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PALESTINA | Palestinos pedem a renúncia do presidente Abbas após morte de opositor detido

O assassinato do opositor ao governo, Nizar Banat, sob custódia da polícia palestina, gerou uma série de protestos que pedem a queda do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e aprofundam a crise de lideranças comprometidas com acordos com o Estado colonialista e racista de Israel. Esta crise se agravou com o surgimento de uma nova geração nas ruas durante o último ataque israelense.

sexta-feira 25 de junho de 2021 | Edição do dia

A morte do conhecido dissidente palestino, Nizar Banat, enquanto estava sob custódia policial, gerou protestos na Cisjordânia ocupada, nesta quinta-feira, nos quais se pediam a queda do presidente Mahmoud Abbas. Os protestos foram duramente reprimidos pela Polícia.

Nizar Banat, era um ativista, blogueiro e também concorreu como candidato com uma lista alternativa às eleições legislativas de maio que o governo de Abbas adiou.

Banat morreu na quinta-feira enquanto estava preso e sendo questionado pela Polícia Palestina. A família e as organizações sociais e de direitos humanos rapidamente apontaram que foi um assassinato.

“Fora Abbas” e “o povo quer a queda do regime”, foram os gritos ouvidos nesta quinta-feira durante uma marcha nas ruas da cidade de Ramallah, na Cisjordânia, que terminou com feridos devido à intervenção da Polícia com granadas e gases lacrimogêneos o que motivou novas convocatórias à noite com fortes irrupções no centro da cidade. Essas consignas foram ouvidas novamente nesta sexta-feira, durante o funeral de Banat.

O jornalista e ativista Mohammed El-Kurd sintetiza em seu Twitter a desconfiança existente em relação à Autoridade Palestina, Abbas e sua Polícia: “Os palestinos gritam “seu sangue não será em vão” durante o funeral de Nizar Banat na Hebron ocupada. Os chamados para que a Autoridade Palestina leve a cabo uma ’investigação completa’ sobre si mesma são inúteis. Não há nenhum enigma sobre como ou por que Nizar foi assassinado. Abbas deve renunciar.”

De acordo com várias testemunhas diretas, a prisão ocorreu quando “mais de uma dúzia de policiais entraram na casa ontem à noite [na quarta-feira] e espancaram Banat com cassetetes de aço por vários minutos antes de levá-lo embora.”

Mais tarde, o governador de Hebron, província onde ele foi detido, confirmou sua morte e a indignação se espalhou entre grande parte da população palestina.

Os representantes comunitários fizeram referência aos relatórios que refletem um aumento “nas detenções aparentemente motivadas por motivos políticos nos últimos meses no território palestino ocupado [por Israel].”

Banat, que já havia sido detido em outras ocasiões, foi vítima de ameaças e ataques, como no início de maio, quando homens armados atiraram, jogaram granadas de atordoamento e gás lacrimogêneo em sua casa, onde também estavam sua esposa e filhos.

O ativista acusou diretamente do ataque o partido Fatah do presidente palestino, que domina a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e as forças repressivas que, segundo Banat, são as únicas com acesso a gás lacrimogêneo e granadas de atordoamento.

Banat foi um crítico severo da ANP, que governa partes da Cisjordânia ocupada por Israel, e que pediu a suspensão da ajuda internacional à liderança palestina por seu crescente autoritarismo e violações dos direitos humanos.

No início desta semana, as forças de segurança palestinas também detiveram outro destacado ativista altamente crítico tanto da ANP quanto de Israel, Issa Amro, e o mantiveram detido durante uma noite depois que ele desencadeou uma onda de indignação nas redes sociais.

O assassinato de Banat ocorre em meio a uma profunda crise da Autoridade Nacional Palestina e do presidente Abbas por causa de sua conciliação permanente com o Estado de Israel que mantém ocupada grande parte da Cisjordânia. Esse desprestígio, que muitos especulam, esteve por trás do adiamento das eleições nas quais tinham grandes chances de perder, aprofundou-se durante os últimos ataques do Estado sionista de Israel à população árabe de Jerusalém Oriental e os brutais bombardeios em Gaza.

A Autoridade Palestina foi profundamente questionada por sua inação durante os ataques israelenses, enquanto o surgimento de uma nova geração de palestinos, jovens e velhos ativistas se levantaram tanto na Cisjordânia quanto em cidades mistas de Israel e na Faixa de Gaza para repudiar em unidade os ataques colonialistas do Estado israelense. Chegaram inclusive a realizar uma jornada de greve nacional, que com suas limitações significativas expressou uma unidade nacional da causa palestina como não se via desde as intifadas.

A crise que atravessa a Autoridade Palestina é irreversível, assim como sua política de colaboração permanente com o racista e colonialista Estado de Israel.




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