Depois de mais de 1 mês com a escola sob controle dos estudantes, a ocupação do Cristóvão de Mendoza em Caxias do Sul foi encerrada no fim da tarde de ontem (24/06) com manifestações de direita contra as vitórias da ocupação.
domingo 26 de junho de 2016 | Edição do dia
Conforme acordado no documento das reformas conquistadas para a escola, assinado pelo Ministério Público, 4ª Coordenadoria Regional de Educação, Direção da escola, estudantes e seu advogado, a entrega da escola foi feita às 18hrs de sexta (24/06). Ao final deste texto apresentamos os elementos do acordo referentes às reformas.
Os estudantes passaram o dia todo desmontando o cenário de guerra organizado para a segurança e limpando os espaços utilizados. Às 17hrs estavam com seus pertences prontos para serem retirados, já que foram impedidos de utilizar a sala do Grêmio Estudantil pois esta estava ocupada pelos pais invasores.
Assim como os outros dias, esse não foi tranquilo. Pais soltavam fogos de artifício e gritavam "eu já falei, vou repetir, é a direção que manda aqui" enquanto um grupo de manifestantes da intervenção militar que pregaram faixas no canteiro da rua cantavam o hino nacional e gritavam "fora comunistas". Além desses dois grupos, que depois se juntaram para fazer uma oração de joelhos no chão, outro grupo portando canivetes e pedaços de madeira tentaram entrar na escola mas se retiraram quando a Brigada Militar foi acionada.
Caxias do Sul é uma cidade de forte tradição conservadora, as manifestações de direita pró-impeachment somaram mais de 60 mil pessoas, a população da cidade majoritariamente se posiciona contra os movimentos sociais, as ocupações de escolas na cidade mostraram isso. Os estudantes sofrem com uma ofensiva fascista desde o início do ano, quando foram reprimidos por um homem com uma barra de ferro em uma manifestação que fizeram, sustentada no medo que causou essa ação, a direção da escola os fez assinar atas e ligou para suas casas, causando um forte refluxo na mobilização que até então era crescente.
Era questão de tempo até que esse conservadorismo se manifestasse nas ocupações, o primeiro caso foi na escola Apolinário, onde um pai entrou com uma corrente e agrediu uma professora e um estudante, depois foi a vez da escola Emílio Meyer, que foi desocupada à força com ocupantes agredidos, o próximo caso foi na escola Aristides Germani, onde um grupo de pais - um deles com uma suástica nazista tatuada na mão - portando martelos e pedaços de madeira invadiu a escola e agrediu estudantes.
O Cristóvão sofreu com ações desse tipo durante todo o processo, ameaças de morte vindas de professores contrários, xingamentos, tentativas de agressão... Até que no dia 06/06 um grupo de pais invadiu a escola com violência, quebrando classes e agredindo estudantes. Esses pais permaneceram e dormiram na metade invadida da escola para garantir a volta das aulas, a partir desse dia o terror se intensificou, com ameaças de cassetete, tiros de arma de fogo, choques, corte de energia, rojões durante a madrugada e até tentativa de sequestro.
O governador Sartori (PMDB) nasceu em Caxias e foi prefeito da cidade por 8 anos, com altos índices de aprovação até hoje, a direita da cidade defende fielmente seus ajustes e sustenta sua política nessas pequenas ações do fascismo, que desmobiliza as resistências e abre caminho para o avanço dessa direita que tem ligações desde com o MBL e intervencionistas até a Maçonaria.
Os estudantes não podem se dispersar nesse momento crítico onde conquistaram importantes vitórias ao mesmo tempo em que estão em risco com o livre avanço desses setores reacionários. É de extrema importância que se organizem pela base primeiramente com os grupos que ocuparam cada escola, depois partirem para a construção de uma Assembleia de estudantes de todas as escolas para definir os rumos das lutas que ainda estão de pé, o pior a se fazer nesse momento é recuar, não podemos sob hipótese alguma legitimar o avanço da direita sustentada pelo fascismo. Deve estar em primeiro plano a luta organizada contra esses setores, é fundamental nesse momento que todos os campos da esquerda da cidade se mobilizem em ações que defendam esses estudantes e impeçam o desenvolvimento dessa frente de direita na cidade.
Estão contempladas as seguintes reformas:
