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POVOS ORIGINÁRIOS | ONG de ministra que chefiará Funai foi denunciada por discriminação contra indígenas

Ministério Público Federal denuncia ONG da pastora Damares Alves, futura ministra de Bolsonaro, por discriminação contra indígenas.

sexta-feira 7 de dezembro de 2018 | Edição do dia

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Filme produzido pela ONG Movimento Atini, fundado pela pastora Damares Alves, em parceria com organização evangélica norte-americana, defende ação missionária em comunidades indígenas e fere a dignidade humana, segundo MPF.

A ultraconservadora pastora Damares Alves, nomeada por Bolsonaro para o novo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos já acumula diversas declarações aberrantes e misóginas sobre o papel da mulher e da igreja na sociedade.

A decisão do presidente eleito Jair Bolsonaro de colocar a Fundação Nacional do Índio (Funai) na nova pasta que será comandada pela pastora também causou indignação na comunidade indígena e entre servidores da Funai. Alves é conhecida como uma defensora da atuação religiosa e missionária em aldeias indígenas.

A futura ministra é fundadora do Movimento Atini - Voz Pela Vida, uma organização que se apresenta com a missão de "promover a conscientização e a sensibilização da sociedade sobre a questão do infanticídio de crianças indígenas".

Em 2015, o Ministério Público Federal no Distrito Federal entrou com uma ação contra a Atini por "dano moral coletivo decorrente de suas manifestações de caráter discriminatório à comunidade indígena", em função da divulgação de um filme sobre infanticídio indígena feito pela organização. Os procuradores pedem que a ONG seja condenada a pagar R$ 1 milhão.

Por meio de uma ação civil pública, o MPF exige que a ONG de Damares Alves seja proibida de veicular o curta-metragem "Hakani - A história de uma sobrevivente". O filme, segundo o MPF, tinha o objetivo de "chamar atenção acerca do tema ’infanticídio indígena’ e legitimar as ações missionárias no interior das comunidades indígenas"

A ficção, segundo a ação do Ministério Público, foi produzida em parceria com a instituição Jocum (Jovens Com Uma Missão), nome adotado no Brasil pela organização evangélica de origem americana Youth With a Mission. Fundada em 1960, a organização iniciou as atividades missionárias no Brasil em meados da década de 1970 e atualmente possui escritórios em quase todos os Estados brasileiros.

Em sua argumentação, o MPF declarou que o filme "gerou profunda indignação na sociedade, gerando manifestações preconceituosas e discriminatórias em face das comunidades indígenas". A veiculação do filme, justificou, bem como a exposição de imagens de crianças e adolescentes indígenas, "atinge a dignidade humana deste grupo perante a sociedade".

Na ação, o MPF pediu ainda a imediata retirada do filme dos sites das ONGs e de todos os outros endereços eletrônicos de responsabilidade das instituições. Apesar disso, a reportagem verificou que ainda há links disponíveis na internet com acesso ao filme de 30 minutos.

A ação do Ministério Público, datada de 27 de abril de 2015, requeria ainda que as organizações religiosas se abstivessem de divulgar ou expor, por seminários, palestras, exposições ou congêneres, ou distribuir por qualquer meio, o conteúdo do vídeo, sob pena da imposição de multa de R$ 10 mil por dia de exposição.

Essa nomeação do presidente eleito se trata de mais um aceno a seus aliados golpistas do reacionário alto clero evangélico e da grande agro-pecuária que vem intensificado seus ataques genocidas contra os povos indígenas e suas terras. Essa mesma burguesia nojenta, que foi aliada dos governos petistas e depois impulsionou o golpe institucional, agora, com Bolsonaro, busca intensificar os ataques contra as mulheres, os setores oprimidos da sociedade e a classe trabalhadora. Chamamos todos os povos indígenas a se organizarem em uma grande frente única da classe trabalhadora, contra os ataques de Bolsonaro e pela separação entre o estado e a igreja.




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