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1º DE MAIO | Nesse 1° de maio: levantar um programa anticapitalista para derrotar a continuidade do golpe

Levantamos a necessidade de um programa anticapitalista para derrotar a continuidade do golpe institucional e exigimos uma frente unica operária para resistir aos ataques, sem misturar nossas bandeiras com a estratégia de frente popular do petismo. Apontando, assim, a necessidade urgente da construção de uma alternativa revolucionária diante da crise política do país.

Felipe GuarnieriDiretor do Sindicato dos Metroviarios de SP

segunda-feira 30 de abril de 2018 | Edição do dia

O 1° de maio, data em que devemos dar continuidade à história e tradição de luta da classe trabalhadora internacionalmente, nesse ano no Brasil, está profundamente marcado pelo processo de desenvolvimento do golpe institucional. Um golpe que como alertamos tinha como objetivo principal acelerar ataques, já antes colocados no governo do PT, retirando mais rapidamente direitos sociais, econômicos e políticos da classe trabalhadora, e aprofundando estruturalmente a subordinação do país ao capital imperialista internacional.

Uma das primeira medidas do governo Temer para agradar seus amigos empresários foi a aprovação da Reforma Trabalhista, que começou a ser aplicada, estabelecendo o trabalho intermitente, o aumento da jornada, e consequentemente a precarização e super exploração do trabalho. Se é verdade que em vários setores estratégicos, pela tradição de luta e resistência de várias categorias, a patronal ainda não conseguiu implementar a reforma, também é fato que a burguesia vem tentando criar mais condições para isso, sendo que a própria MP que estabelecia alguns limites para a reforma venceu.

Essa condições vêm sendo criadas com o fortalecimento de instituições reacionárias como o judiciário e a polícia federal, através da Operação Lava Jato, que estão totalmente ligadas a abrir o espaço para avançar um projeto neoliberal diretamente ligado à burguesia tradicional, com o ataque às liberdades democráticas, como um dos poucos direitos que ainda nos restam nessa degradada democracia, o do sufrágio universal. A prisão de Lula, e consequentemente a proibição de sua candidatura, por juízes que ganham super salários e auxílio moradia, retiram a possibilidade de mais de 30% da população expressar sua opinião nas eleições desse ano. Além disso, a prisão de Lula só aumenta, como aconteceu após a intervenção federal no RJ, as expedições que já existem principalmente contra milhares de jovens negros e trabalhadores nas periferias, assassinados cotidianamente pela polícia. Justamente o que denunciava a vereadora da esquerda Marielle Franco do PSOL, executada junto com seu motorista Anderson há um pouco mais de 45 dias.

E há mais ataques que vêm sendo preparados pela burguesia, a ofensiva de privatizações ganha um salto de proporções com a tentativa de entrega da Petrobras para o imperialismo, isso sem contar na Reforma da Previdência, que apesar do governo não ter conseguido aprovar este ano por medo da resistência doa trabalhadores na luta de classes num ano eleitoral, é um dos principais ataques que estarão na pauta do novo governo.

Diante de todos esses ataques, o PT e seus aliados como o PC do B, seguem sem oferecer nenhum tipo de resistência e com sua política de conciliação de classes, fazendo acordo e negociando coligações eleitorais com os golpistas, justificando sua traição dizendo que vivemos diante do fascismo e não há condições de mobilizar os trabalhadores, limitando-se a defender a degradada democracia em que se apoiaram nos seus 13 anos de governo para aumentar o lucro dos empresários e administrar o capitalismo.

Para esta política contam com a trégua e o pacto existente na burocracia das principais centrais sindicais. Que traíram as últimas convocações de greve geral, e deixaram os trabalhadores a reboque da agenda parlamentar. Além de0 que não movem um palha para que as lutas de resistência que surgem, como por exemplo atualmente as greves dos professores em MG, possam se nacionalizar e estabelecer uma frente única operária contra os ataques em curso. Não à toa, todas essas centrais estarão em Curitiba nesse 1° de Maio para "defender lula", mas mais do que isso trata-se de se conformar como parte estrutural de um projeto de frente popular tendo em vista as eleições desse ano. Onde a defesa de Lula, como a própria Força Sindical declara na sua convocatória está em contraposição a pauta dos trabalhadores: "Com a prisão de Lula no centro do debate, pautas tradicionais do dia do trabalhador, como a redução da jornada de trabalho e a valorização do salário mínimo, devem ficar em segundo plano".

