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25 de julho: ESPECIAL MULHERES NEGRAS | Nesse 25 de julho, denunciar o racismo e resgatar as guerreiras negras!

Dia 25 de julho é dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Esse dia foi instituído em 1992 no I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, ocorrido em Santo Domingo, na República Dominicana, com o objetivo de dar visibilidade a essas mulheres, assim como às suas lutas e resistência negra contra as opressões de gênero e raça que sofrem diariamente.

sábado 25 de julho de 2015 | 03:37

Charge: Allan Costa

No Brasil, que teve sua construção histórica totalmente pautada em séculos de escravidão de negros africanos, cerca de 51% da população é negra, sendo as mulheres negras 25% da população. Porém, são a maioria no mundo do emprego precário e do desemprego: segundo o IBGE, enquanto 61,8% das mulheres brancas se encontram no mercado de trabalho, entre as mulheres negras o número cai para 47,3%. Isso se deve a diversos fatores, desde a menor escolaridade das mulheres negras, ocupação de postos sem carteira assinada, até a dificuldade de conseguir um emprego ligado ao público, por estarem fora do padrão de beleza pré estabelecido na sociedade. Ou seja, todos os fatores que apontam para uma única raiz: o racismo estrutural na qual se apoia e se constrói nossa sociedade.

Quando entramos no trágico cenário da violência contra a mulher no Brasil, mais uma vez a mulher negra ocupa o topo do ranking: segundo dados do Mapa da Violência, morrem cerca de 48% mais mulheres negras do que brancas vítimas de homicídio, na maioria das vezes pelas mãos dos próprios companheiros, após anos de violência doméstica. São também maioria entre as mulheres que morrem por negligência médica, pois a cor da pele determina o atendimento, e também em consequência de abortos clandestinos.

Essas mulheres são também minoria dentro das universidades para estudar, embora sejam maioria dentro dos banheiros para limpar. São minoria em profissões de prestígio e maioria nos presídios.

Suas religiões, de origem africana, que são símbolos de resistência da cultura negra, também são as que mais sofrem perseguição, como vimos recentemente o caso da jovem candomblecista que levou uma pedrada na cabeça ao sair do terreiro.

A mídia também deixa bem claro qual o papel das mulheres negras em nossa sociedade racista: nas novelas, ou estão sempre nos papeis de empregadas domésticas, ou estão no papel da mulata gostosa, dado à hiperssexualização das negras, sempre vistas como “mulher para pegar” apenas, por existir uma ideia de que negras são mais “sexuais” do que mulheres brancas. Nas raras vezes que alcancem um posto de mais prestígio, são alvo do mais grotesco racismo, como vimos com a jornalista Maria Julia Coutinho, do Jornal Nacional.

Todos esses elementos, entre outros, mostram a importância desse dia 25 de julho e como é necessário resgatar cada luta e resistência das mulheres negras. É fundamental denunciar todos esses racismos que essas mulheres sofrem cotidianamente, assim como reivindicar grandes guerreiras como Dandara e Aqualtune Palmares.

Nesse dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, queremos lutar para por fim à toda essa opressão! E para isso organizar as mulheres negras junto à classe trabalhadora, por entender que o racismo, sendo estrutural no Brasil, é um fundamental ponto de apoio da formação da sociedade capitalista que vivemos. Por uma sociedade livre da opressão e exploração!




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