×

Naufrágil: coluna indisciplinada de arte e política

Palavra-chave: Carroça, Hebe Camargo, Desmoronamento, PEC do Inferno, Foda, Coxa, Porra, $ e Lua

Fábio NunesVale do Paraíba

sexta-feira 16 de dezembro de 2016 | Edição do dia

Editorial
Sob o signo da bad

"As grandes empresas estão voltando a tração animal, estamos ficando um país modesto, de carroça e vela."
Rei da Vela (1971) de José Celso Martinez Correa e Noilton Nunes
UM FILME DO CARALHO, DA BUCETA E DO RABO!

Quarta-feira, 14 de dezembro de 2016.
Um moleque puxa um carrinho cheio de sucata. No celular ele ouve "Diário de um detento", pedrada das antigas do grupo de rap "Racionais Mc’s". Embaçado. Parada que emociona e subverte o cotidiano de merda. É aquilo, quando a arte é sincera, ela fortalece e sobrevive até no inferno, agora, quando é coisinha a toa, vira dinheiro, tapinha nas costas e programa da Hebe. Será? Aí vai de cada um né.

Marginalia Zen Caipira
Paulo Ciriaco, nascido e criado em Taubaté, interior de São Paulo, escreve uns poemas e pensa histórias terríveis e silenciosas na terra do "Sítio do Picapau Amarelo". "Paisagem Acrílica" é o seu livro desconhecido do pequeno e do grande público. Selecionei quatro poesias deste datilógrafo marginal.

Não queremos ser
o bode expiatório
da paz - Disseram as pombas em passeata.

Casarão
Telhado grisalho,
Cicatrizes de cãibras nos caibros;
Paredes enrugadas e exaustas de esmurrarem as portas;
Pelos cantos, infiltração de janelas amareladas;
Piso reumático,
Alicerce envelhecido;
Desejo de desmoronamento.

  •  Ouviram isto?!
  •  Não é nada. Foi só um barulho engraçado.
  •  A morte é um barulho engraçado?

    A criança sussurrando calibre (38) desnuda o osso fragil da vida.

    Caveira my friend.
    Não é o dezembro de 68 com o AI-5 mas também não dá pra dizer que este final de 2016 tá sendo fácil. 2017 tende a ser pior? Depende. Se a classe trabalhadora e a juventude for pra cima, pode ficar melhor, agora, se a água continuar parada, o bagulho vai feder. A burguesia não tem ombro maluco, entra até o talo! Como diz o poeta acima citado: "Não se anda como elefante de açúcar próximo ao formigueiro".

    Perfil épico-lisérgico de uma atriz foda
    Baiana, nascida em 1942, aos 17 anos estudou direito e teatro. Candidata derrotada à Miss Bahia, glamour girl nas crônicas sociais da elite nordestina, produziu e atuou no curta-metragem "O Pátio" (1959), primeiro filme de Glauber Rocha.

    Em 1961 participa do filme "A Grande Feira", de Roberto Pires. Atriz premiada é indicada para atuar nos filmes "O Assalto do Trem Pagador" (1962), de Roberto Farias e em "O Padre e a Moça" (1966), de Joaquim Pedro de Andrade. Cinema Novo.

    Radical com a mediocridade, interpreta "Janete Jane" no filme "O Bandido da Luz Vermelha" (1968), de Rogério Sganzerla. Acusada de aristocrata e musa da alienação, escandalizou militares, stalinistas e beatas. Em 1969 interpreta "Ângela Carne e Osso" no filme "A Mulher de Todos", também de Sganzerla. Bertolt Brecht e LSD no país dos fantasmas.

    Começo da década de 1970, ápice da repressão e da censura no Brasil. Trabalha nos filmes "A Família do Barulho", "Cuidado Madame" e "Barão Olavo, o Horrível", de Júlio Bressane. No país da tortura e do futebol ela é "Sônia Silk, a fera oxiginada" em "Copacabana Mon Amour" e a mulher do magnata em "Sem Essa, Aranha", de Rogério Sganzerla.

    A barra pesou. "Nestas condições, imóvel diante da grande miséria nacional, o otário só pode seguir dopado de sol, cachaça e magia". Parte para o exílio em Londres. De volta ao Brasil, segue seu rumo sem pisar na bola. Da luz a ação, uma história de amor em bocas, palácios e estúdios. Helena Ignez, uma atriz maravilhosa.

    Toca do Infante
    + erva

  •  coxa.

    Que auto-estima da porra!
    Tiago Lacerda é famoso por ser um péssimo ator. Na novela "A Lei do Amor" (Rede Globo), de camiseta branca com a manga dobrada, cigarro na boca, livro na mão, bancando um criminoso com ares de Marlon Brando, o galã dá aquela forçada na barra que nem ele acredita. Felicidade de pobre acaba rápido, mas estas coisinhas da televisão aberta brasileira parece que não tem fim.

    Dê um chute no patrão
    O filme "Django" (2012) do Quentin Tarantino é racista, Leonardo Di Caprio é uma bosta, Roberto Carlos é o rei do plágio/feminicídio e o Zé do Caixão coloca a maioria dos novos cineastas brasileiros metidos a cult no chinelo de dedo com prego.

    Bang Bang
    Empire State da Lua
    Acho que vou vender paisagem para o imperialismo inglês


    Temas

    Cultura



  • Comentários

    Deixar Comentário


    Destacados del día

    Últimas noticias