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#striketober | No governo do imperialista Biden, inúmeras greves acontecem nos EUA

O número de greves nos EUA dispararam nos últimos anos, sobretudo depois do Black Lives Matter, revelando uma importante recomposição do movimento operário e apontando o caminho para questionar o imperialismo estadunidense de Biden.

Rosa Linh Estudante de Ciências Sociais na UnB

terça-feira 12 de outubro de 2021 | Edição do dia

O ataque a um padrão de vida já em declínio nos Estados Unidos de Biden provocou um pequeno aumento nas ações de greve - potenciais e reais - em todo o país. Os trabalhadores das indústrias de TV e cinema, representados pelo IATSE, estão prontos para sair de greve em breve.

A Aliança Internacional de Funcionários de Palco Teatral (IATSE) chegou a um impasse nas negociações com a Aliança de Cinema e Televisão sobre seu novo contrato. No fim de semana, os sindicalistas votaram por uma votação de autorização da greve, abrindo caminho para uma das maiores ações trabalhistas da história de Hollywood. O sindicato precisava de 75% de votos a favor para autorizar a greve. Em resposta, 90 por cento dos eleitores elegíveis participaram da votação de autorização, com 98 por cento votando a favor da greve.

E agora os trabalhadores da Kellogg Company estão em greve em várias cidades dos EUA. A greve acontece nas cidades de Battle Creek, Lancaster, Omaha e Memphis. Essas instalações produzem várias marcas onipresentes da Kellogg’s, incluindo Rice Krispies, Raisin Bran, Froot Loops, Corn Flakes e Frosted Flakes. Ela ocorreu após um ano de negociação coletiva que não conseguiu garantir um novo contrato. A Kellogg quer cortar benefícios de saúde, pagamento de férias e tempo de férias. A paralisação envolve 1.400 trabalhadores nas várias fábricas.

Da mesma forma, as enfermeiras da Kaiser Permanente da Califórnia ameaçam entrar em greve; mais de 11 mil carpinteiros de Washington entraram em greve no começo do mês passado por aumento salarial; os mineiros do Alabama da BlackRock. Há algumas semanas atrás se encerrou uma greve que durou um mês em fábricas da companhia de alimentos Mondelez International no país.

Em setembro, mais de 2.000 carpinteiros de Seattle fecharam projetos de construção em toda a cidade por quase vinte dias antes de fechar um novo contrato. Na semana passada, 2.000 profissionais de saúde em Buffalo pararam por melhores salários e benefícios. E na manhã de quinta-feira, 2.000 trabalhadores de telecomunicações, membros da Communications Workers of America da Califórnia, pararam por práticas trabalhistas injustas. A greve de Hunt’s Point, a greve da Volvo e as greves nas universidades de Columbia e Nova York envolveram, em um nível ou outro, o aumento da militância na classe trabalhadora. Na Volvo, os membros rejeitaram não uma, mas duas ofertas de acordo coletivo injustas, enquanto em Columbia, os estudantes de graduação se organizaram fora da burocracia sindical em uma tentativa bem-sucedida de rejeitar o acordo provisório do UAW com a universidade.

É importante ver que estão ocorrendo várias lutas operárias no país mais rico do mundo e diante do governo democrata de Joe Biden, articulador do desvio de uma possível saída disruptiva e ainda mais radical da luta negra do BLM para as urnas do regime imperialista estadunidense. Diante da saída desastrosa do Afeganistão, parcelas da população começam a fazer experiências importantes com o governo.

Diante disso, a burocracia sindical da AFL-CIO emplacou a hashtag #striketober (algo como outubro de greve). Uma forma cínica de conter a luta apenas em termos sindicais e econômicos, mas que possui uma potência histórica, principalmente diante do fato de que o movimento operário estadunidense sofreu duros golpes principalmente na segunda metade do século passado - como o Macartismo, doutrina ultrarreacionária que perseguiu as principais lideranças dos movimento operário e social no contexto da Guerra Fria. Com a dissolução da URSS e o advento do neoliberalismo, o movimento sindical do país perdeu muitas de suas forças morais. Contudo, sobretudo com o Black Lives Matter, ressurgiu uma renovada onda de greves e mobilização dos trabalhadores por todo o país.

Trata-se de um importante exemplo para os trabalhadores em todo mundo, mostrando a incrível capacidade de recomposição operária. A classe operária, apesar das derrotas históricas que levaram suas direções como a restauração burguesa na URSS, o desvio do ascenso operário de 1968-80 e a vitória do neoliberalismo, não levou um golpe mortal e final. Essa lição é crucial para o período atual no Brasil, que está em uma situação profundamente reacionária advinda de importantes derrotas do movimento operário, como o golpe institucional e a aprovação das reformas anti-operárias; no entanto, nossa classe não está derrotada estrategicamente, o que os focos de resistência pelo país comprovam, como a greve da Proguaru em Guarulhos, rodoviários da Carris em Porto Alegre, os metalúrgicos da Sae Tower em Betim ou da GM no ABC paulista.

Por isso, é tão crucial uma política de independência de classe, dedicada a reagrupar a vanguarda com um programa operário e socialista, baseado na luta de classes e na auto-organização, a fim de construir um partido revolucionário da classe operária à altura das futuras rebeliões e convulsões sociais no país para dirigi-las rumo à ruptura com o capitalismo.




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