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ESTADO DE EMERGÊNCIA EM FERGUSON | No aniversário de um ano da morte de Mike Brown voltam a ocorrer tensões raciais nos EUA.

Protesto no último domingo levou centenas às ruas da cidade americana de Ferguson, justamente para marcar a data em memória do jovem Mike Brown. Outro jovem foi gravemente ferido pela polícia.

Allan CostaMilitante do Grupo de Negros Quilombo Vermelho - Luta negra anticapitalista

terça-feira 11 de agosto de 2015 | 21:03

Desta vez, um protesto chamado no último domingo, dia 09, levou centenas às ruas da cidade americana de Ferguson, justamente para marcar a data em memória do jovem Mike Brown, de 18 anos, baleado por policiais em outubro de 2014 enquanto estava desarmado e cujo corpo ficou exposto por mais de quatro horas.

Os protestos da noite do dia 09 fizeram com que entidades de luta pelos direitos dos negros chamassem um “dia de desobediência civil”, como forma de resistência à polícia local que havia decretado “estado de emergência”, contra as mobilizações dos negros da cidade, medida que colocou ainda mais policiais nas ruas.

Na noite de ontem, houve momentos de tensão que culminaram na ação que, já na madrugada do dia 11, feriu gravemente com 12 tiros um jovem negro, Tyrone Harris Jr. de apenas 18 anos, e na prisão de outros 24 manifestantes.

O jovem foi alvejado por policiais à paisana, que alegaram que foram recebidos com tiros por um grupo de manifestantes armados. Familiares e amigos negam que Tyrone estivesse armado e explicaram que o jovem fugia do tiroteio quando foi alvejado.

A versão de que houve tiroteio contradiz a primeira declaração do próprio porta-voz da polícia, Shawn McGuire, que chegou a declarar que durante os protestos não houve disparos, roubos ou saques. O jovem foi socorrido e acusado por disparo doloso com arma de fogo, ataque com arma de fogo e de ataque contra forças de segurança, passou por cirurgia, mas continua internado em estado grave.

De Mike Brown e Tyrone Harris à chacina da Cabula, a polícia contra os jovens negros.

De 2014 pra cá não foram poucos os casos de mortes covardes contra negros por parte da polícia, como nos casos de Eric Garner e Mike Brown. Ainda que o último ano tenha registrado o inegavelmente importante ascenso de movimentos como o “Black Lives Matter”, que ganhou repercussão nos EUA e no mundo, a polícia segue sua sina racista contra o povo negro, apoiada pelo governo americano que, apesar do discurso apaziguador de Barack Obama, é incapaz de responder à altura a esse problema que é intimamente ligado à lógica capitalista.

A prova disso é que no mesmo dia em que se resgatava a memória e o pedido de justiça por Mike Brown, Tyrone Harris Jr. se tornou mais uma das milhares de vítimas da violência policial e, apenas alguns dias antes, na sexta-feira (07), outro jovem desarmado, Christian Taylor de 19 anos, também foi morto pela polícia no Texas.

A mesma lógica que persegue, encarcera e mata negros nos EUA, também faz suas vítimas no Brasil. É impossível ver a luta do povo preto norte americano e não pensar nas milhares de vítimas da violência policial racista no Brasil.

Se faz necessário, então, perceber que a chaga do “suspeito padrão” não conhece fronteiras nacionais, que a dor pesa e o sangue negro verte da mesma forma pelas mãos de policiais texanos e nova iorquinos ou nos morros dominados pelas UPP’s e no bairro da Cabula, em Salvador.




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