×

1 ANO SEM MARIELLE | Paralisações do Serviço Social e Geografia da UERJ mostram caminho da luta por justiça à Marielle e contra os ataques

Dia 14/03 completou-se um ano do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson, com manifestações pelo país. Na UERJ, os estudantes do Serviço Social e da Geografia deram um exemplo, paralisando as aulas. Apontaram o caminho pois só com a força da mobilização vamos impor justiça por Marielle. Exigiram também investigação independente. Fizeram assembleias de base com dezenas de estudantes que foram sujeitos de votar e construir as paralisações levando ao festival na Cinelândia um importante bloco de estudantes. Estas ações surgiram a partir do chamado da gestão Por isso me grito do CASS, composta pelo MRT, Pão e Rosas e independentes, que foi parte do bloco na Cinelândia.

Isa SantosAssistente social e residente no Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ

Samyr RangelProfessor de Geografia no Rio de Janeiro

domingo 17 de março de 2019 | Edição do dia

No Serviço Social a assembleia que votou paralisar o curso reuniu mais de 80 pessoas, com a presença importante de muitos calouros.

Serviço Social da UERJ vota por unanimidade paralisação por justiça a Marielle no dia 14/03

Ao final da assembléia, os estudantes fizeram um video-chamado.

O Centro Acadêmico de Serviço Social (CASS), Gestão “Por isso me grito”, que no dia 15 de fevereiro soltou um chamado de paralisação a toda universidade, organizou passagens em sala, confecção de materiais para o ato e uma paralisação efetiva que resultou num bloco. Um curso majoritariamente feminino, negro, que expressou sua força nos métodos de luta de um movimento estudantil combativo.

O CASS fez o chamado a todos os CAs e ao DCE paralisarem, e teve uma resposta muito positiva do Centro Acadêmico Josué de Castro da Geografia (CAGEO), que atendeu ao chamado do CASS e também construiu uma importante reunião de base deliberativa que votou a paralisação e formou uma comissão de mobilização para garantir a paralisação das aulas e a ida de dezenas de estudantes à manifestação, que teve um grande protagonismos dos calouros.

Junto aos estudantes do Serviço Social e da Geografia, estudantes do curso de letras e de história também se somaram ao bloco na Cinelândia com o sentimento de que é preciso se mobilizar. Também compunham o bloco o MRT, o Pão e Rosas, a Faísca e diversos estudantes da UFRJ, PUC, UFF, Unirio, secundaristas, jovens trabalhadores, professores e trabalhadoras da saúde.

Integrantes do CASS foram na assembleia de professores convocada pela Asduerj, no dia 26/02, fazer um chamado para que os professores também paralisassem no dia 14/03. Mas não foi pauta da assembleia e não teve nenhum debate organizado pela ASDUERJ posteriormente em torno desta proposta. Mas alguns professores expressaram total apoio à iniciativa do centro acadêmico, como os professores do curso de Serviço Social, Elaine Bering e Felipe Demier.

Na UERJ, já há mais de um mês, nós do MRT, que estamos junto a estudantes independentes no CASS e CAGEO e que construímos também o grupo de mulheres Pão e Rosas, a Juventude Faísca e o Quilombo Vermelho junto à dezenas de independentes no Rio de Janeiro e também impulsionamos o Esquerda Diário, viemos junto a base do curso, através do Centro Acadêmico do Serviço Social, fazendo um chamado em primeiro lugar ao DCE da Universidade, dirigido pela majoritária da UNE (PCdoB, PT e LPJ) para assumir sua responsabilidade enquanto entidade e organizar através de reuniões de base e assembleias uma grande paralisação de toda a UERJ para que os estudantes tivessem participação massiva no dia 14/03.

Depois de votada a paralisação do Serviço Social, o DCE (PT, PcdoB, Levante, Marighella) publicou em sua página uma mensagem de apoio, mas consideramos que era preciso, e possível como se mostrou no Serviço Social e na Geografia, que tivesse feito assembleia para organizar os estudantes na base e que a UNE organizasse por todo Brasil a partir das entidades estudantis, paralisações ativas nas universidades.

A luta por justiça à Marielle, precisa da força que só a organização pela base, dos estudantes junto aos trabalhadores, pode proporcionar para que possa se avançar numa mobilização que imponha ao Estado uma investigação independente que tenha participação de grupos de direitos humanos, coletivos de negros, sindicatos, e que possa de fato responder quem foram os mandantes do crime.

Por isso havíamos feito esse chamado a todas as entidades estudantis, primeiramente as entidades da UERJ que são em sua maioria dirigidas pelas correntes que compõem o DCE e que não responderam ao chamado do CASS, e sindicatos nacionalmente para que tornasse a luta por justiça à Marielle em um dia de mobilização ativa com paralisações por locais de trabalho e estudos.

Infelizmente essa também não foi a posição do PSOL que no Rio de Janeiro e nacionalmente tem parlamentares, dirigem sindicatos e entidades estudantis e poderiam ter feito a diferença para que fosse um dia não apenas de homenagens e manifestações culturais, mas também de luta ativa com paralisações e atos combativos de rua em uma grande marcha, que expressasse a revolta e indignação.

Apenas assim poderemos enfrentar o Estado e sua impunidade, garantir justiça por Marielle e uma investigação independente, além de lutar contra o pacote do Sergio Moro que significa mais repressão para a juventude negra e os políticos que riem do brutal assassinato político de Marielle, como a família Bolsonaro, o Witzel e seus deputados, que são os mesmos que querem descarregar a crise nas costas da juventude pobre e negra e da classe trabalhadora.

A importância da paralisação nesses dois cursos é porque mostra o caminho também para enfrentar os ataques que virão como a reforma da previdência. Dia 22/03 terá um dia de atos contra a reforma da previdência convocados pelas centrais sindicais, e na assembleia do Serviço Social também foi votado um indicativo a paralisação nesse dia. No entanto, pelo país as centrais e entidades estudantis, incluindo o DCE da UERJ, não estão fazendo uma construção efetiva de um dia de luta. É fundamental organizar a luta contra a reforma da previdência pois somos a juventude que não vamos aceitar trabalhar até morrer!

Por isso devemos seguir exigindo que o DCE coloque suas forças para convocar uma assembleia geral que discuta a mobilização contra a reforma da previdência e os ataques a universidade. Uma assembleia que seja ampla e efetivamente construída, onde os estudantes possam debater suas posições e tirar um plano efetivo de ações para enfrentar o governo Bolsonaro e seus ataques. Devemos exigir que as centrais sindicais como a CUT e CTB, dirigidas pelo PT e PcdoB, rompa a trégua com o governo Bolsonaro. E também organizem nas bases assembleias que possam organizar um plano de luta contra a reforma da previdência e por justiça à Marielle.

O assassinato de Marielle Franco, e sua não solução, representam uma ferida que segue aberta desde o golpe institucional, e que em cada episódio de ataque às liberdades democráticas mais elementares, volta a sangrar. Cada ataque contra nossos direitos sociais mínimos, como o de não trabalhar até morrer, como quer o governo Bolsonaro e toda a corja golpista faz a ferida pulsar. É por isso que a luta por justiça merece ser forte, merece ser organizada, é pela Marielle e sua memória e também por nossas vidas, de jovens e trabalhadores, mulheres, negros, pobres que construíram com muito sangue e suor esse país e tem força para transformá-lo.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias