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GOVERNO TEMER | Perito Molina usa sua "técnica" para defender Temer

terça-feira 23 de maio de 2017 | Edição do dia

Em entrevistas Ricardo Molina, professor da Unicamp, auxiliar técnico contratado por Temer para averiguar a autenticidade dos áudios publicados que o incriminam de corrupção, utiliza de discurso técnico para tentar desqualificar a prova. Os argumentos de Molina centram na má qualidade da gravação, que tornaria a evidência "imprestável".

Acontece que a carreira profissional de Molina, da qual ele se enche de pompa para mencionar, é questionada por todos os lados, seja por peritos, técnicos, especialistas e, claro, a Polícia Federal que esta envolvida na investigação.

Primeiramente, não tenhamos dúvidas, obviamente não se trata de uma "opinião técnica imparcial". Afinal por que Temer pagaria a alguém para vir a público com uma "avaliação técnica imparcial" que poderia incrimina-lo no envolvimento de uma das mais escandalosas tramas de corrupção da política brasileira? Sejamos literais, Molina é o "técnico" contratado por Temer para tentar invalidar a principal prova de seu crime. A atuação de Molina durante a entrevista que foi transmitida e divulgada por inúmeros meios de comunicação foi um plágio daquela manjada cena das séries de TV e do cinema, quando a equipe jurídica do réu busca invalidar provas comprometedoras perante a corte. Trata-se de uma pitada How Get Way With Muder (Como Sair Impune de um Assassinato - série da Netflix) em meio a trama do House of Temer.

O argumento de Molina se baseia estritamente em ficar martelando repetidamente a baixa qualidade do áudio registrado, fazendo uma ligação direta entre qualidade e veracidade, cheio de termos semi técnicos e argumentos de autoridade. Durante a entrevista chega a dizer que é suspeito a "o preço do gravador utilizado", pois o portador do mesmo tinha dinheiro para comprar um gravador mais caro e melhor. No início da entrevista ele mesmo declarar que nem se atentou ao conteúdo do que estava sendo dito no áudio e que, em pleno século 21, em 2017, no "florescer das inovações tecnológicas", não é possível fazer uma transcrição eficiente do áudio. Não menos imparcial, mas com alguma coerência ao menos, a PF utiliza um argumento bastante razoável e óbvio para defender a prova: “O estranho seria uma ligação de Nextel sem interrupção” uma vez que utiliza sinal de rádio para comunicação.

O discurso tecnicista de Molina também serve para separar o áudio de todas as outras evidências que o circulam e trazem verosimilidade para a prova, como por exemplo o fato do próprio Temer ter assumido que ocorreu tal conversa. Um método antimaterialista e mecânico, que apenas comprovam ou sua incapacidade investigativa ou sua total parcialidade no caso, se não as duas coias.




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