×

OPINIÃO | O Bradesco cresce, a classe trabalhadora agoniza: pela superação socialista dos monopólios capitalistas

Em meio a quase 12 milhões de desempregados no país, aumento exorbitante do emprego informal e, por conseguinte, da exploração e precarização do trabalhador pela burguesia – oriundos, sobretudo, da reforma trabalhista e previdenciária – o Bradesco fechou o ano de 2019 com lucro recorde de R$ 22,5 milhões! 1 Nunca o capitalismo esteve mais natimorto que antes; a contradição é por demais gigante – e hora ou outra, elas emergem em irrupções vulcânicas.

Rosa Linh Estudante de Relações Internacionais na UnB

segunda-feira 10 de fevereiro de 2020 | Edição do dia

Como bem lembra o revolucionário bolchevique Vladmir Lênin, a fase da livre concorrência do capital do século XIX passou para a fase dos monopólios imperialistas do século XX e, dessa forma, os bancos dão um salto de qualidade perverso em sua capacidade de exploração. Hoje, a revolução constante dos meios de produção financiada pela burguesia e exaurida da força de trabalho do proletariado engendra um domínio já mais abissal do que o da época de Lênin – todavia, permanece um fio de continuidade: os monopólios bancários são uma das pontas de lança da contradição no sistema-mundo, da imagética cabal e material da falência do capitalismo enquanto sistema.

“À medida que os lucros aumentam e os bancos se concentram em um pequeno número de estabelecimentos, estes deixam de ser modestos intermediários para se tornarem monopólios todo-poderosos, dispondo da quase-totalidade do capital-dinheiro do conjunto dos capitalistas e dos pequenos empresários, assim como da maior parte dos meios de produção e das fontes de matérias-primas de um dado país ou de toda uma série de países. Esta transformação de uma massa de modestos intermediários em um punhado de monopolistas constitui um dos processos essenciais da transformação do capitalismo em imperialismo capitalista” (LÊNIN, 1916, p. 30)

Em um país com 41,1% (38 milhões de trabalhadores)3 das ocupações de trabalho na informalidade – isto é, serviços precários sem vínculos registrados na carteira de trabalho, dificultando ou tornando impossível, por vezes, a contribuição previdenciária e o acesso à direitos trabalhistas – um banco como o Bradesco lucra como nunca, junto com toda a classe burguesa. Mais que isso: somando Vale, Gerdau e Bradesco, obtemos um total de R$ 1 trilhão em dívidas à previdência!4 O Estado burguês é grosseiro: não basta passar pano para as dívidas dos monopólios privados, é preciso fazer o conjunto da classe trabalhadora pagar, dia após dia em atividades produtivas degradantes, as mazelas de cada tostão roubado pela reforma da previdência e trabalhista. Não basta o olhar oblíquo e dissimulado do fetiche da mercadoria, é preciso fabricar um sistema no qual o trabalhador assalariado pague com a própria vida pela miséria da classe produtora, enquanto bancos como o Bradesco se entopem de toneladas de dinheiro.

Bem, na ótica do atual governo, isso é o corriqueiro e necessário “para o país crescer” (evidente que quem cresce não são os trabalhadores do Uber ou do iFood); contudo, não se pode esquecer aquele que mais bradava alto em nome dos altos lucros dos bancos em seus mandatos: Luís Inácio Lula da Silva, isso mesmo! Ora, até que ponto podemos tolerar, por um lado, um governo de um presidente tosco, o qual leva a cabo a austeridade imperialista representada pelo chicago boy – este inspirado na ditadura sanguinária de Pinochet no Chile – e, por outro, uma tentativa de volta ao passado de crescimento dos países de capitalismo central, quando se podia fazer conciliação com os banqueiros e praticar um genocídio com a juventude negra e ainda se mostrar como redentores dos pobres e explorados? Pois é, essa é a demonstração material de como a conciliação entre classes antagônicas é impossível – e a classe trabalhadora brasileira sente isso cada vez mais na pele.

A greve nacional dos petroleiros nesses últimos dias 5, os recorrentes protestos de trabalhadores informalizados 6 – todas as formas de resistência da classe trabalhadora apenas exprimem a maturidade das contradições materiais entre burguesia e proletariado. Desse modo, o oligopólio dos banqueiros apenas representa uma das faces usurpadoras da classe dominante e a consequente necessidade da luta para usurpar tudo que a burguesia rouba dos trabalhadores: faz-se imperativa a luta pela estatização de todos os monopólios bancários e sua autogestão pelos trabalhadores, trabalhadoras e usuários, o que perpassa, imperativamente, pela pressão e exigência à burocracias sindicais de que façam valer o suor e o sangue de cada operário. No atual estágio de exploração capitalista, precisamos lutar a cada dia por mais, em mote de revolução permanente, num horizonte de vitória, balanceando aquilo que se faz necessário no âmbito das condições imediatas da classe, no entanto fazer sempre claro a ofensiva de luta a fim de conquistar as necessidades históricas do proletariado – a emancipação de todas e todos os explorados, a luta final, a revolução socialista. Nas palavras de Trotsky:

“A IV Internacional não rejeita as reivindicações do velho programa mínimo, à medida que elas conservaram alguma força vital. Defende incansavelmente os direitos democráticos dos operários e suas conquistas sociais. Mas conduz este trabalho diário ao quadro de uma perspectiva correta, real, ou seja, revolucionária. A medida que as velhas reivindicações parciais mínimas das massas se chocam com as tendências destrutivas e degradantes do capitalismo decadente - e isto ocorre a cada passo -, a IV Internacional avança um sistema de REIVINDICAÇÕES TRANSITÓRIAS, cujo sentido é dirigir-se, cada vez mais aberta e resolutamente, contra as próprias bases do regime burguês. O velho programa mínimo é constantemente ultrapassado pelo PROGRAMA DE TRANSIÇÃO, cuja tarefa consiste numa mobilização sistemática das massas em direção à revolução proletária.” (TROTSKY, 1936, p. 4)

A tendência do capitalismo é a decomposição engendrada em seu próprio seio; cabe a nós revolucionários, inspirando-se nas atuações da juventude Faísca na greve dos petroleiros 8, que possibilitemos a superação das burocracias, tentáculos explícitos da classe burguesa, e materializemos a libertação de todas e todos os trabalhadores por suas próprias mãos – rumo ao sonho necessário, ao poder e ao comunismo!

Referencias:

https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/02/05/bradesco-tem-lucro-de-r-226-bilhoes-em-2019.ghtml

https://www.marxists.org/portugues/lenin/1916/imperialismo/cap2.htm

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2020/01/08/internas_economia,818964/desemprego-cai-mas-recuperacao-robusta-so-vira-com-mais-investimentos.shtml

https://www.viomundo.com.br/denuncias/vale-bradesco-gerdau-e-outras-empresas-acumulam-divida-de-quase-r-1-trilhao-com-a-previdencia.html

https://www.esquerdadiario.com.br/spip.php?page=gacetilla-articulo&id_article=23189

https://www.esquerdadiario.com.br/Entregadores-de-Ifood-Uber-e-Rappi-fecham-avenida-Higienopolis-por-melhores-condicoes-de-trabalho

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/999769/mod_resource/content/1/TROTSKY%2C%20Leon.%20O%20programa%20de%20transi%C3%A7%C3%A3o.pdf

http://www.esquerdadiario.com.br/A-greve-dos-petroleiros-na-voz-dos-proprios-trabalhadores




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias