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Declaração | Não à guerra na Ucrânia: fora as tropas russas de Putin, abaixo a OTAN e o imperialismo!

A escalada de guerra de décadas dos EUA e da OTAN na Europa Oriental e o reconhecimento de Putin das repúblicas de Donetsk e Lugansk nos últimos dias terminaram nas primeiras horas da manhã de quinta-feira com o lançamento de uma operação militar russa na Ucrânia. Nem intervenção imperialista, nem interferência militar russa na Ucrânia. Por uma Ucrânia independente, operária e socialista.

quinta-feira 24 de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Putin tomou sua decisão. Realizou o que chamou de “operação militar especial” na região oriental do Donbass, na Ucrânia, enviando tropas militares para além da fronteira às regiões administrativas de Luhansk e Donetsk, reconhecidas no último dia 21 de fevereiro como repúblicas independentes. Combinado com o envio de tropas ao Donbass, o Ministério da Defesa da Rússia divulgou nota esclarecendo que realiza bombardeios de alta precisão em objetivos militares ucranianos, instalações militares aéreas, e segundo fontes da imprensa, inclusive ao aeroporto internacional de Kiev, capital da Ucrânia. A razão do ataque militar dada por Putin seria “defensiva”, para a alegada “proteção de Lugansk e Donetsk contra a agressão do governo de Kiev”, a fim de “desmilitarizar” a Ucrânia. Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, instalou a Lei Marcial, colocando o país nas mãos dos militares. Em pouco tempo a Rússia estabeleceu sua superioridade aérea sobre o exército ucraniano. Em várias cidades, a população ucraniana começa a fugir para outras regiões, inclusive em Kiev. É incerto o número de civis mortos.

A situação segue se escalando, com a entrada de tanques russos pela fronteira com o Donbass. O cálculo de Putin pode ser instalar-se militarmente nos dois oblasts (regiões administrativas) de Lugansk e Donetsk, assegurando uma ponte para a região sul da Ucrânia, com grande população russa, como o porto de Mariupol, passando pela Crimeia (já anexada à Rússia em 2014) até a importante cidade portuária de Odessa. Adicionalmente, os bombardeios às instalações militares buscam desarticular a capacidade de resistência militar em Kiev, o que pode corresponder à decisão de Putin de derrubar o governo de Zelensky. Substituindo o governo títere russo de Viktor Yanukovich em 2014, Zelensky foi instalado pelo Ocidente como um governo subordinado à OTAN e à União Europeia, afastando a Ucrânia politicamente de Moscou.

Os grandes riscos envolvidos numa invasão completa do território ucraniano, com 44 milhões de habitantes, por ora constrange Putin a uma incursão controlada combinada com ataques aéreos de precisão que encurralem Zelensky. A Ucrânia ocupa um papel central na estratégia de defesa da Rússia, sendo parte dos poucos países da zona de influência da ex-União Soviética que ainda não foram absorvidos pela OTAN.

As raízes do conflito entre Rússia, Ucrânia e OTAN remontam ao final da Guerra Fria com o triunfo dos Estados Unidos, a dissolução da União Soviética e a restauração capitalista. Após ter retrocedido a níveis históricos sob o regime bonapartista de Boris Yeltsin, sob o regime de Putin, a Rússia ressurgiu como uma potência que, embora não tenha o status da ex-União Soviética e esteja baseada em uma economia rentista dependente do petróleo, herdou o arsenal nuclear soviético, o que lhe dá uma projeção geopolítica que excede em muito suas bases materiais e alimenta as ambições de Putin de influenciar a cena internacional no interesse do capitalismo russo.

De nenhuma maneira a agressão militar russa pode ser entendida como uma “defesa” da Ucrânia contra a ofensiva beligerante do imperialismo estadunidense e da União Europeia. Putin negou aos ucranianos o direito de existir como nação, dizendo que seu Estado era uma "ficção" criada por Lênin, Trótski e os bolcheviques, uma reinterpretação em chave anticomunista da política revolucionária da União Soviética de reconhecer o direito de autodeterminação de nações como a Ucrânia que sofreram a opressão tsarista. Vemos uma continuidade da política externa nacionalista contrarrevolucionária de Putin, que recentemente enviou tropas para o esmagamento das mobilizações populares na Bielorrússia (Estado-cliente da Rússia dirigido por Alexander Lukashenko) e a repressão militar das manifestações no Cazaquistão contra o aumento dos preços do gás. Vimos na Síria como a intervenção russa esteve a serviço de sustentar a ditadura sangrenta de Bashar el-Assad, que para além de rusgas particulares, foi sempre um agente do imperialismo estadunidense e europeu no Oriente Médio.

Os Estados Unidos e a OTAN aproveitam a reacionária invasão russa para justificar o aumento da militarização imperialista do Leste europeu, como constava em seus planos. Com efeito, a Aliança Atlântica comunicou que enviará novas forças terrestres, marítimas e aéreas aos países europeus que confinam com a Ucrânia, como os países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) além da Polônia. “As ações da Rússia representam uma séria ameaça à segurança euro-atlântica, e terão conseqüências geoestratégicas. A OTAN continuará a tomar todas as medidas necessárias para garantir a segurança e a defesa de todos os Aliados. Aumentamos a prontidão de nossas forças para responder a todas as contingências”, declarou o comunicado. As ações de Putin favorecem o expansionismo imperialista da OTAN. Biden, Scholz e Macron certamente vão utilizar esse precedente para incrementar a presença de seus efetivos terrestres, marítimos e aéreos sobre múltiplos países, colocados sob a opressão do Ocidente.

As tropas russas devem sair imediatamente da Ucrânia. Basta de intervenção militar: a Ucrânia não pode continuar sendo moeda de troca para a ingerência do imperialismo estadunidense e da OTAN, nem para a intervenção militar do reacionário nacionalismo russo. Abaixo a OTAN! O nacionalismo capitalista russo encabeçado por Putin não é nenhuma alternativa ao imperialismo ocidental. Nenhum acordo com a burguesia nacional ucraniana. A possibilidade de uma Ucrânia independente está inextricavelmente ligada à luta contra os capitalistas e oligarcas de ambos os lados. Somente os trabalhadores ucranianos autoorganizados, junto a seus irmãos de classe em todo o Leste europeu e na Rússia, podem encontrar uma saída independente e progressista para as atrocidades sofridas. Por uma Ucrânia independente, operária e socialista, que seja a base para os Estados Unidos Socialistas da Europa!

  •  Não à guerra
  •  Não à intervenção militar russa na Ucrânia
  •  Abaixo a OTAN e fora da Europa do Leste!
  •  Chamamos à mobilização contra uma guerra reacionária
  •  Por uma Ucrânia independente, operária e socialista


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