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Meio ambiente | Ondas de calor, variantes da COVID: o capitalismo destrói o planeta, destruamos o capitalismo!

Ondas de calor atingem até 47ºC no sul da Europa, enquanto a nova variante Delta da COVID-19 começa um possível novo ciclo de reinfecções na China e nos EUA. O capitalismo e sua relação predatória com a natureza gera lucro bilionário para a burguesia imperialista e crise ambiental para a classe operária e o povo pobre.

Rosa Linh Estudante de Ciências Sociais na UnB

sexta-feira 6 de agosto de 2021 | Edição do dia

Foto: Incêndio de grandes proporções em Muğla, Turquia. Ali Ballı/EPA

O calor extremo e os incêndios florestais continuam a atingir partes do sul da Europa nesta quarta-feira (4), um dia depois que a temperatura máxima na Grécia atingiu 47,1 ºC. Alertas de calor também foram emitidos na Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Itália, Romênia, Sérvia e Turquia. Incêndios florestais com vítimas atingiram partes da Turquia nos últimos dias e forçaram a evacuação de diversos moradores locais.

A Grécia está enfrentando uma de suas piores ondas de calor em décadas. O país permanece em alerta máximo, enquanto incêndios estão ocorrendo em diversas regiões do país. Oito pessoas já morreram e milhares foram evacuadas de suas casas na Turquia e dez outras pessoas foram hospitalizadas. Na quinta-feira, a guarda costeira turca evacuou centenas de moradores que moram perto de uma usina elétrica em chamas na província de Muğla, no mar Egeu.

Na Itália, estima-se que o número de grandes incêndios florestais triplicou neste verão em comparação com a média anual, causando danos no valor de milhões de euros ao meio ambiente e à economia nas regiões centro e sul. Enquanto isso, o Brasil passa por uma onda de frio sem precedentes, em que dezenas de moradores de rua morrem todos os dias em Brasília, São Paulo, Porto Alegre e outras muitas outras cidades. No país com maior potencial hídrico do planeta, rios como o Paraguai enfrentam secas preocupantes que podem gerar desabastecimento. Enquanto isso o agronegócio lucra bilhões com toneladas e mais toneladas de alimentos, mas famílias ficam com fome e enfrentam filas para comerem restos de carne em Cuiabá.

Foto: Grande incêndio florestal que atingiu uma região turística mediterrânea na costa sul da Turquia, perto da cidade de Manavgat (29/07/2021). Ilyas Akengin/AFP/Getty Images

Por outro lado, o novo surto de covid-19 na China pela variante Delta alcança 360 novos contágios, o que ainda é pouco em uma população de 1,4 bilhão de pessoas, mas acendeu o alerta entre as autoridades. Primeiro por sua ampla extensão geográfica, pois casos foram detectados em 20 cidades de 12 das 31 províncias e regiões, sendo assim o surto mais espalhado desde o inicial, em Wuhan, no começo da pandemia.

Quase 72 mil crianças e adolescentes pegaram Covid-19 na semana passada nos Estados Unidos, um aumento substancial em relação à semana anterior, informou a Academia Americana de Pediatria na terça-feira (04). Ao todo, os casos de coronavírus no mundo ultrapassaram os 200 milhões nesta quarta-feira (4), de acordo com os dados da universidade Johns Hopkins.

Mesmo diante disso, países como Sudão, Mali, Congo, Benin, Síria, Haiti e Vietnã não passam de 1% do total de sua população vacinada. Mesmo com toda a tecnologia já produzida pela humanidade até hoje, com todo avanço técnico científico na saúde, os capitalistas preferem lucrar rios de dinheiro com as patentes das vacinas, deixando privada o segredo comercial que poderia ter salvo milhões de vidas.

Foto: Agente de saúde realiza um teste para detectar o coronavírus na cidade de Nanquim na última segunda-feira. STR / AFP

Afinal, a COVID-19 e as ondas extremas de calor são causadas pelo desequilíbrio irracional e predatório que a burguesia imperialista impõe à natureza. Essas cenas podem parecer com o apocalipse - mas isso é capitalismo. Vivemos em um sistema econômico que destrói a natureza, explora e oprime e não em uma distopia.

Para enfrentarmos a extrema-direita negacionista de Trump e Bolsonaro, não podemos depositar nenhuma confiança em mudanças cosméticas como propõe o Acordo de Paris que Biden e Macron tanto adoram. E também não podemos acreditar que um sistema que degrada a natureza nesse nível pode ser reformado, como sugerem os partidários do Green New Deal - que consiste em colocar nas mãos das empresas imperialistas que atacam a natureza a criação de novas tecnologias sustentáveis.

Ao contrário, apenas os trabalhadores, aliados com os povos originários, o movimento ecológico e todos os oprimidos, é que podem dar uma saída realmente sustentável para as mudanças climáticas e a crise ambiental. Devemos defender o controle operário das indústrias petroleiras, o fim do fracking, estatização do sistema de transporte sob controle operário e a quebra das patentes das vacinas sem nenhuma indenização. Apenas os trabalhadores controlando a produção é que podem promover uma verdadeira transição energética em escala global.

O capitalismo destrói o meio ambiente - então, destruamos o capitalismo! Precisamos tomar como exemplo a greve dos petroleiros de Grandpuits na França, que denunciaram o greenwaching da Total, se auto-organizaram em comitês de greve apesar da burocracia e se aliaram com o movimento ecológico em defesa dos empregos e do salário; ou mesmo a grande luta dos trabalhadores em Chubut na Argentina contra a megamineração. É a classe trabalhadora quem tudo produz e ela quem tudo pode transformar. O caminho da auto-organização e da democracia operária é o único realista para construir um mundo sem exploração e opressão, na qual a sociedade possa coexistir em harmonia com a natureza, rompendo de maneira revolucionária com o capitalismo.

Leia mais: O capitalismo destrói o planeta, destruamos o capitalismo




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