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GÊNERO E ANTIRRACISMO | Pela igualdade salarial entre negras e brancas, homens e mulheres

O dia internacional da mulher, oito de março, foi marcado por uma pandemia que assola todo o globo, pois em várias partes do mundo as mulheres estão na linha de frente em combate à Covid -19 e expostas ao vírus. Diante da crise sanitária e econômica as mulheres também são as mais atingidas pela exploração e opressão capitalista. Há diversas pesquisas que apontam o aumento da precarização do trabalho feminino, como a ausência de direitos e a desigualdades salarial. Além do fato de que a violência doméstica bateu recordes durante a pandemia. Essa é a realidade que o capitalismo impõem especialmente às mulheres, negras, pobres e da classe trabalhadora.

terça-feira 9 de março de 2021 | Edição do dia

No Brasil as mulheres negras ganham 60% a menos que os homens brancos. Esse dado vem da pesquisa feita pela Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico, que divulgou um ranking com os países com os maiores índices da desigualdade salarial. Nessa pesquisa, o Brasil e o Chile ficaram em primeiro lugar. O Chile era o país exemplo da privatização do neoliberalismo, porém ao mesmo tempo foi palco de ensaios de lutas importantes nos últimos anos, enquanto o Brasil é um país marcado por séculos e séculos de escravidão que subjugaram e super exploraram os negros e negras, principalmente as mulheres negras. Esses dados mostram o que existe de mais cruel no capitalismo contra os setores mais oprimidos da classe trabalhadora.

O mês de março deste ano é marcado por várias datas emblemáticas e importantes. Nesta terça-feira (8) foi o dia internacional da mulher, dia esse marcado por importantes lutas onde as mulheres foram a linha de frente. No dia 14 de março completará três anos do cruel assassinato de Marielle Franco e seu motorista, Anderson. Marielle, mulher negra, favelada e LGBT foi brutalmente assassinada, sendo que até os dias de hoje esse crime segue sendo uma ferida aberta do golpe institucional e continua sem nenhuma resposta sobre quem foram os seus verdadeiros mandantes. Além disso, março também é marcado pelo ano que o país parou por conta da pandemia, há exatamente um ano o Brasil e o mundo foram marcados pela crise sanitária aberta até os dias de hoje.

Junto com a pandemia a crise econômica, que já estava aberta muito antes do vírus se alastrar no mundo, aprofundou ainda mais a exploração e a opressão contra as mulheres negras e pobres. Em diversas partes do país o desemprego aumentou drasticamente nessa pandemia e lançou milhares e milhares de mulheres ao desemprego e ao trabalho informal. Se a desigualdade salarial entre negros e brancos, homens e mulheres e entre mulheres negras e homens brancos existia antes da crise sanitária, a soma da crise sanitária e da crise econômica combinada com todas as mazelas do capitalismo aprofundou ainda mais a desigualdade salarial no país, e são as mulheres negras diante de todo esse cenário as principais atingidas, o que mostra muito claramente a relação do racismo e capitalismo na relação do trabalho e no cotidiano de vida dessas mulheres trabalhadoras.

Nesta pandemia ficou claro aos nossos olhos que as mulheres ocupam os postos de trabalhos mais precários e são as mais expostas ao vírus, devido ao aumento do desemprego as redes de aplicativos tiveram lucros exorbitantes durante todos esses meses de pandemia, enquanto os donos da Rappi, Uber Eats, Ifood e outros aplicativos estavam seguros do coronavírus em suas casas, milhares e milhares de trabalhadores pelo mundo estavam expostos ao vírus, entre eles centenas e centenas de mulheres trabalhando em aplicativos. Além dos aplicativos, muitas mulheres dos serviços terceirizados foram obrigadas a trabalhar sem ter minimamente seus direitos garantidos, as mulheres trabalhadoras dos serviços de limpeza nos seus postos de trabalhos foram negadas de serem vacinadas. Essa é a realidade que o capitalismo impõem para as mulheres trabalhadoras que representa um conjunto significativo de nossa classe.

Dentro dessas circunstância principalmente nesse governo negacionista de Bolsonaro, que por diversas vezes deixou explícito seu machismo e misoginia contra as mulheres trabalhadoras, é preciso defender que a luta das mulheres não esteja separada do conjunto da classe trabalhadora, que precisamos sim lutar por todos os direitos da mulheres, mas que essa luta não se separe do combate ao regime do golpe institucional de 2016 e que nossas forças seja depositadas na auto organização dos trabalhadores e não no congresso ou judiciário, porque ambos divergem entre si, mas na prática atuam contra nós.




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