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MOBILIZAÇÃO UNICAMP | Paralisação histórica nos cursos da saúde da Unicamp demonstram força da luta!

No dia de ontem, a Unicamp amanheceu explodindo mobilização. Além de quase todas as engenharias e cursos de exatas paralisados desde segunda-feira, se juntando aos demais institutos em greve, os quatro cursos da área da saúde do campus Barão Geraldo da Unicamp pararam e realizaram um dia histórico de mobilização!

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

terça-feira 24 de maio de 2016 | Edição do dia

Os cursos de Fonoaudiologia, Farmácia, Enfermagem e, pela primeira vez em muitos anos, com uma assembleia de mais de 350 estudantes, a Medicina paralisaram suas aulas com radicalidade, piquetando corredores, salas e laboratórios a partir das 7h da matina enquanto acontecia um café da manha coletivo. Em seguida, concentraram-se para sair em ato até o Hospital das Clínicas. Aos gritos de que a saúde não é mercadoria, buscavam informar e dialogar com a população usuária do hospital, fazendo falas e panfletando sobre a situação dos cursos da saúde, e também sobre como os cortes afetarão diretamente o HC e o seu funcionamento.

(Ato organizado por estudantes da saúde paralisados)

Aproveitaram o momento para convidar a população para participar de uma aula pública com o médico sanitarista Gastão Wagner, professor da Faculdade de Ciências Médicas, um dos principais idealizadores do Sistema Único de Saúde (SUS), para debater a questão da saúde pública e da saúde coletiva e sua precarização a nível nacional e estadual, propondo a reflexão do como os estudantes da medicina se encaixam nesse debate e podem responder a essa realidade.

(Gastão Wagner fala em defesa da saúde pública em aula pública na Unicamp )

Encerrada a aula pública, os estudantes decidiram seguir em ato até a reitoria ocupada da Unicamp, onde realizaram uma roda de conversa com centenas de estudantes da saúde para debater Educação. A discussão foi bem ampla, com falas que relatavam a precariedade dos cursos da saúde, como exploração dos estagiários internos durante seus plantões e casos de racismo na relação professor-aluno, mas que também refletiam sobre a precarização da educação estadual e nacionalmente ligada à precarização na saúde.

(Roda de conversa dos estudantes da área da saúde sobre educação em frente à reitoria)

(Estudantes de Medicina da Unicamp falam sobre mobilização histórica no curso )

Os militantes da Faísca foram convidados para realizar uma fala relatando a experiência que tiveram quando participaram das ocupações de escolas em São Paulo no final de 2015. Através da fala de Ítalo Gimenes, expressaram muito o que tem sido o fenômeno da juventude se colocando muito enquanto um sujeito político que quer responder à realidade do país, que teve inicio em 2013 e passou a se consolidar com a luta dos secundaristas iniciada em 2015, mas que também começa a marcar presença na luta universitária através de todo o país, especialmente no estado de São Paulo.

(Intervenção de Ítalo da Faísca em atividade de paralisação da saúde na Unicamp)

Depois do almoço, os estudantes da Medicina realizaram grupos de discussão, cada um com um dos temas da paralisação do seu curso, que eram: cotas, permanência, saúde estudantil e transparência, que contaram com a participação de membros da Frente Pró-Cotas e do coletivo Transparência Unicamp. Foram espaços muito cheios, como todos que aconteceram ao longo do dia, com cerca de 200 estudantes participando ativamente em cada uma das atividades, o que mostra o espírito de mobilização muito vivo e histórico para a universidade especialmente nos cursos da saúde, expresso muito profundamente em uma de suas frases “A mão que cuida também luta”.

O objetivo dos grupos de discussão era de não só de desenvolver as pautas da paralisação, mas de desenvolverem as demandas específicas do curso de Medicina, como a condição de exploração dos internatos (estudantes em estágio obrigatório de plantões), que exercem muitas vezes a função de um funcionário que deveria ser contratado, mas não recebe direito algum, nem mesmo um salário ou uma bolsa, pelo contrário, perdem as bolsas auxílio da Unicamp durante essa disciplina, que inclusive não permite faltas. Não obstante, alguns estágios tem que ser cumpridos em um hospital de Sumaré que a Unicamp tem convênio, mas não é oferecido transporte para os estudantes. Outra demanda é a por materiais médicos, os quais são exigidos que os estudantes comprem para certas disciplinas. Após os GDs, foi realizada uma assembleia da Medicina para deliberar sobre as propostas de pauta que surgiram desses espaços, que também deliberou por uma assembleia na próxima terça-feira para discutir quais os próximos passos da luta dos cursos da saúde na Unicamp

(Assembléia lotada dos estudantes de Medicina)

A mobilização histórica dos estudantes da saúde da Unicamp foi apaixonante e nos inspira a incendiar nossa luta pela educação. O nível de mobilização e discussão deles demonstrou que o movimento na universidade crescendo muito, acumulando forças para batalhas que transcendam às demandas da própria universidade. A unificação com os demais lutadores pela educação do estado de São Paulo, mas também do Brasil, sejam eles secundaristas, funcionários, professores da rede ou universitários, é a única forma dos estudantes se preparem para essa batalha pela educação e contra todos os governos que a atacam com uma greve geral muito poderosa!




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