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CHILE | Novas medidas econômicas: Um discurso hipócrita e demagógico de Piñera em benefício das empresas

Sebastián Piñera anunciou um novo pacote de medidas econômicas com um discurso cheio de demagogia: “estamos inteiramente conscientes dos temores, das angústias e das incertezas que essa pandemia tem gerado na qualidade de vida de todas as famílias”. Piñera diz isso hipocritamente enquanto sua política é manter os lucros empresariais e precarizar a vida das e dos trabalhadores.

sexta-feira 10 de abril de 2020 | Edição do dia

Esse novo pacote foi apresentado como a segunda parte de um primeiro conjunto de medidas econômicas que significaram a injeção de mais de 6 bilhões de dólares na rentabilidade das empresas chilenas, em uma apresentação cheia de demagogia que afirma que o dinheiro irá para o benefício das famílias e dos trabalhadores quando, na verdade, a grande maioria dos recursos são para as grandes empresas.

Um dos eixos levantados pelo governo afirma que irá ajudar os trabalhadores informais com 2 bilhões de dólares, porém não dizem quando vão dar para cada um deles, um dos setores mais desprotegidos frente aos efeitos econômicos da crise.

Provavelmente serão migalhas e auxílio de miséria como foi o auxílio Covid-19 de 50 mil pesos chilenos (cerca de 300 reais) que entregou ao 60% mais pobres na primeira parte do pacote econômico.

Além disso, Piñera mente descaradamente quando diz que estão protegendo a renda dos trabalhadores, quando sua lei de “proteção ao emprego” inclui a diminuição do salário, que deve ser coberto pelo seguro-desemprego dos trabalhadores, garantindo somente 70% do salário habitual nos primeiros 3 meses, montante que vai reduzindo-se a cada mês.

Já são milhares de trabalhadores que, dia após dia, solicitam o pagamento do seguro desemprego, seja por causa dessas diminuições salariais, seja por causa das milhares de demissões que que afligem os trabalhadores por conta dos ataques empresariais, ataques que as grandes empresas que ganharam milhões são as primeiras a levar a cabo.

Isso é responsabilidade das políticas e medidas do governo: empurram a precarização enquanto obrigam milhares a continuar trabalhando, incluindo em setores ou serviços não essenciais da economia, arriscando a saúde dos trabalhadores e de suas famílias, sem medidas básicas de higiene e segurança sanitária nos locais de trabalho e nos transportes públicos.

Em segundo eixo do novo pacote, o governo anunciou dinheiro para garantir a liquidez das empresas, além de abaixar as taxas de juros, dar descontos em impostos e facilidades para as empresas não pagarem salários. É dinheiro direto para salvar as empresas: Lhes outorgam créditos para o “capital de trabalho”, porém mantêm as mãos dos empresários livres para suspender contratos de trabalho e para deixar de pagar o salário dos trabalhadores por meio da lei de proteção do emprego recentemente aprovada.

Para ajudar as empresas agora o governo disponibilizou a capitalização do Fundo de Garantias para Pequenos Empresários (FOGAPE) para até 3 bilhões de dólares, o que implica aumentar os recursos desse fundo, permitindo outorgar créditos avalizados pelo governo de até 24 bilhões de dólares, cifra que equivale a 10% do PIB chileno. Mas não se trata apenas das pequenas empresas. As grandes empresas, que faturam vendas e lucros multimilionários, poderão acessar empréstimos com uma garantia estatal de 60% dos créditos. Essas seriam as empresas com vendas anuais de até 28 milhões de pesos chilenos (cerca de 170 mil reais).

Além disso, os 5 bilhões de dólares imediatos virão de um ajuste no gasto fiscal. “Todos temos que fazer sacrifícios”, disse posteriormente o ministro Briones. O corte do gasto fiscal dificilmente será do gasto com os milionários subsídios das empresas, mas sim tentarão descarregá-lo na saúde, na educação, na habitação, como sempre fazem.

É clara a linha do governo: Para os trabalhadores, diminuição de renda, corte de salários, demissões e auxílios miseráveis enquanto nos usam de bucha de canhão diante da pandemia. Aplaudem os trabalhadores da saúde porém os condenam ao contágio e à falta de insumos nos consultórios e hospitais. Mas para as empresas, benefícios e regalias.

Frente as medidas e ataques do governo é necessário proibir as demissões, suspender o trabalho nas empresas e indústrias não essenciais, garantindo licenças médicas de aplicação automática e com o pagamento de 100% dos salários aos trabalhadores, além de testes massivos, respiradores e outros insumos, que poderíamos conseguir com impostos sobre as grandes fortunas e nacionalizando o sistema de saúde para colocá-lo a serviço da saúde do povo trabalhador.

Texto publicado originalmente em espanhol no La Izquierda Diario, integrante argentino da Rede Internacional de Diários La Izquierda Diario.




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