Em SP, a mesma Força Sindical irá fazer sua tradicional festa com sorteios de carro na Praça Campo de Bagatelle, e além dos shows populares abrirá palanque para os golpistas e o presidenciável do Solidariedade Aldo Rebelo (ex-PC do B e PSB), que Paulinho da Força disse ser o "comunista quase capitalista". Não é por acaso que o evento terá o patrocínio do Governo de SP e da Hyundai. Já a CUT junto com a CTB, Intersindical e as Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, farão um ato pela liberdade de Lula e em defesa da Democracia na Praça da República, que na prática será um festival de música com a presença de artistas, para valorizar ainda amais este projeto de "Brasil para Todos" que o PT quer reeditar nesta frente democrática.

Para a burocracia sindical o que está em jogo nesse 1° de maio ao compor esta "Frente Democrática" é restabelecer o pacto social do Lulismo, que lhe permita por exemplo o retorno do imposto sindical, ao mesmo tempo que continue sendo a polícia do movimento operário, para que os ataques à classe sejam aprovados, enquanto os empresários possam continuar enriquecendo, atenuando essas contradições com concessões sociais que no capitalismo já se mostraram repetidamente que quando se dá com uma mão, em pouco tempo depois se retira com as duas.

Esse programa de conciliação de classes para administrar o capitalismo, com um projeto de frente popular para conter a luta de classes não deve ser alternativa a ser seguida para derrotar a continuidade do golpe. Os trabalhadores conseguirão resistir os ataques só através de uma frente única operária, que assim possa ganhar força social um programa de ruptura com o capitalismo, que lute pelo fim do pagamento da dívida pública que aumenta o lucro e a ganância dos capitalistas, da estatização dos principais setores estratégicos e a defesa das empresas estatais contra a privatização sob gestão dos trabalhadores e controle popular, a redução da jornada de trabalho sem a redução do salário, e a efetivação dos trabalhadores terceirizados sem necessidade de concurso público.

A esquerda abandona esse programa de ruptura com o capitalismo e a construção orgânica no movimento operário, para ser um conselheira à esquerda do PT, como expressa a candidatura de Boulos do PSOL, com a plataforma programática Vamos, apoiada inclusive por organizações que se reivindicam revolucionárias como o MAIS. Por essa via, o PSOL adota um programa reformista que tem como objetivo humanizar a administração do estado capitalista e acaba sendo uma ala a esquerda dentro do projeto de frente popular, como se expressa em todas as linhas do Manifesto de Unidade para Reconstruir o Brasil, assinado por partidos burgueses como o PDT de Ciro Gomes e o até ontem golpista PSB, que almeja lançar na disputa presidenciável o juiz aposentado Joaquim Barbosa.

Esses setores do PSOL, junto a pastoral operária e o PCB convocam o tradicional 1° de maio na Praça da Sé. Apesar de um eixo político correto em geral "Construir a unidade ação para derrotar as reformas e os ataques da direita", na sua convocação não há nenhuma delimitação programática com o petismo, e por isso no próprio evento diz que o ato irá se unificar com 1° de maio da CUT na Praça da República.

Por outro lado, o PSTU a partir da CSP- Conlutas ao não eleger como inimigo de classe a direita tradicional golpista e o seletivo e reacionário judiciário, segue abandonando a luta em defesa das liberdades democráticas, deixando-a nas mãos dos reformistas e do petismo, e assim não consegue se apresentar como uma real alternativa nesse processo, sem propor nada de efetivo nesse 1° de Maio e sem fazer essa luta politica na Praça da Sé.

Uma batalha que desde o MRT não nos furtaremos em fazer, levando nossa bandeira para a Praça da Sé, com espírito de retomar a história daquele palco de combate da classe operária, que em defesa da independência de classe se enfrentou não apenas com os patrões e o estado, mas também contra os pelegos do movimento sindical. Levantaremos a necessidade de levantar um programa anticapitalista para derrotar a continuidade do golpe institucional e exigindo uma frente única operária para resistir aos ataques, sem misturar nossas bandeiras com a estratégia de frente popular do petismo. Apontando, assim, a necessidade urgente da construção de uma alternativa revolucionária diante da crise política do país.




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