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CONTRA A REFORMA TRABALHISTA | Novo dia de protestos na França com as centrais sindicais divididas

Enquanto os trabalhadores se preparam para voltar às ruas nesta terça-feira, o principal dirigente da central sindical Force Ouvrière (FO) confirmou que não participarão das mobilizações.

segunda-feira 4 de julho de 2016 | Edição do dia

Jean-Claude Mailly, principal dirigente da central sindical Force Ouvrière (FO) parece ter ficado sem desculpas para esconder sua intenção de abandonar os protestos nas ruas em troca de apostar todas suas fichas na negociação parlamentária.

O dirigente da FO confirmou que não participarão do novo dia nacional de protestos nesta terça-feira (5) “por razões de segurança”. Por trás deste giro há uma mudança de estratégia desta central que busca reposicionar-se no jogo sindical, tomando distância do "radicalismo" da CGT. É por isto que quando acaba de ser divulgado o trajeto da manifestação de 5 de julho da Place d’Italie à Bastilha (na direção oposta à de 28 de junho), Jean-Claude Mailly decidiu boicotar a marcha. Fez isso se escondendo atrás de dois argumentos no mínimo polêmicos: que até agora “fizemos ser respeitada a liberdade de manifestação” e que pela ação dos “vândalos”, fica “complicado organizar este tipo de manifestações”.

"Fizemos ser respeitada a liberdade de manifestação"

Mailly disse na sexta-feira passada que até agora se tinha “respeitado a liberdade de manifestação”, ao referir-se às negociações que as direções sindicais tinham tido com o Ministério do Interior antes da marcha de 23 de junho. Estas negociações terminaram no levantamento da proibição de marchar por parte do governo em troca de que os manifestantes aceitem um trajeto pré-estabelecido, supervisionado pelas forças de segurança e cercado em toda cidade, para por os manifestantes em uma espécie de “curral”.

Como se não existisse uma repressão e militarização permanente em cada mobilização, Mailly parece ter esquecido que desde o início do movimento só se viu um aumento da repressão, os encarceramentos e perseguições. Os gases lacrimogêneos se transformaram em um clássico de cada manifestação. E foi só a pressão social que permitiu que as marchas acontecessem apesar das proibições.

Enquanto Mailly se nega a chamar a manifestação desta terça-feira e se isola da CGT, avança em sua política de negociar algumas emendas na Lei Trabalhista, e pressionar no terreno parlamentário.

Ainda que o comunicado da Intersindical (que inclui a CGT, FO, FSU, Solidaires, a UNEF e Fidl) chame a continuar a "mobilização", na realidade esta última ação do Secretário Geral da FO demonstra que as formas desta "mobilização" ficam a critério de cada direção sindical.

"Fica complicado organizar este tipo de manifestações"

Retomando a retórica e a hipocrisia do governo, Mailly responsabiliza os chamados "vândalos" pela falta de liberdades democráticas no país. Retomando os elementos do discurso do Primeiro Ministro, se poderia dizer que ele é o novo porta-voz do governo.

Na realidade, ainda quando o governo não cedeu em nada – nem sequer quanto às exigências mínimas da Force Ouvrière – Mailly já anunciou o final da partida para FO. Nem sequer houve um último combate; foi uma derrota sem batalha final. E isso que ele gritava há alguns meses "mobilização até a retirada [da lei]!”.

Ainda que o Secretário Geral da FO já tenha dado seu ponto de vista, ainda está tudo por ver-se. O texto da Lei de Reforma Trabalhista voltará a ser revisado na Assembleia Nacional a partir deste 5 de julho e ainda há tempo para travar a batalha e manter a pressão, ainda que seja para manter nossa exigência de retirada definitiva da lei. A base sindical da Force Ouvrière, mobilizada frente a esta lei trabalhista e tendo demonstrado sinais de combatividade em várias ocasiões, seguramente terá uma visão diferente da de sua direção.

Tradução Francisco Marques




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