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MOVIMENTO DE MULHERES | Pão e Rosas lança campanha pela efetivação imediata de todas terceirizadas

Através de cartazes com as frases “A precarização tem rosto de mulher, mulher negra, boliviana, haitiana” e “efetivação imediata de todas trabalhadoras terceirizadas” e com imagens de mulheres, o objetivo da campanha é denunciar a precarização do trabalho que tem rosto de mulher e oferecer uma alternativa para os milhares de trabalhadores terceirizados do país para lutar em defesa do seu emprego através da efetivação imediata, questão que o grupo de mulheres Pão e Rosas vem defendendo há muitos anos.

terça-feira 23 de junho de 2015 | 00:01

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No contexto de retiradas de direitos da classe trabalhadora, as mulheres fazem parte dos setores que mais sofrerão as consequências das medidas provisórias 664 e 665 do governo Dilma e com o PL 4330, que amplia a terceirização para as atividades fins. É importante ressaltar que antes mesmo dessas políticas, as mulheres sempre tiverem em condições mais precárias de trabalho, e apesar de ser central a luta contra o PL 4330, a terceirização já existe há 30 anos introduzida pelas políticas neoliberais que foram aprofundadas nesses 12 anos do governo do PT.

Um dado que denuncia esta realidade é que em 2004 haviam 4 milhões de terceirizados no Brasil e em 2012 esse número foi para 12 milhões, e 70% dos postos de trabalho terceirizados são ocupados pelas mulheres.

Silvana Araújo, trabalhadora que foi linha de frente da greve das terceirizadas da empresa de limpeza Dima, que prestava serviço para a USP, e militante do Pão e Rosas, fala sobre a importância desta campanha. “O grupo de mulheres Pão e Rosas sempre deu centralidade para a luta contra a terceirização, e sempre reivindicamos os mesmos salários e direitos através da efetivação sem concurso público no caso do funcionalismo público e sem processo seletivo no caso das empresas privadas, pois muitas terceirizadas trabalham em condições precárias já há 10, 12, 15 anos na mesma empresa e local, mas não têm o direito de usufruir dos mesmos direitos de uma trabalhadora efetiva. Algumas pessoas dizem que é ilegal a ’incorporação imediata’, então o que acham das empresas colocar a gente pra trabalhar sem ter onde almoçar, descontar nosso ticket mesmo com atestado médico, nos forçar trabalhar até não ter mais força pra levantar um copo porque o braço já está destruído? E também muitas de nós só sabe assinar o nome, eu mesma aprendi a ler depois dessa greve, não passaríamos em provas mas já mostramos nossa capacidade trabalhando"

Esse ano a greve da Dima completa 10 anos e foi relatada por Silvana no livro “A precarização tem rosto de mulher” da Coleção Mulher das edições ISKRA, organizado por Diana Assunção, diretora do sindicato de trabalhadores da USP (SINTUSP) e uma das fundadoras do Pão e Rosas Brasil.

Diana disse, “achamos fundamental construir uma grande campanha contra o Projeto de Lei 4330, mas também contra a terceirização que atinge mais de 12 milhões de trabalhadores em todo o país, sendo a resposta mais contundente para esta condição a efetivação imediata, pois como disse Silvana, já cumprem seu trabalho cotidianamente. E sabemos que a precarização tem rosto de mulher, mulheres negras, LGBT, e futuramente poderão ser as imigrantes bolivianas e haitianas”.

Participamos recentemente do II Congresso Nacional da CSP-Conlutas e fiz este debate, pois as centrais sindicais que apóiam o governo, como a CUT, se dizem contra o PL 4330, mas não lutam contra a terceirização, e sim por sua regulamentação. E os sindicatos dos terceirizados filiados à UGT, a única coisa que oferecem aos terceirizados é o completo descaso e ameaças quando os terceirizados tentam se mobilizar e lutar por seus direitos”.

Diana finalizou “infelizmente no Congresso da CSP-Conlutas mais uma vez postergou a defesa do programa pela efetivação imediata dos terceirizados, mas nós do Pão e Rosas nos locais de trabalho e estudo em que estamos e também no movimento de mulheres, seguiremos com este debate como viemos fazendo nesses últimos anos e na defesa da construção de uma ampla campanha pela imediata efetivação das terceirizadas”.




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