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DESEMPREGO | Pedreiros sem trabalho se reúnem diariamente na "esquina do desemprego" no centro do SP

Trabalhadores da construção civil desempregados se reúnem diariamente na esquina das ruas Barão de Itapetininga e Dom José de Barros, no centro de São Paulo, na esperança de alguma obra que pague as suas contas no final do mês. As oportunidades de emprego são cada vez menores e as perspectivas para esses homens cada vez mais distantes.

quinta-feira 31 de agosto de 2017 | Edição do dia

Um pedreiro desempregado resume o que pensa sobre a esquina do desemprego no centro de São Paulo: "Olho para nós, para cada um esperando por uma obra, e lembro daquela letra dos Racionais: ’Aqui tem um coração ferido por metro quadrado’".

O trecho da música fala sobre o Capão Redondo, na zona sul da cidade, mas os corações também estão partidos e em busca de uma perspectiva de salvação na esquina das ruas Barão de Itapetininga e Dom José de Barros, onde toda manhã, dezenas de trabalhadores desempregados da construção civil se reúnem na esperança de alguma obra que pague as contas do mês.

Esses trabalhadores, muitos já com mais de 40 anos, tiveram pouco acesso aos estudos e educação formal, a maioria sequer teve oportunidade de terminar o ensino fundamental. Grande parte saiu há décadas de Minas Gerais, do Norte e do Nordeste e vieram tentar a vida em São Paulo.

Em outros tempos as oportunidades eram maiores, o mesmo trabalhador explica "Uns anos atrás, a gente vinha aqui e não demorava em conseguir emprego, patrão buscava pedreiro nessa rua. Parava ônibus para levar peão". Ele continua, dizendo que conseguiu se dar bem no início, mas revela uma visão crítica de sua trajetória. Saiu do norte de Minas, onde deixou dois filhos, viveu de bicos, trabalhos precários, por uns tempos caiu no excesso de bebida para suportar a vida dura que levava, e, agora, despencou na crise econômica. Hoje, vai diariamente à esquina do centro a espera de alguma oportunidade de trabalho. Ele prefere não revelar seu nome por medo de ser reconhecido pelos parentes: "Eu moro num albergue, almoço no Bom Prato (restaurante popular que cobra R$ 1 por refeição). O trem está ruim para qualquer lado que eu pego", diz, emocionado. "Você quer que minha filha me veja assim, fodido e mal pago?"

Infelizmente essa é a realidade de muitos trabalhadores brasileiros. Na semana passada, o IBGE enumerou essa queda do trabalho sentida por esses pedreiros sem emprego: no segundo trimestre de 2017, a construção civil cortou 683 mil vagas no Brasil em relação às que existiam no mesmo período do passado - nos primeiros três meses, foram fechadas outras 719 mil. Hoje, o setor tem 6,7 milhões de trabalhadores - no final de 2013, eram 8,1 milhões. No total, o Brasil tem cerca de 14 milhões de desempregados.

"Os empregos saíram daqui e fugiram para longe", diz o pintor Aristides dos Santos, de 42 anos, desempregado desde 2016. "Eles não foram para longe, não, foram é para lugar nenhum", corrige.

Num cenário em que as taxas de desemprego estão altíssimas, os trabalhadores são obrigados a passar horas à procura de emprego, e inclusive passar a madrugada em filas por uma oportunidade de emprego por todo o país. Enquanto isso o governo de Michel Temer aprova a lei da terceirização, na prática significa menores salários, menos direitos e estabilidade, e maior rotatividade; a reforma trabalhista, que significa retroceder em direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores através de muita luta; e quer aprovar a reforma da previdência para descarregar o peso da crise ainda mais nas costas dos trabalhadores, já que se hoje com a enorme quantia de trabalho informal sem carteira assinada já existem muitas dificuldades para que o trabalhador se aposente com uma pensão digna, se a reforma for aprovada os trabalhadores e a juventude serão obrigados a trabalhar até morrer sem direito à aposentaria e a velhice digna.

É por isso que precisamos retomar o caminho da greve geral e com a força da nossa luta impor uma nova Assembleia Constituinte, que seja Livre e Soberana, e capaz de mudar as regras do jogo e não apenas os jogadores, uma constituinte capaz de revogar todas as reformas antipopulares, colocar fim aos privilégios dos políticos que os mantém afastados das condições de vida do conjunto da população, e estabelecer uma escala móvel das horas de trabalho sem redução dos salários, dividindo, assim, todo o trabalho disponível por todos os trabalhadores disponíveis, sem deixar nenhum trabalhador sem emprego e sem condições de sustentar sua família, impondo, dessa forma, que a crise seja paga por quem a gerou, ou seja, os grandes capitalistas. Nossas vidas valem mais que o lucro deles!

Com informações de UOL Economia




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