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LUTA CONTRA O MACHISMO E PELOS TRABALHADORES | Nossa luta é contra a violência às mulheres e também contra todas as reformas, diz Diana Assunção

Diana Assunção, que concorre às eleições para vereador em São Paulo pela Bancada Revolucionária de Trabalhadores do MRT, falou ao Esquerda Diário sobre como sua candidatura coletiva articula a luta contra a violência às mulheres à luta contra as reformas que atacam os nossos direitos. Confira.

quinta-feira 5 de novembro de 2020 | Edição do dia

Diana Assunção, trabalhadora da USP que há mais de dez anos fundou o grupo de mulheres Pão e Rosas e atuou em diversas greves e mobilizações dos trabalhadores de muitas categorias, está participando das eleições em São Paulo ao lado de Marcello Pablito, também trabalhador da universidade, e Letícia Parks, professora. Eles fazem parte do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) e compõem a Bancada Revolucionária, uma candidatura coletiva que se propõe a ser uma voz dos trabalhadores contra Bolsonaro, Mourão e o regime do golpe.

Frente ao escandaloso caso da sentença que absolveu o estuprador de Mari Ferrer, o empresário André de Camargo Aranha, Diana e a Bancada Revolucionária têm atuado na convocação das manifestações e defenderam uma posição em vídeos e artigos que podem ser conferidos no site da candidatura. A convite do Esquerda Diário, Diana deu uma declaração sobre a questão da luta contra a violência às mulheres como um todo. Confira abaixo o que a candidata nos disse:

“O Brasil é um dos países com maior número de casos de violência contra as mulheres, como feminicídios, agressões e estupros. Nós entendemos que casos absurdos como estes não são fatos isolados, mas são o ápice de uma longa cadeia de violência contra as mulheres, que tem raízes profundas no patriarcado e no capitalismo, que se apropria e utiliza a opressão as mulheres para poder lucrar mais, intensificando a exploração por meio da divisão dos trabalhadores e de uma exploração ainda mais intensa de metade deles: as mulheres.

Em um país de profunda desigualdade social como é o caso do Brasil, em que o 1% mais rico da população tem um ganho mensal que equivale a 33,8 vezes mais do que o dos 50% mais pobres, a violência contra as mulheres só poderia ser mais profunda e mais intensa. O que queremos dizer com isso é que a pobreza, as péssimas condições de trabalho, o desemprego, a falta de moradia e de serviços públicos essenciais, como educação e saúde, atinge de forma mais dura as mulheres do que os homens, justamente porque o machismo da sociedade se expressa em uma maior exclusão das mulheres. Assim, quando se retira um direito dos trabalhadores, as mulheres e os negros – e principalmente as mulheres negras – são os mais duramente atingidos. Não é à toa que vemos nos trabalhos mais precarizados, como é o caso das empregadas domésticas ou trabalhadoras terceirizadas da limpeza, uma ampla maioria de mulheres negras, submetidas às piores condições de trabalho e os piores salários.

Assim, combatemos com todas as nossas forças e nos colocamos do lado de cada vítima de violência, como Mariana Ferrer, em sua luta por justiça. E dizemos que nossa luta é contra a violência às mulheres e também contra todas as reformas, como as reformas trabalhista, da previdência e, agora, a reforma administrativa, que, ao atacar os direitos da classe trabalhadora, impõe o agravamento da violência contra as mulheres, que sofrerão mais com o desemprego, com trabalhos precários, com a dupla jornada, que terão muitas vezes sua independência econômica tolhida, ficando à mercê da violência doméstica, entre tantos outros absurdos. Entendemos que para lutar de forma consequente para que acabe de vez todo tipo de violência contra as mulheres, não se pode dissociar a luta intransigente contra suas formas mais visíveis e absurdas de uma luta contra os ataques aos direitos dos trabalhadores como um todo, e que é somente ao lado da classe trabalhadora, lutando para que também os sindicatos e organizações da nossa classe tomem para si as bandeiras da luta contra o machismo ao lado das lutas econômicas, que poderemos avançar para derrubar as reformas, o regime e o Estado capitalista que a sustentam, rumando em um sentido profundo e estratégico para a libertação das mulheres e dos trabalhadores.”




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