores da unidade o quanto esse ataque não significava apenas um ataque individual a mim, mas um impedimento ao direito constitucional de que qualquer trabalhador, independente do seu local de trabalho, possa exercer atividades sindicais. E nesse sentido, um assédio a todos os trabalhadores da Clínica Odontológica. Hoje estamos passando um abaixo-assinado entre os trabalhadores para demonstrar nossa ciência de que essa transferência representa uma perseguição política e de que não aceitaremos. Junto disso, meus colegas de setor esclarecem que minhas atividades sindicais nunca estiveram em contraposição com o meu profissionalismo e as necessidades do trabalho no setor. Por fim, está fresco na memória de toda a USP a importante paralisação de 20 dias que os trabalhadores da Prefeitura realizaram contra quatro chefes assediadores e perseguidores – com traços de homofobia e machismo – e que conseguiu afastar os quatro para a abertura de um processo administrativo contra os mesmos! Além dessas medidas no meu caso particular, a categoria estará discutindo hoje no Comando de Mobilização/ CDB, ações que busquem organizar a categoria na perspectiva de unificação com os estudantes e professores para enfrentar o projeto que a Reitoria tem implementado na USP e a repressão.




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