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Luta indígena | Os indígenas mostram o caminho, basta de trégua das centrais sindicais e da UNE

Mobilização de base, organizada nacionalmente e com a decisão de vencer. Assim, milhares de indígenas vêm ocupando Brasília, e cortando rodovias por todo o país para impor que o STF não aprove o Marco Temporal, e contra a PL 490 do Congresso, Bolsonaro e Militares. Esse é o caminho que a classe trabalhadora precisa seguir, ao lado da juventude, unificando todas as demandas para derrotarmos juntos todos os ataques e derrubar Bolsonaro, Mourão e todo esse governo de militares.

segunda-feira 13 de setembro de 2021 | Edição do dia

"Quando a gente se une, a gente perde o medo, e os outros vão perdendo também", disse uma guerreira indígena do povo Pataxó do Sul da Bahia, na histórica 2° marcha de mulheres indígenas. A classe trabalhadora do nosso país não consegue mais respirar, somos mulheres, negros, indígenas, amargando a conta da crise econômica. Se organizados temos uma enorme força, que pode barrar os novos ataques que estão em curso, como a reforma administrativa e ainda mais privatizações; e lutar para recuperar os direitos perdidos após o golpe institucional, em especial no governo Bolsonaro-Mourão, pela ofensiva também do STF, os Congresso Nacional e os militares, também atores do golpe.

Os indígenas mostram que se os capitalistas estão fazendo você pagar com a sua vida a necessidade deles de lucro frente a crise, é preciso que se enfrente com a luta. As centrais sindicais, onde se organizam os milhares de sindicatos com milhões de trabalhadores em todo o país, estão completamente paralisadas. Se escondem atrás de um discurso vermelho contra Bolsonaro e ações dispersivas pontuais para desarticular os trabalhadores. E no argumento de que a situação é difícil, e sempre culpando trabalhadores de não quererem lutar. As greves operárias como das metalúrgicas de São José-SP, dos trabalhadores da construção civil da MRV em Campinas, dos rodoviários da Carris em Porto Alegre, da Sae Towers em Minas Gerais, do Detran em RN, dos radialistas da REDETV entre outras espalhadas e isoladas pelo país, mostram o contrário. Que existe sim disposição em setores de vanguarda da classe trabalhadora para resistir aos ataques. Se unificadas em uma só força, como parte de um plano de lutas para mobilizar os setores da classe trabalhadora, podemos impor com a nossa força que todas as riquezas que produzimos sejam para as necessidades dos trabalhadores. Pois enquanto a comida some da nossa mesa, o Brasil ganhou alguns novos milionários em meio a pandemia que tirou 600 mil vidas.

O PT, que dirige a maior central sindical do país e da América Latina, foi quem fortaleceu essa direita nos seus 13 anos de governo, governando para o agronegócio e as igrejas que hoje dão base para o Bolsonaro. Hoje ao invés de preparar a luta, prepara as eleições de 2022 e apela para que o STF e o Congresso Nacional com quem querem governar e quem vem aplicando os ataques tome as rédeas do país. São os trabalhadores junto com a juventude e os povos originários que precisam assumir as rédeas da situação. A esquerda como as correntes do PSOL, o PSTU, o PCB e a UP dizem que não temos que esperar 2022, mas na prática não estão dando qualquer batalha para que a classe trabalhadora entre em cena com seus métodos de luta como assembleias, greve e paralisação. Chega-se ao cúmulo de assumir o papel de conselheiro de Lula, como faz a Resistência-PSOL, enquanto o mesmo anda pelo país forjando suas alianças tradicionais com a direita mais nojenta e antioperaria e antiindígena. Precisamos fazer como as e os indígenas! A esquerda precisa se unificar em um pólo de auto organização dos trabalhadores, organizando em assembleias a base da Conlutas e Intersindicais para mostrar apoio ativo às lutas isoladas que surgem e exigir um plano de lutas de toda a classe trabalhadora para as grandes centrais, batalhando por uma frente única dos trabalhadores se unindo à luta indígena e não em uma frente ampla com os nossos inimigos só porque estão brigando entre si.

Precisamos de um plano de lutas pra mobilizar a classe trabalhadora, e também a juventude para se unir com a luta histórica dos indígenas e fazer uma luta histórica do conjunto dos explorados e oprimidos contra os patrões capitalistas e os governos. As entidades estudantis de todo o país, lideradas pela UNE, também com o PT e PCdoB à frente, fazem a mesma política eleitoral e não mobilizam as bases dos estudantes em cada escola e universidade para colocar toda a raiva contra o governo imediatamente em ação com dias nacionais de luta chamando os estudantes a tomarem as ruas contra os cortes que atingem a permanência dos estudantes seja por corte nas bolsas seja pela própria ameaça de universidades fecharem as portas como a UERJ. A juventude tem um potencial explosivo, em momentos decisivos como na ditadura militar saiu em luta e abrindo o caminho para que a classe trabalhadora saísse em luta enfrentando o governo militar e a crise econômica. O grito das estudantes do Pão e Rosas na luta indigena e dos estudantes da Faísca nas greves que vem ocorrendo, "mulher indígena, trabalhador, pode lutar que os estudantes estão aqui pra te apoiar" precisa ecoar por todo o país numa luta massiva da juventude.

A luta indígena está ganhando cada dia mais força de mobilização, já envolvendo quase 200 povos, pois parte de um plano consistente de mobilização e vontade de vencer, impor a sua vontade dobrando o conjunto das forças do regime que se tem um acordo em comum é nos atacar, seja com Bolsonaro, com a terceira via que tentam construir, ou mesmo com o PT. O Esquerda Diário e o MRT, vem atuando em cada uma das lutas que se apresentam batalhando pela sua unificação, organizando fotos de apoio de uma luta para a outra para que os trabalhadores percebam que não estão sós. E agitando em todo o país a necessidade de um plano de lutas unificado, com assembleias e dias de paralisação nacional previamente planificados. Chamamos toda a esquerda a fazer parte desse chamado.

Assim como os povos indígenas gritam "nossa luta não começa em 88", tampouco a luta da classe trabalhadora começa agora, temos uma grande história de luta que mostrou a força do gigante operário e popular brasileiro, que se levantou num grande ascenso nos anos 80 para derrubar a ditadura, e que conquistou todos os direitos trabalhistas que já tivemos. Como nos disse um indigena acampado já por 20 dias em Brasília, "não vivemos só de história do passado, a história é também hoje e nós somos o que fazemos agora". É hora das direções passarem das palavras às ações e organizar a luta já! Essa força colocada em movimento pode pôr um ponto final nos ataques, derrubar Bolsonaro, Mourão e todos os militares, impondo com essa luta uma constituinte livre e soberana onde possamos debater todos os grandes problemas do país como a reforma agrária e urbana radical, levantando o direito à moradia para todos e também a demarcação definitiva de todas as terras indígenas a partir de sua autodeterminação. Acabando com o pagamento da dívida pública que nada mais é que um meio de roubar tudo o que produzimos para os capitalistas imperialistas. Para impor essa luta será necessário uma forte autoorganização, e essa experiência pode mostrar a todos que apenas um governo de trabalhadores em aliança com o povo pobre e povos originários rompendo com o capitalismo pode pôr a vida acima do lucro.

"Só saímos dessa luta com a vitória", essa é a moral que ecoa entre os milhares de indígenas que encerram uma etapa do acampamento em Brasília e seguem amplamente mobilizados e em luta por todo país. Essa é a moral que ecoou nas lutas que percorreram o mundo desde o início da pandemia. A vitória é possível, para os indígenas e para a classe trabalhadora. É preciso entrar na batalha.




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