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ELEIÇÕES RIO DE JANEIRO | Paes consegue unir votos da esquerda e de bolsonaristas

Com parte da esquerda acreditando que ele pode ser um "mal menor" em relação a Crivella, Eduardo Paes (DEM) consegue a façanha de acumular apoios tanto da esquerda quanto de bolsonaristas, como o recente apoio de Fernando Veloso (PSD).

quarta-feira 25 de novembro de 2020 | Edição do dia

Após voto crítico de alguns membros do PSOL,dentre eles Marcelo Freixo, Paes comemora a formalização do apoio do PSD fluminense à sua candidatura, divulgado na tarde de ontem.

O fato que chama mais atenção para o apoio é que a legenda teve o delegado Fernando Veloso como vice candidato na chapa encabeçada por Luiz Lima nessas eleições. Lima é filiado ao PSL, antigo partido de Bolsonaro.

Luiz Lima possui grande afinidade ideológica com a família Bolsonaro, e essa proximidade juntamente com a defesa das pautas de segurança pública de Veloso indicavam que a chapa apoiaria Marcelo Crivella (Republicanos) nas eleições cariocas, porém Paes foi capaz de angariar o apoio de Veloso e de outros membros bolsonaristas do PSD, como o senador Carlos Portinho. Paes lamentou ainda a ausência na cerimônia do vereador eleito Gabriel Monteiro, ex-PM e youtuber do MBL, também pelo PSD.

Um dos principais pontos que levaram o PSD a apoiar Paes, além de seu desempenho melhor nas pesquisas, é o fato de que ele não é visto por Bolsonaro como um inimigo. Muito pelo contrário, o Presidente da República o classificou como um "bom gestor".

A tendência nacional de fortalecimento de políticos tradicionais do “centrão” se comprova no RJ com o amplo apoio à Paes, um velho representante da subordinação do estado ao empresariado mediante a corrupção costumeira do sistema capitalista, atacando os trabalhadores para isso.

Tudo isto torna ainda mais grave a decisão de setores da esquerda, desde Marcelo Freixo, até a corrente interna do PSOL, a Resistência, de chamar voto em Eduardo Paes contra Crivella.

Durante seu governo, Crivella precarizou a saúde de forma alarmante, responsável por cortar 800 milhões, demitir milhares em seu governo, fechar unidades básicas e permitir atrasos sistemáticos de salários. Durante a pandemia, não garantiu testes para população e EPIs para os trabalhadores da saúde, que tiveram seus salários atrasados em pleno auge de contaminação na cidade. Crivella governou favorecendo as igrejas e seus fiéis, utilizando dos serviços públicos para isso.

Paes também realizou cortes milionários na saúde e implementou o sistema de Organizações Sociais no Rio de Janeiro, que terceiriza a saúde para empresas lucrarem com um direito. O ex-prefeito, que se faz de progressista quando lhe convém, é do DEM, ex-PFL um dos partidos herdeiros do ARENA da ditadura militar, que pavimentou o caminho do golpe institucional através de , também principal articulador da Reforma da Previdência.

O governo de Paes foi marcado pelas repressões às manifestações de 2013, pela violência policial que matou e desapareceu com Amarildo e matou Claudia Ferreira arrastada, reprimiu violentamente a maior greve dos professores do município, tentou reprimir e desarmar a greve histórica dos garis em 2014 no carnaval e foi derrotado pela categoria. A defesa de Paes às milícias, que chegou a serem saudadas por ele como se fossem uma “solução”. Paes é continuação do regime do golpe e, assim como Crivella, se apoia na violência policial brutal do estado junto as milícias e tráfico de drogas.

Paes não é mal menor, mas é mais um representante da elite escravocrata carioca, com seus velhos grandes esquemas de corrupção para atacar os trabalhadores nos próximos 4 anos e frente a Crivella é outra roupagem conservadora e também neoliberal para o mesmo objetivo. Não há voto útil no Rio. Cada voto em Paes vai fortalecê-lo politicamente para passar o seu programa de ataques, que seguramente virá.

De mal menor em mal menor se aceita o mal maior, sem construir uma alternativa a altura dos ataques. Esse segundo turno bizarro de extrema direita versus direita tradicional não é resultado da falta de aliança e conciliação, mas sim da falta de uma esquerda anticapitalista, com um programa para que sejam os capitalistas defendidos por Paes e Crivella que paguem pela crise.

Por isso, o MRT defende voto nulo no segundo turno no Rio de Janeiro,leia a declaração.




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