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O quanto as Diretas Já são realmente uma solução?

Texto de uma jovem estudante e militante que está na luta contra as reformas, sobre qual a alternativa colocada para a juventude e os trabalhadores nesse momento.

Juliane SantosEstudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

sexta-feira 9 de junho de 2017 | Edição do dia

Tenho visto nos últimos dias muitos amigos e colegas nas redes sociais se envolvendo cada vez mais com política e tomando posições, o que é algo muito bom e que particularmente me deixa muito feliz! Até pessoas que não demonstravam, pelo menos publicamente, opiniões políticas estão se manifestando. As redes sociais tornam-se, portanto, uma espécie de vitrine do que está acontecendo no nosso país, onde a população está tomando cada vez mais para sí, para suas mãos, a luta. Foi o que vimos no dia de Greve Geral e na Marcha á Brasília, pra citar alguns exemplos, quando os trabalhadores foram á luta, foram manifestar sua indignação, indo contra as centrais sindicais que por interesses próprios não fizeram o chamado e divulgação necessários pros atos, e é nessa linha, de interesses, que venho escrever esse texto.

O que vem sendo colocado pra população por parte de centrais sindicais, de setores da esquerda e por parte da mídia, são as Diretas Já. Mas fica uma questão: nós que somos da juventude e da classe trabalhadora, que estamos indo contra as burocracias, participando dos atos, das greves que foram convocadas, marchando á Brasília, ou mesmo e também, trazendo a discussão política pras redes sociais e pros locais de estudo e trabalho, algo que é muito importante, trazendo e tendo portanto o desejo de melhora do que vemos hoje, vamos fazer todo esse esforço pra, assim que as novas eleições ocorrerem, outros tão corruptos quanto os que já estão no poder poderem participar de um sistema que já está todo corrompido por dentro? Com as mesmas regras e com os mesmos jogadores, com os ataques das reformas tendo que ser passados por conta da pressão da burguesia que não quer pagar pela crise e deixar que os trabalhadores e a juventude paguem por ela?

Já tiveram colegas que chegaram a dizer que não se tem o que fazer porque mesmo com Diretas Já os mesmos corruptos seriam eleitos. E, infelizmente, de certo modo, eles estão certos! O que não podemos fazer é cair no pessimismo de que não tem nada que se possa fazer. Isso é justamente o que a burguesia quer que pensemos, e assim acabamos por aceitar as saídas que são propostas por eles.

Somos milhões de trabalhadores, temos sim a capacidade de lutar contra esse sistema! Será fácil? Imagino que não! Mas não podemos acreditar que as coisas são assim, sempre foram e sempre vão continuar sendo, porque não é verdade. Qual a saída, então? Eu defendo uma Constituinte Livre e soberana imposta pela luta, onde seria feita uma nova constituição, mas não feita pelos políticos que estão cheios de processos, e nem por uma nova comissão de políticos corruptos. Seria uma Constituinte imposta pela luta, onde os setores dos trabalhadores teriam a oportunidade de estar lá, juntamente com os setores da burguesia, que também estariam, pra exigir nossos direitos. Nisso, seria possível, por exemplo, pedir a anulação de todas as medidas que atacam os trabalhadores e que já foram passadas, pedir a reforma agrária e que todo político ganhe igual uma professora, ou seja, medidas que de fato mudariam o nosso país e que jamais vão ocorrer dentro desse sistema que temos. E seria escancarado para todos os verdadeiros interesses da burguesia, que são contrários aos interesses dos trabalhadores.

Respeito muito os colegas que estão participando cada vez mais da política, isso é necessário, porém, é preciso que estejamos em constante reflexão sobre onde vamos colocar nossas forças e nossa luta, e no que de fato mudará nosso país.




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