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QUEM MANDOU MATAR MARIELLE | "Não posso falar nada", porteiro que associou Bolsonaro a morte de Marielle mora em área de milícia

Encontrada pela reportagem da revista Veja, porteiro declarou que tem se sentido "acuado". "Eu não estou podendo falar nada", disse. O porteiro mora em Gardênia Azul, bairro que segundo investigação da polícia seria zona de influência de Ronnie Lessa, um dos acusados de executar Marielle Franco.

sexta-feira 8 de novembro de 2019 | Edição do dia

A revista Veja localizou Alberto Jorge Ferreira Mateus, porteiro que associou o presidente Jair Bolsonaro a Élcio Vieira de Queiroz, um dos acusados de matar a vereadora Marielle Franco. O porteiro mora em área dominada por milícia na zona oeste do Rio em uma casa simples na Gardênia Azul, bairro da região administrativa de Jacarepaguá. "Eu não estou podendo falar nada. Não posso falar nada", disse Alberto quando abordado pela reportagem.

Foi ele quem anotou que Élcio ia para a casa de número 58, a de "Seu Jair", quando esteve no condomínio no dia do crime. Parentes e amigos relataram à revista que o porteiro está "acuado" e não arriscam dizer por que ele supostamente mentiu, como afirmou o Ministério Público após perícia feita às pressas um dia após o Jornal Nacional revelar o depoimento de Alberto.

Após a tentativa do Ministério Público do RJ tentar desmentir a versão do porteiro, descobriu-se que uma das promotoras é integralmente bolsonarista, tendo inclusive postado uma foto com o vereador Rodrigo Amorim que rasgou a placa de Marielle. A promotora foi afastada do caso. Além disso, outras fragilidades da investigação vieram a tona, como o fato de não ter sido feita perícia na gravação de voz apresentada do porteiro ligando para Ronnie Lesa, além de sequer a gravação ser do mesmo porteiro do depoimento.

Ainda segundo a Veja, a Gardênia Azul já estava no radar dos policiais que investigam o assassinato da vereadora porque Ronnie Lessa, o preso acusado de efetuar os disparos contra Marielle, seria um dos responsáveis pelo controle daquela região.

A reportagem também localizou o outro porteiro que trabalhava no Vivendas da Barra naquele dia. Trata-se de Tiago Izaias, o dono da voz que está nos áudios usados pelo Ministério Público e por Carlos Bolsonaro para atestar que foi Ronnie Lessa quem autorizou a entrada de Élcio. Izaias confirmou que partiu dele a ligação para Lessa, mas disse que não lembra quem trabalhava com ele no dia 14 de março de 2018.

Isto mostra que temos que impor com uma grande mobilização que a investigação e punição dos culpados seja efetivada, sem deixar que se naturalize que o Estado burguês pode seguir fazendo o que quiser com nossos mortos, até mesmo quando se trata de uma vereadora de esquerda. É muito grave que siga sem chegarmos à verdade e justiça para Marielle, dando uma verdadeira licença para matar para milicianos e quem quer que seja.

Mas ao mesmo tempo não podemos ter nenhuma ilusão de que sem uma investigação independente, que trabalhe em paralelo e controle todo o processo, será possível chegar a alguma verdade. A investigação do Estado deve ser acompanhada e fiscalizada rigorosamente por uma investigação que seja independente, composta por defensores notórios dos direitos humanos, sindicatos, familiares, parlamentares do PSOL, movimentos sociais e todos aqueles que, ao contrário da polícia e do judiciário, não tem rabo preso com os capitalistas, com milícias e nem nenhum interesse em deixar impune alguém que matou uma parlamentar negra e de esquerda.

Leia também: O Estado tem o sangue de Marielle nas mãos! Exigimos investigação independente e punição!




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