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PORTO ALEGRE | Os rodoviários, expostos ao coronavírus, precisam receber testes massivos urgentemente

terça-feira 31 de março de 2020 | Edição do dia

Em Porto Alegre o transporte público segue a todo vapor. Quem mora no centro vê a quantidade imparável de ônibus indo de um lado a outro da cidade, transportando poucas pessoas, mas sem parar em nenhum momento. A despeito do que diz Marchezan, a quarentena não está ocorrendo totalmente na capital gaúcha, e a tendência é seguir a curva de casos se a situação não mudar, e mais gente vai morrer.

Para além de transportar profissionais da saúde, trabalhadores de farmácia, caixas de supermercados, idosos indo se vacinar, varredores e garis, trabalhadores do telemarketing e outros setores que seguem trabalhando “normalmente” em meio à pandemia, os rodoviários também podem transporar o coronavírus. Aliás, salvo médicos e enfermeiros, difícil pensar alguma outra categoria que estaria mais exposta ao vírus do que os rodoviários. Em especial os cobradores que trocam dinheiro e se aproximam dos usuários a todo momento.

Os agravantes da situação: rodoviários não são testados para a COVID-19, não possuem segurança adequada (com alcool gel dentro dos carros, higienização constante, etc) e estão sendo brutalmente atacados pela patronal e pela prefeitura. A notícia recente é a de que as centenas de trabalhadores que estão liberados nesse momento estão sem receber salário e/ou ticket alimentação. As empresas de ônibus querem que eles morram de fome ou sejam expostos ao vírus – ambas as opções para lucrar cada vez mais. Combinado a isso, os rodoviários andam de um lado para outro da cidade sem saber se estão contaminados. Já chegaram relatos ao Esquerda Diário, pela cobertura que possui do transporte público na capital gaúcha, de que não são poucos os rodoviários que apresentam sintomas e que seguem trabalhando. Afinal, eles ficam entre a cruz e a espada sem saber se voltam para casa sem certeza de salário e emprego ou seguem se expondo e expondo aos outros. A política das empresas é assassina e criminosa não só com os trabalhadores rodoviários, mas com toda a população. São inúmeras as evidências que comprovam o alto índice de contaminação do coronavírus e, ao cortar salários e tickets dos rodoviários, se impõe que muitos sigam trabalhando e se expondo. Além de ir na contramão do que dizem infectologistas e especialistas de todo o mundo, segue a linha genocida do presidente da república. Bolsonaro, com sua MP da morte que permite as empresas fazerem o que quiser na "negociação" com os empregados, quer matar os trabalhadores de fome ou de coronavírus.

Por isso é necessário lutar urgentemente para que todos os trabalhadores rodoviários sejam testados. São pessoas expostas ao vírus e potencialmente grandes transmissoras. A prefeitura não se importa com eles pois quem está mais exposta ao vírus mora nos bairros mais pobres. Não apenas escancara a face elitista da sua demagógica campanha pela quarentena, como na verdade coloca em risco a totalidade da população portoalegrense. E os testes não podem ser feitos apenas uma vez, é preciso testar os rodoviários constantemente. Se o transporte não pode parar para poder levar os bravos combatentes da saúde de casa para o hospital e vice-versa, esses trabalhadores rodoviários são tão importantes no combate ao coronavírus quanto os técnicos em enfermagem, os enfermeiros, os médicos, etc. É desse ponto de vista que devemos refletir a situação e não do ponto de vista do lucro das empresas. Testes massivos para todos os rodoviários é uma urgência, bem como acabar com todos os ataques aos seus empregos e salários, garantir que nenhum rodoviário liberado seja punido, que tenha seu salário e benefícios integral em dia e que haja proibição de demissões nesse momento. Não podem ser os rodoviários a pagar por essa crise.




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