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POEMA | Penúltimo pesadelo, já na madrugada do dia 30

terça-feira 13 de setembro de 2016 | Edição do dia

Inquietação Tédio Desilusão
Tomo um café, ando de um lado para o outro
A cabeça na parede, o dedinho na quina da cama
O espelho, xingo. A televisão, desligo.

Grito, é tudo mentira.

Respondem.

Na real, meia verdade
Meia mentira.
Metade contundência. Metade encheção de linguiça
Parte vendeta. Parte vendida
Um terço conduta, dois terços vazia

Um domador de leões não

Uma domadora de leões

centro do picadeiro nacional
A sua frente oitenta e uma feras
Um embate sem volta
Para além d’arena não há futuro

Sua esperança é que o tempo passe
Que as crianças um dia vão aos bares brindar
a vez que ela estralou o chicote
a vez que ela falou até ficar rouca
a vez que eles tiveram escutar
e a vez que eles fingiram ouvir

Sua esperança é tola
Atoa esta noite ninguém há de brindar
Obrigado domadora
Foi muito bom o espetáculo
Mas agora vou para fora
Fazer do palco, rua
Fazer da briga nua
norte convencido

...

Feras no meu caminho
Multidão, sem rosto
Com dentes de crise
Taxas sob os olhos econômicos
Unhas afiadas no estrangeiro
Rugem cinquenta e dois anos
Rugem cem anos
É o passado que ladra e quer morder

Tenho medo
Não tenho chicote
Tenho depois
Não quero antes
Tenho amores
Não admito sumiços

Sozinho eu não vou. Abandonada eu não consigo. Estou menor.
Eu preciso de ajuda. Vou se você for. Vamos todos?

Do outro lado há uma página em branco.


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Poesia    Cultura



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