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MUNDO OPERÁRIO | O patrão quer saber: trabalho precário ou desemprego?

sexta-feira 22 de maio de 2015 | 00:00

Montadoras e autopeças descarregam o peso da crise nas costas dos trabalhadores através de demissões, layoff, férias coletivas, retirada de direitos e precarização do trabalho.

O governo do PT, que prometeu melhorias para a população, avança nos ajustes fiscais e assim como o patrão, tenta descarregar o peso da crise nas costas da peãozada com ataques como a PL 4330 que regulamenta a terceirização e as MPs 664 e 665 que dificultam o acesso a direitos como o seguro desemprego, o abono salarial e pensão por morte.

Vou relatar a precarização do trabalho e a retirada de direitos em uma metalúrgica de porte médio que para continuar lucrando na crise tenta sugar até o osso da peãozada. Um caso particular que expressa um pouco a crise no setor e principalmente de empresas menores, onde muitas vezes o chicote estrala e o sindicato e o governo faz de conta que não vê.

Primeiro demitiram mais de cem numa empresa de porte médio com a justificativa de reduzir os custos e garantir os empregos.

Depois os chefes correram os setores para "reestruturar a produção”, ou seja, serviço que era feito por quatro passou a ser feito por dois e em alguns casos, um único peão faz o trabalho de três.

Um único trabalhador, negro, não qualificado profissionalmente, para carregar toneladas em carrinhos hidráulicos geralmente com defeitos.

Num setor em que trabalhavam quatro operários em outubro do ano passado, hoje trabalham apenas dois. Num outro, cinco, seis mulheres são responsáveis por um trabalho que antes era feito por dez, quinze trabalhadoras.

O setor da produção, majoritariamente composto por trabalhadores brancos qualificados, também é obrigado a trabalhar mais, num ritmo ainda mais acelerado com um número maior de máquinas. E a máquina não perdoa, um descuido e o peão tá com a mão machucada ou no pior dos casos, amputada ou esmagada.

Empilhadeiras transitam pelo pátio sem as devidas sinalizações. O sindicato, dirigido por burocratas, já foi avisado e a chefia disse que vai ser assim mesmo porque a empresa não tem dinheiro para gastar com reformas no prédio e manutenção de máquinas. Só o necessário para produzir em época de crise. Tem que produzir assim ou o patrão fecha a fábrica.

A comida, sob a responsabilidade de uma empresa terceirizada, está cada vez mais precária. Falta produtos de higiene nos banheiros. Salários atrasados. Atraso de cestas básicas e do vale-transporte. Abono atrasado. Querem trocar o plano médico por um ainda mais inferior.

O patrão, que diz não ter dinheiro, manda a gente escolher: corte de direitos e precarização do trabalho ou o desemprego?

O sindicato pelego pede paciência e alerta que "se parar, a fábrica quebra e vai todo mundo pra rua sem direito". Assume o discurso da empresa e atua como polícia nas assembleias e nas comissões internas porque sabe que os operários não estão e não vão ficar calados.

Operários da Volks, da GM, da Ford, da Mercedes, deram importantes exemplos de luta. Dia 29 de maio as centrais sindicais convocaram uma paralisação nacional contra os ajustes fiscais, a PL 4330 e as MPs 664 e 665. Dia 29 tem que ser dia de luta!

E por isso desde já temos que cobrar do sindicato uma postura séria. Não adianta falar bonito em cima do carro de som sem discutir e preparar em assembleias de base um plano de luta concreto. E se o sindicato pelegar, tem que passar por cima.

O que pode barrar os ataques é o trabalhador unido nos seus locais de trabalho, no chão de fábrica, nos setores, nas comissões internas, nas CIPAS e organizando paralisações, greves e ocupação de fábricas.

Porque se depender do patrão, do governo e da burocracia sindical, os ataques vão continuar, ou seja, mais demissões, menos direitos, mais precarização e a regulamentação da terceirização.




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