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#28A | O dia #28A precisa continuar - Depoimentos dos trabalhadores da USP

sexta-feira 5 de maio de 2017 | Edição do dia

No dia #28A vimos uma adesão e apoio à Greve Geral como não víamos há décadas, com peso ainda maior do que apontava o dia #15M, chegando a uma participação de 40 milhões de trabalhadores. Nas semanas que antecederam esse dia histórico, durante diversas panfletagens para construir uma greve de verdade, era nítida a vontade dos trabalhadores de participar da luta e parar o seu local de trabalho também.

Os atos organizados por todos os cantos do país e de São Paulo nos mostraram a força da mobilização e o poder que tem a Greve como ferramenta de luta, a Classe Trabalhadora, que coloca pra funcionar esse país, não vai aceitar que o povo pague por essa crise sofrendo com as Reformas Trabalhista e da Previdência, ainda mais enquanto políticos e grandes empresários corruptos continuam com seus privilégios e lucros.

Na Zona Oeste, ativistas e militantes organizados no SINTUSP - Sindicato dos Trabalhadores da USP, junto com outras entidades da região, construíram um grande ato, que fechou um dos maiores cruzamentos de São Paulo, parando o trânsito da Av. Francisco Morato, Marginal Pinheiros, Rod. Raposo Tavares, entre outras.

Conversamos com alguns dos trabalhadores da USP, que participaram ativamente dessa construção e dos atos, a mensagem mais forte que fica é “O dia #28A precisa continuar, GREVE GERAL POR TEMPO INDETERMINADO!”

“Teve muita repressão, mas os atos foram tão fortes, que a repressão não conseguiu segurar os trabalhadores. E mesmo os jornais daqui tentando esconder, o mundo mostrou a Greve Geral que aconteceu aqui no dia 28. Tá todo mundo preocupado e se sentindo lesado por perder seus direitos, não poder se aposentar, por não ter direito no trabalho. Eu não esperava que a gente ia ter um ato tão forte na Zona Oeste de manhã, não esperava mesmo, mas tinha muita gente, tava grande e chamou muita atenção.

Agora pra ganhar essa luta mesmo, o dia 28 não pode parar, precisa de greve por tempo indeterminado. Os sindicatos e os trabalhadores precisam fazer uma aliança forte, é importante concentrar esse chamado, parar tudo. Porque tá todo mundo apoiando, falando que não pode ser greve de um dia só! Eu tinha pra mim que a gente não devia parar mais, que devia seguir a greve, nem por um minuto pensei que a gente não consegue continuar essa greve geral.

E precisar ver, porque falar Fora Temer pra colocar o Lula no lugar, aí é outro golpe! o Lula é estrategista e já tá de olho na eleição, mas a Classe Trabalhadora não vai perdoar o que ele fez não, ele só quer uma estratégia por dentro do Capitalismo mesmo, isso é uma manobra, que não melhora a vida do povo.”

Decio França, trabalhador da Prefeitura da USP

“Achei que o dia 28 assumiu uma dimensão que a gente não esperava, ver a cidade parada, ver os trabalhadores todos parados, ver categorias que geralmente titubeiam para parar como os ferroviários, os metroviários, os rodoviários, dessa vez pararam, significa que cada vez mais os trabalhadores estão assumindo conscientemente, que tem um grande problema pra resolver, e que esses problemas eles só vão conseguir resolver conjuntamente de maneira organizada, e acho que a Greve Geral do dia 28 deu esse tom de Organização dos Trabalhadores.
Um dia já mobilizou bastante os trabalhadores em torno de reivindicações do seu interesse como ser contra a Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista, e das próprias alterações que eles estão querendo fazer na Educação, a própria Escola sem Partido, eu acho que as pessoas estão começando a ter consciência do quão grave isso é, e se mobilizar em torno de protestar em relação a isso é muito importante.

O dia 28 foi excelente, mas só ele não basta, acho que foi apenas um preâmbulo, um indicador pra dizer que a luta continua e que as pessoas precisam estar muito mais mobilizadas daqui pra frente, porque os ataques vão ser muito mais duros daqui por diante, acho que na medida em que os donos do capital forem percebendo que os trabalhadores estão cada vez mais organizados, eles também vão endurecer as estratégias e aí a gente tem que estar muito preparado. Acho que daqui pra frente, preparar a Greve Geral por tempo indeterminado, até derrubar essas reformas, que são feitas pra prejudicar os trabalhadores e sem o conhecimento deles, e derrubar esse próprio governo que é totalmente ilegítimo.”

Nani Figueiredo, professora da Creche da USP

“Me chamaram a atenção duas coisas no ato: seu tamanho e a diversidade de posições - até mesmo antagônicas - que se podia encontrar. Isso me fez pensar no esforço de união que foi feito em torno de alguns pontos fundamentais na luta dos trabalhadores, reconhecendo a força atual de quem atua contra os interesses dessa classe. Acho que no geral o ato foi um sucesso, e aponta pra necessidade de novas empreitadas semelhantes ou ainda mais profundas, que devem exigir tréguas temporárias e busca de pontos comuns entre os movimentos da esquerda.”

Filipe Buchmann, trabalhador da SAS/Acolhe USP

“Não pude participar ativamente na rua, porque não consigo ficar muito tempo de pé por problemas de saúde. Mas ajudei pelo Facebook divulgando as notícias do Esquerda Diário e de outros jornais de esquerda. Eu achei que foi muito boa a greve, mesmo com a mídia não noticiando o que aconteceu, e sim falando mal da falta dos transportes públicos.”

Maria Luiza, trabalhadora da Prefeitura da USP

Conversa entre três lutadores da Prefeitura, sobre 28A.

A avaliação foi positiva porque fizemos o que tinha que ser feito: paramos a cidade.
Mário, ficou encantado ao assistir ao vivo no FACE, durante a passeata na Vital, várias cidades do Brasil, fazendo o mesmo que nós.

Falou também que não imaginava que seria perseguido pela polícia duas vezes no mesmo dia. E apoiou a queima de pneus.

Sobre o que pode acontecer pra frente, está otimista porque acredita que o povo vai se conscientizar.

Carlão, ficou preocupado com a queima de pneus, pois sabia que a polícia vinha pra cima. Gostaria de ter ficado mais tempo na Alvarenga, quando fomos empurrados pela polícia, mas gostou da estratégia de ter ficado vários grupos em diferentes locais da cidade.

Sobre o futuro, está pessimista. Acha que passando todas essas reformas, o povo vai se entregar.

Eu, Tonho, concordo com Carlão, sobre a Alvarenga e sobre a estratégia.
Já com o Mário, concordo com a queima de pneus. Também gostei de ver o Brasil parado e estou otimista sobre o futuro do movimento. Pois acho que o 15M e 28A, foram muito importantes para a conscientização da classe trabalhadora, mesmo com a mídia manipulando.

Durante a passeata na Vital, eu vi noventa por cento do comércio, fechado. Isso literalmente, não tem preço! Os capitalistas piram!

Se o objetivo da greve é parar a produção, conseguimos!

Portanto, considero que a greve foi um sucesso!

Tonho, Mario e Carlão, trabalhadores da Prefeitura da USP




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