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MORTES NO FRIO DE SÃO PAULO | Não é só de frio que morre o morador de rua em São Paulo

Em meio a um período de total brutalidade, no qual morrem ao menos 5 moradores de rua por conta do frio em São Paulo, prefeitura de Haddad (PT) tenta “mascarar” a causa dessas mortes para seguir aplicando sua política higienista ilesa.

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

sábado 18 de junho de 2016 | Edição do dia

Foto: Eduardo Xavier/Arquivo pessoal

Acontece que já são mais de 100 moradores de rua encontrados mortos na grande São Paulo desde março deste ano. Só na primeira quinzena de Junho, são 25 desse total. Mas para o IML da cidade, nenhum desses casos se deu por conta do frio, nem mesmo nos últimos mais de 5 casos que escandalizaram a opinião pública neste mês.

O IML, em uma reportagem do G1, afirma que esses cinco casos são de “doenças que pessoas apresentavam no transcorrer de suas vidas que eram patologias graves, patologias cardíacas, patologias hepáticas e patologias renais também [...] Mas nada ligado ao caso de uma hipotermia e pessoas que teriam morrido por causa do frio. Isso não, como se a falta de assistência em períodos de friagem não fosse o responsável para que essas doenças se agravem, resultando na morte dessa população.

Seria vergonhoso se não fosse trágico o fato das autópsias realizadas pelo IML servirem para mascarar o fato do governo supostamente “mais humanitário” de Haddad (PT) em São Paulo na verdade segue perpetuando uma política de crueldade que permite que mortes como essas aconteçam. Não há assistência de fato a essa população, que demanda de mais vagas em abrigos (esses que, por conta de suas condições precárias e autoritárias muitas vezes são preteridas em relação à rua), assistência médica e psicológica, e que tenham suas necessidades ouvidas e atendidas.

Pensar nessas 100 mortes nos últimos três meses só reforça o caráter higienista da gestão de Haddad, que manda a GCM agredir e confiscar colchões e cobertas dos moradores, esses que morrem às centenas nas ruas de São Paulo a serviço de um projeto gentrificador, ou seja, voltado para que os capitalistas especuladores sigam lucrando em cima do direito à moradia. É o cúmulo da barbárie que o sistema capitalista produz: miséria e crueldade para o homem.




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