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ATO 01/04 | Pelos direitos das mulheres o ato do 1/4 deve também ser contra o impeachment e a direita

Para construir um forte movimento de mulheres e LGBT que não permita nenhum retrocesso em suas demandas e vá por mais, as mulheres do Movimento Mulheres em Luta não podem vacilar sem se posicionar claramente contra o impeachment e as manobras reacionárias do judiciário que fortalece a direita mais conservadora do país.

Babi DellatorreTrabalhadora do Hospital Universitário da USP, representante dos trabalhadores no Conselho Universitário

quarta-feira 30 de março de 2016 | Edição do dia

Nas últimas semanas, o principal assunto que circula nos locais de trabalho, nas ruas, nos almoços em família, nos locais de estudo é a situação política e econômica que o Brasil vive. Faz parte da preocupação da maioria das pessoas entender e buscar se posicionar frente aos casos de corrupção, mas também a forma como está sendo conduzida a Lava Jato, as manifestações pelo impeachment e as que defendem a democracia e o governo. A direita hoje quer avançar mais contra os direitos dos trabalhadores, aprofundar ainda mais sua relação com o imperialismo, assim como avançar contra os direitos democráticos das mulheres, e achamos importante este debate para fortalecer a luta contra esta onda reacionária, que o governo do PT somente fortaleceu em 13 anos de governo.

O novo período aberto pelas manifestações da juventude em 2013 é marcado também pela luta em defesa dos direitos das mulheres e LGBT, como em 2015 pudemos ver a luta contra a PL 5069, um grande retrocesso na luta pelos direitos reprodutivos das mulheres. Para construir um forte movimento de mulheres e LGBT que não permita nenhum retrocesso em suas demandas e vá por mais, as mulheres da CSP-Conlutas e do Movimento Mulheres em Luta (MML) não podem vacilar em se posicionar claramente contra o impeachment que fortalece a direita mais conservadora desse país.

Sabemos que durante os 13 anos de presidência do PT, Lula e Dilma vem dando espaço à setores conservadores e de direita permitindo que se fortaleçam como opositores de novas conquistas nos direitos democráticos das mulheres, LGBT, negros e dos trabalhadores me geral. O PT assumiu a presidência garantindo à Igreja e à bancada religiosa que não legalizaria o aborto. Nomeou o religioso Marco Feliciano para Comissão de Direitos Humanos e Minorias e permitiu que impedisse a distribuição do kit anti homofobia para as escolas, aprofundando a realidade de um país ainda mais violento para homossexuais, transgêneros e travestis. Também em nome da governabilidade, chamou o movimento de mulheres governista a ser um mero instrumento de pressão nas ruas com o Fora Cunha enquanto Dilma fortalecia o conservadorismo no Congresso mas escondia que o presidente do PT em Roraima assinava a PL 5069.

Foi este governo que arrastou 12 mi de trabalhadoras e trabalhadores, em sua maioria negras, para a precarização e terceirização. Impôs às mulheres uma vida de agonia sem creches, com cortes na saúde e na educação. Mesmo com a Lei Maria da Penha, dez anos depois de entrar em vigor, e as mulheres continuaram morrendo pela violência machista. É, precisamente, Dilma que hoje quer que as mulheres se aposentem com a mesma idade que os homens sem considerar o desgastante trabalho que realizam em suas casas, com a Reforma da Previdência.

O Pão e Rosas há anos denuncia e combate qualquer ilusão de que uma mulher no poder significa um avanço nas demandas do movimento de mulheres e defende que a luta das mulheres é a luta de todos os trabalhadores através de seus métodos próprios, como greves, ocupações, fechamento de ruas. É com esses métodos que devemos combater o governo, e não o impeachment, que sempre foi uma manobra reacionária da burguesia e que agora se apresenta de uma forta a fortalecer ainda mais os partidos da direita. Estes que historicamente no nosso país contribuíram, e muito, para a retirada de direitos, foram os precursores da terceirização e aumento da flexibilização de direitos trabalhistas.

Os empresários e a direita que hoje disputam a liderança para aplicar os ataques contra os trabalhadores e a juventude fazem isso através do impeachment, um mecanismo antidemocrático e reacionário, como desenvolvemos aqui e outras medidas jurídicas que constituem um golpe institucional, como a cassação da chapa Dilma-Temer pela via do TSE, que significará maior avanço desta direita para atacar os setores oprimidos e retirada dos direitos democráticos.

Entendemos que a agitação de "Fora todos" e "eleições gerais" do qual o PSTU está defendendo no MML, na Conlutas e no Espaço de Unidade e Ação é equivocado, pois na prática acaba por afirmar que a derrubada de Dilma pela via do mecanismo reacionário do impeachment levaria a um suposto governo mais frágil, sendo "favorável" para o conjunto dos trabalhadores, não se contrapondo ao impeachment, nem se diferenciando da direita,ficando ainda por dentro dos estreitos limites deste mesmo regime. Por acreditarmos ser fundamental se posicionar perante o impeachment neste momento de extrema polarização política, acreditarmos que não colocar este debate seria deixar de se enfrentar com a ilusão de que se possa combater o governo e os ajustes com a ajuda e o fortalecimento da direita, da política, do judiciário, de figuras como Sergio Moro, e com o uso de medidas autoritárias como o impeachment, e oferecer uma alternativa para os trabalhadores e jovens que querem lutar contra essas medidas, que reconhecem seu caráter autoritário e o reacionarismo da direita que patrocina o impeachment, e que estão tendo sua disposição de luta sequestrada pelo governismo.Por tudo isso reafirmamos que é preciso, no ato de 1º de abril, o Movimento Mulheres em Luta e a CSP-Colutas incorporar como um dos eixos do ato, expresso nas faixas unificadas, um claro posicionamento contra o impeachment da direita e todas medidas jurídicas reacionárias e os ataques do PT.




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