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Silvio Santos, Ratinho, Globeleza, cotidianamente ilustram em seus programas a miséria que o capitalismo reserva às mulheres. Além de assédio, violência e desumanização, são os meios de comunicação que fizeram propaganda de reformas, como a trabalhista e da previdência, que buscam aumentar a exploração do trabalho feminino. É preciso dar um basta para esse sistema que oprime e explora as mulheres, pondo de pé, junto aos trabalhadores, uma sociedade que crie as condições para uma verdadeira igualdade de direitos e igualdade perante a vida entre homens e mulheres.

Patricia GalvãoDiretora do Sintusp e coordenadora da Secretaria de Mulheres. Pão e Rosas Brasil

segunda-feira 24 de julho de 2017 | Edição do dia

Foram diversos momentos, somente nos últimos meses, que Silvio Santos demonstrou o quão podre é a grande mídia brasileira. Fez mulheres, como Maísa e Paolla Oliveira, serem assediadas em rede nacional. Mas que ele é um assediador de carteirinha as mulheres sempre souberam. As faces do machismo da TV brasileira não param aí, tampouco se limitam ao Silvio Santos e ao SBT.

Silvio Santos construiu sua fortuna dando calote em donas de casa que sonhavam em ter uma casa própria e por isso começava a investir grana nas longas parcelas do carnê do baú. Quando não aguentavam mais pagar as mensalidades, perdiam todo o dinheiro investido e não recebiam sua casa.

Ele também é dono da marca de cosméticos Jequiti, uma das principais marcas brasileiras da indústria da beleza, que faz com que milhões de mulheres odeiem como elas são, odeiam a sua beleza, ao verem as modelos norte-americanos, padrão branco europeu, esbanjarem seus produtos.

Junto aos Marinhos da Rede Globo, trabalhavam em favor do regime ditatorial, que garantiu seu monopólio sobre os meios de comunicação para impedir que as barbáries desse tempo sombrio e sangrento aos trabalhadores e trabalhadoras, reprimidos e assassinados nos seus porões, chegassem aos olhos da população. Antro da Globeleza, da mulher do Góis, a TV Globo não fica para trás quando se trata de passar uma imagem objetificada da mulher, em especial negra.

Não podemos esquecer da banalização da violência contra a mulher como aconteceu no programa do Ratinho, do SBT, que fez piada quando seu apresentador chutou sua assistente de palco dentro de uma caixa. O mesmo Ratinho que foi recebido no palácio do Planalto para entrevistar Temer, fazendo uma defesa expressa das reformas do seu governo, como a Trabalhista e a da Previdência.

Junto a Silvio Santos, fizeram questão de transmitir nos seus intervalos propagandas do governo que faziam verdadeiras ameaças à população caso essas reformas fossem aprovadas. O que se provou o contrário, em especial às mulheres que, com a Reforma Trabalhista, poderão trabalhar grávidas em lugares insalubres e expostas à radiação. Além disso, a terceirização generalizada e outros ataques defendidos pela grande mídia, inclusive a Rede Globo, são medidas que afetarão com maior profundidade às mulheres.

A Globo, que em todos os seus jornais e programas de opinião defendia abertamente a necessidade desses ataques aos trabalhadores e às mulheres, em outros tempos, como na década de 60, se opôs a conquista de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, como o 13º salário.

Vemos que a grande mídia reproduz cotidianamente as mais nojentas formas de opressão às mulheres para também defender medidas econômicas e políticas que aprofundam ainda mais a miséria social em que vivem a maior parte das mulheres do país. Miséria que funciona como forma de manutenção da desigualdade de direito entre homens e mulheres, da reprodução da sua dupla jornada ligada à obrigação aos trabalhos domésticos, imposta pela dependência material ao marido. É isso que o capitalismo reserva às mulheres. A luta por igualdade de direitos no capitalismo, como o direito ao aborto, é fundamental, mas somente um combate mortal, junto aos trabalhadores, do sistema capitalista, é que se torna possível a conquista da igualdade perante a vida entre os sexos, como nos ensinaram as mulheres Russas.




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