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CRISE GREGA | Parlamento grego vota memorando, entre protestos e greves de empregados públicos

O parlamento grego votará hoje o programa acordado pela Troika e Tsipras, que inclui duríssimas medidas de ajuste. Ante ao rechaço de uma parte dos deputados do Syriza, o acordo terá que ser aprovado com votos da oposição da direita. Trabalhadores públicos convocam hoje greve geral.

quarta-feira 15 de julho de 2015 | 01:17

O parlamento grego deve dar luz verde esta quarta-feira ao primeiro pacote de medidas e, na próxima semana, a um segundo pacote para que seja possível iniciar as negociações sobre o terceiro resgate. Está foi uma das exigências da Troika, em função das quais o governo de Tsipras deverá votar um programa contrário a tudo o que prometeu quando chegou ao governo há 6 meses.
Em uma entrevista à TV aberta, Tsipras afirmou que fará o que puder para “manter a unidade do Syriza e o grupo parlamentário”, mas ressaltou que “cada um arcará com sua responsabilidade”.
A respeito de como a aprovação das medidas com os votos da oposição conservadora afetará a estabilidade do governo, o primeiro ministro disse que o país está em “condições que não são normais” e que não pode repreender a ninguém por seu comportamento, ao mesmo tempo que reafirmou suas posições.
“Depois de cinco meses não permitirei que alguém me diga que o que eu disse não está nos marcos dos valores da esquerda”, sublinhou. Algo um pouco difícil de sustentar diante do novo memorando firmado com a Troika que se presta a implementar.
Tsipras assegurou que “assume sua responsabilidade por ter aceitado um acordo em que não crê”, mas destacou que fará o possível para “colocar em prática” as medidas acordadas e que não pretende convocar eleições até que haja acordo sobre o terceiro resgate.
Na terça pela manhã, Tsipras teve uma reunião com a bancada parlamentar do Syriza, e durante todo o dia surgiram declarações de deputados da ala de esquerda dessa organização anunciando que votaram contra o acordo.
Em uma declaração de Panagioti Lafazanis, ministro de Reconstrução Produtiva, Meio Ambiente e Energia, publicada na terça 14 de julho, o representante da plataforma de esquerda dentro de Syriza disse que o acordo é “inaceitável”.
“Os chamados sócios e em primeiro lugar Alemanha, se comportaram como se o nosso país se fosse sua colônia, e como chantagistas brutais e ‘assassinos financeiros’”. Ao mesmo tempo, chamou o Primeiro Ministro Alexis Tsipras a retirar o acordo e não apresenta-lo a votação no parlamento.
Lafazanis é um dos trinta deputados do Syriza – no total são 149 – que não aprovaram na semana passada no Governo um mandato para as negociações em Bruxelas, a maioria deles mediante abstenções, ausências e dois com votos contra.
A situação não é estável dentro do nacionalista Gregos Independentes, um partido aliado do governo.
Seu líder, Panos Kamenos, tem mostrado seu respaldo ao Executivo para a votação, mas assegurou que seu partido votará contra “aqueles pontos” que não tiveram sido acordados no parlamento na semana passada”.
Nestes dias se especula sobre as opções de Tsipras; uma troca de gabinete expulsando os críticos, a convocatória de eleições antecipadas, ou um “governo de unidade nacional”.
Sobre a criação de um governo de unidade nacional, em sua entrevista, Tsipras considerou que não é o momento de mudar de estratégia, ao mesmo tempo que descartou adiantar as eleições pelo menos até conseguir pactuar o terceiro programa de resgate.
“Não tenho razões para convocar eleições, depende do que acontecerá no meu partido, no nosso parceiro [de governo]”, disse Tsipras, que acrescentou que sua prioridade agora é “conseguir um programa” e, então, “teremos um tempo para conflitos internos e com a oposição”.
O conservador Nova Democracia, o partido liberal de centro To Potami, e o social-liberal Pasok já expressaram seu apoio ao acordo.
O acordo, que inclui reformas do IVA e aumento de impostos; recortes no sistema de pensões; reformas na administração judicial e cortes orçamentários; um ambicioso programa de privatizações e mais concessões, além do controlo estrito da Troika sobre o país, é uma capitulação completa do governo de Syriza antes aos credores.
Para esta quarta-feira, uma greve de 24 horas foi convocada pela conferência de sindicatos do setor públicos (ADEDY), para manifestar-se contra o pacto. Está é a primeira vez que se organiza uma paralisação sob o governo de Syriza, e anunciaram apoio aos funcionários da administração local os enfermeiros e o pessoal administrativo dos hospitais, assim como aderiram também os farmacêuticos.




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