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CAXIAS DO SUL | Na escola Santa Catarina, meritocracia “goela abaixo” nos estudantes

Palestrante disse que as desigualdades são por “falta de esforço”, e quem não consegue enriquecer deve se envergonhar. A palestra ocorreu na última quinta-feira (9), a convite da direção da escola estadual de Caxias do Sul.

segunda-feira 13 de março de 2017 | Edição do dia

A direção autoritária, ano passado, não permitiu que estudantes mobilizados contra a PEC 55 entrassem para falar com os alunos do Santa Catarina, dizendo não querer “vagabundagem” na escola de Caxias do Sul. Mas logo no começo desse ano, impõe sua ideologia reacionária aos estudantes, organizando uma palestra escancaradamente liberal e capitalista.

Recebemos a denúncia de uma aluna da escola que não quis ser identificada.
Segundo o relato, os alunos tiveram de ouvir uma palestra que pregava abertamente a meritocracia como verdade absoluta. O palestrante dizia que “todos têm oportunidades iguais”, como se no capitalismo não houvesse milhões de pessoas em situações sociais extremamente degradantes.

Inclusive foi citada uma frase notória e grotesca: “não é vergonha nascer pobre, vergonha é morrer pobre”. O palestrante esconde o fato de que muitas pessoas, apenas para sobreviver, são obrigadas a aceitar empregos horríveis por salários miseráveis (e devem se envergonhar disso, segundo ele). E muitos milionários obtêm sua fortuna por herança e a mantêm por meios desonestos e passam impunes (e devem sentir orgulho).

Mesmo dentro de uma escola estadual, nem os professores foram poupados. Mesmo com o discurso (só discurso mesmo) de que é absurdo os professores ganharem uma miséria, deu a entender que as reivindicações por melhores condições de trabalho e salário são “coisas superficiais”. Numa generalização absurda de que o professor “dá aula por amor, não por dinheiro”. Por acaso dar aula é lazer e não trabalho?

É claro que se tornar professor muitas vezes é um projeto de vida, mas o sonho de ensinar desaparece com a desvalorização da categoria. Os professores do RS sofrem com a crise mais do que nunca, com o parcelamento e atraso de salários e 13°, sem o piso garantido há anos e muitos sofrendo perseguições políticas por lutarem contra o governo Sartori.

Situações como essa são comuns nas escolas. As direções e CRE’s aplicam a mesma agenda de Sartori e Temer: reprimir e censurar as oposições e mandar “goela abaixo” seus interesses. Essa linha vai endurecer com o projeto Escola Sem Partido, que na prática vai ser uma lei da mordaça para impedir o pensamento crítico.

Os estudantes não podem ficar parados em situações como essa, o autoritarismo das direções não podem passar sem resistência!
O Esquerda Diário está à disposição da luta dos estudantes, nos propomos a divulgar denúncias e mobilizações da juventude.




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