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CORONAVÍRUS | "Não tenho medo de estar infectada, tenho medo de passar", diz trabalhadora da saúde de Santo André

O título desse texto expressa parte do diálogo com uma trabalhadora da saúde de Santo André que desde antes e, a partir dos primeiros casos de COVID-19 no Brasil, vem enfrentando diversas dificuldades fruto da situação da saúde pública em nosso país.

sexta-feira 3 de abril de 2020 | Edição do dia

Temos acompanhado cotidianamente todos os casos de contaminação e óbitos alcançados pelo COVID-19, pandemia essa que assola mundialmente o dia a dia de trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo. Tal pandemia expressa por sua vez a debilidade do governo que, eloquentemente, insiste em uma estratégia falida de combate ao COVID-19 que em nada visa zelar pela segurança e saúde da população, com campanhas como #fiqueemcasa sem oferecer testes massivos, o governo passa à população um ar de zelo por suas vidas, quando na verdade, o alvo da estratégia governamental é tentar evitar o colapso do sistema de saúde, tendo seu meio de ação totalmente fracassado por sua vez.

A trabalhadora em questão, técnica de enfermagem, atua em uma das unidades de pronto atendimento (UPA), localizada em Santo André. Em uma das unidades, trabalhadores estão tendo dificuldade de ter acesso para equipamentos de proteção individual correto e procedimentos seguros frente à crise. Os superiores das unidades de saúde impõem revezamento de EPIs básicos como avental e fornecimento controlado (quase escasso) de equipamentos de proteção individual.

Relata a trabalhadora que, na unidade, há presença de pessoas isoladas, com contaminação pela KPC (Superbactéria), onde as autoridades de forma irracional determinaram o revezamento do avental utilizado para cuidar dessas pessoas, ou seja, deixando claro em suas ações prevencionistas de que é indiferente para eles a contaminação dos trabalhadores da saúde pela KPC.

A bactéria KPC (Superbactéria), teve identificação inicial nos Estados Unidos, em 2000, depois de ter sofrido mutação genética, conferindo assim resistência a múltiplos antibióticos e capacidade de tornar resistentes outras bactérias. Tal bactéria pode ser encontrada em fezes, água, solo, vegetais, cereais e frutas, tendo transmissão em ambientes hospitalares, através de contato com secreções de outros pacientes infectados, desde que não sejam respeitadas normas básicas de desinfecção e higiene dos ambientes hospitalares.

Tal descaso das autoridades responsáveis pela continuação dos atendimentos da UPA levam aos trabalhadores e trabalhadoras das unidades de pronto atendimento uma atmosfera de crises de ansiedade, revolta e desespero. Pois se não há inclinação a casos de contaminação por outras bactérias quem dirá no momento alto da curva de contaminação por COVID-19? Os trabalhadores dessas unidades têm se unido diariamente em seus turnos buscando medidas individuais e em equipe afim de melhorar o dia a dia e seguir os procedimentos corretos que devem existir obrigatoriamente nos ambientes hospitalares, expressando na prática que a classe trabalhadora de conjunto, em diversos setores, sabe que caminho seguir para enfrentar a crise.

Tais relatos e denúncias dadas pelos próprios trabalhadores faz saltar o questionamento sobre o que devemos fazer para, no concreto, enfrentar o COVID-19, já que o governo de forma mesquinha segue com planos apenas evitar o colapso do sistema de saúde e salvar os lucros das empresas, e não salvar vidas.

A única forma de evitar o colapso do sistema de saúde e retardar a propagação do vírus retraindo os seus estágios iniciais é investindo seriamente na área de saúde, recupera-la dos cortes para que seja altamente capaz de combater um vírus que traz calamidade em vários lugares no mundo. Tal medida foi citada por profissionais da saúde, no Estado Espanhol, no Hospital Infanta Elena de Huelva, onde a citação consiste em “Mais pessoal, mais material” Precisa-se aumentar consideravelmente a equipe dos hospitais, garantindo o emprego de todos os profissionais, recontratando todos que foram demitidos nos últimos anos do sistema de saúde, incorporando profissionais da saúde privada e incorporar quantitativamente todos os alunos que cursam o último ano de suas carreiras voltadas à área da saúde, com treinamentos específicos para ocasião.

Se faz necessário a expropriação, isenta de pagamento de todas as empresas que no marco da produção, produzem máscaras, luvas e todos os equipamentos de proteção individual e coletiva pertinente a área da saúde com o fim de combater o vírus e colocar todos os meios sob controle dos próprios trabalhadores, que ao contrário do que expressa a burguesia, sabem muito bem que caminho seguir e como seguir. Basta de isolamento irracional e utilização inadequada de equipamentos de proteção individual da população, precisamos de testes massivos para a população, se atentar com responsabilidade o quanto está estendido o COVID-19, começando pelos idosos, pessoas com complicações ou doenças que agravam os estágios de contaminação que são os setores que mais sofrem com a pandemia.

Não devemos fechar os olhos frente à ausência de testes, devemos exigir que sejam feitos, para que paremos de navegar de olhos fechados e possamos ter o "mapa" da pandemia, combatendo-a de forma consciente e com as medidas necessárias, garantindo casas para quarentena a quem tem moradias precárias, ou não tem. Assim como defender o não pagamento da dívida pública e que esse dinheiro seja imediatamente investido em tudo que é necessário para combater a crise sanitária, que leva o desespero à classe trabalhadora.

Precisamos analisar que um plano de emergência gerido pelos trabalhadores não pode ser realizado por empresas capitalistas nem seus governantes, pois mesmo que exista um vírus altamente grave, seguem mantendo seus próprios interesses, que é de manter seus bolsos e contas bancárias cheias. Os capitalistas e seus governantes não querem disponibilizar seus acúmulos com a classe trabalhadora, preferem seguir lucrando e mantendo seus privilégios enquanto a população caminha a esmo frente à pandemia.

É necessário que todo o plano de emergência seja custeado pelos multimilionários das empresas privadas de saúde e dos impostos sobre as grandes fortunas capitalistas. Precisamos de um plano de choque, um plano que obrigue a burguesia abrir mão de seus privilégios e deixar que a classe trabalhadora tome o controle da situação, um plano que defenda a vida dos trabalhadores e do povo e não os desejos e anseios capitalistas.




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