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TRANSPORTE PÚBLICO | Pela união entre rodoviários, juventude e população em Porto Alegre

terça-feira 7 de março de 2017 | Edição do dia

Um misto de alívio e tristeza se multiplicava nesta segunda-feira em uma garagem de ônibus na zona sul, enquanto alguns pegavam seus contra-cheques e sentiam o alívio de por mais um mês terem o seu emprego, outros marejavam os olhos enquanto saíam da sala das chefias, prenunciando um adeus melancólico enquanto rumavam a um futuro desconhecido entre os mais de 12 milhões de desempregados já existentes no país. Não haverá empregos para todos estes enquanto o capitalismo privar milhões do pouco pra conservar concentrada a riqueza de alguns.

Assim, às vésperas de um aumento de tarifa, que pode chegar a até R$4,20 que já garante o prefeito, mesmo sem o estudo/acompanhamento, ou uma posição definitiva sobre a planilha tarifária que Marchezan havia solicitado do TCE, empresas demitem sem dó por toda a cidade, mais trabalhadores eram obrigados a pagar por uma crise que alegam as empresas de transporte.
Nesta garagem da zona sul, da qual faço parte, via a angústia de trabalhadores enquanto esperavam tensos o momento de encarar a chefia, para dali a alguns minutos saber qual seria seu destinos. Nem toda sorte tiveram alguns trabalhadores que enquanto ouviam argumentos já tão batidos quanto inúteis, liam sobre a mesa da chefia o seu nome abaixo do garrafal "aviso prévio", sem contar as inúmeras "justas causas", em que jogam o peão na rua sem direito algum, obrigando muitos, já vencidos pela necessidade e a demora na espera, a acatar qualquer tipo de acordo na justiça. E tudo isso com a total anuência do sindicato que finge não ver o que se passa em sua base.

Assim, desde ano passado, ainda que em menor escala, e agora de forma intensa, empresas que alegam crise fazem uso do que chamam de termo de ajustamento de contrato, onde ajustam o lucro demitindo trabalhadores e deduzindo linhas e horários. Perdem todos, exceto o patrão. Pois aos que não perdem o emprego, resta a sobrecarga de trabalho, e aos usuários uma oferta menor e uma tarifa maior.

Oras, mas de que crise falam? Da crise que a sociedade vem carregando nas costas enquanto a burguesia só sabe reclamar e atacar o peão? Ou aquela em que as empresas põe tudo que querem em seus murais e tentam nos fazer acreditar ser verdade?

Se acredito na crise? Sim, e muito, sinto ela na fila do pão enquanto conto os trocados, na crise que impõe aos meus irmãos trabalhadores que se vêem a cada dia mais desfasados em seus salários e sem perspectivas de alavancar uma resistência por medo do desemprego que os ronda.

A crise que vc diz ser sua mas nos faz pagar, esta eu não creio patrão. Não me faça acreditar que empresas que a mais de 50 anos comandam o setor de transporte da capital, que ganham isenções de todo tipo, como agora o ISSQN até 2018, o PIS e COFINS em 2013, passem agora a dizer que habitam na dificuldade. Vc não comprova nada, não se faz entender e nem mostra em detalhes as contas de suas empresas, o quanto pagam no pneu no litro do diesel, o quanto rodam com isso, e tantos outros cálculos que só sabemos por alto. Afinal, onde ficam as notas de tudo? Quem fiscaliza com exatidão?

Notem que uso uma garagem como exemplo do que vem acontecendo em toda a cidade. Empresas e sindicato empurram as pressas e de forma traiçoeira um dissídio rejeitado em assembleia pela categoria, enquanto noutro lado empresas e prefeito já agem na redução de horários e aumento de tarifa. Enquanto um grupo de rodoviários, somados a força de um setor de estudantes, denunciavam o que agora já é real, pessoas ligadas aos patrões nos chamavam de loucos, e a mim pediam camisa de força, tamanha a loucura naquilo que estavámos dizendo, mas que agora é fato em andamento e com tendência a piorar.

Pois então sejamos todos loucos, unimos a juventude da cidade, os servidores do município, os rodoviários e toda população usuária do transporte nessa luta contra uma burguesia que tem tentado contra a tranquilidade do povo trabalhador desta cidade ao longo de décadas, governo após governo. Avante camaradas.




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