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Número de alunos no ensino à distancia aumenta e precarização do ensino também

Para cortar custos, universidades aumentam o número de cursos a distancia e diminuem os cursos presenciais.

Gustavo LontraEstudante de Matemática da UERJ

quinta-feira 31 de agosto de 2017 | Edição do dia

De acordo com o Censo de Educação Superior 2016, divulgado nesta quinta-feira (30) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de alunos novos no ensino superior matriculados nos cursos presenciais caiu 3,7% de 2015 para 2016. Já nos cursos à distância, houve um aumento de mais de 20% do grupo de ingressantes.

Com menos professores, o ensino a distância vem sendo usado pelas universidades para cortar custos, fazendo, assim, com que a qualidade do ensino diminua, ja que o contato pessoal com o professor, a relação humana entre aluno e professor, e as trocas ocorridas dentro da sala de aula só ocorrem nos cursos presenciais.

Em 2006, apenas 4,2% dos universitários estudavam na modalidade a distância. Dez anos depois, a parcela saltou para 18,6% das matrículas.

De acordo com o Inep, a idade mais frequente do aluno que entra no curso à distância é de 28 anos – no presencial, é de 21 anos. Uma expressão de que o aluno do ensino à distância é, em sua maioria, composto por jovens trabalhadores, que não romperam o filtro social do vestibular para as universidades públicas, e para poder conciliar o trabalho (fonte de renda que lhe permite, inclusive, pagar a faculdade), e cursar o ensino superior de uma maneira que caiba no seu bolso, acabam optando por um ensino mais sucateado como os EAD.

Ainda de acordo com o Censo, o Brasil possui 2.407 instituições de educação superior: 87,7% são privadas e 12,3%, públicas (federais, estaduais e municipais). A distribuição dos estudantes nos cursos brasileiros fica da seguinte forma: 75,3% dos universitários estão setor privado e 24,7%, no público.

Ou seja, em todo o país, mais de 75% dos estudantes do ensino superior pagam para estudar, enquanto uma minoria tem acesso ao ensino superior público e gratuito.

Os únicos estados em que há mais alunos nas instituições públicas do que nas privadas são Paraíba e Roraima. A média nacional é de 2,5 alunos da rede privada para cada um da rede pública. No entanto, no Distrito Federal, em Rondônia, no Espírito Santo, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, a proporção é ainda maior. Em São Paulo, chega a ser o dobro: para cada aluno de rede pública, existem cinco na particular.

Com a crise nas universidades públicas, que vêm sofrendo com corte no orçamento, e a ganância dos grandes capitalistas tubarões do ensino que querem apenas obter mais lucro, o ensino à distância vem sendo cada vez mais estimulado, pois custam menos para os empresários e as mensalidades são um pouco menores para os alunos, mas a conta não fecha se levarmos em conta a precarização do ensino e como isso se trata de descarregar o peso da crise nas costas da juventude trabalhadora que quer oportunidade de estudar.

O diretor de estatísticas educacionais do Inep, Carlos Moreno, explicou que, atualmente, o número de vagas no ensino superior é maior que o de alunos formandos no sistema e, mesmo assim, nem todas as vagas são preenchidas. “Hoje, para chegar na meta do PNE [Plano Nacional de Educação], temos que aumentar a educação superior em três milhões de alunos” afirma Carlos Moreno.

Mas esses alunos devem estar ocupando vagas nas universidades públicas, e não se formando através de aulas online, sem acesso a biblioteca, e à vivencia universitária que faz florecer o pensamento e estimula o raciocínio crítico.

Por isso é urgente e necessária a defesa do fim do vestibular, que é um filtro social onde passam os que tiveram acesso mais qualificado ao ensino básico, em escolas particulares, e deixa de fora toda a juventude trabalhadora, filhos da comunidade que sustenta as universidades públicas através dos impostos. Abolindo o vestibular e estatizando todas as universidades privadas, para coloca-las a serviço da população, assim como a criação de novas universidades, para garantir o direito a educação pública, gratuita e de qualidade para todos.




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