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Multidões voltam a se manifestar pedindo a queda do governo de Carrie Lam em Hong Kong

Os honcongueses voltaram a inundar as ruas neste domingo para protestar contra o governo, exigindo a eliminação definitiva da lei de extradição que a China pedia.

terça-feira 23 de julho de 2019 | Edição do dia

Uma multidão voltou a inundar neste domingo as ruas de Hong Kong contra a chefe de governo Carrie Lam, pedindo a retirada definitiva da lei de extradição pedida pela China. Como em ocasiões anteriores, a manifestação pacífica foi reprimida pela polícia com gases lacrimogêneos e ataques de homens encapuzados.

Desde 9 de junho, Hong Kong é cenário das maiores manifestações de sua história, que, em várias ocasiões, têm acontecido em combates abertos entre polícia e manifestantes. O movimento começou com o rechaço do projeto de lei que autorizava extradições à China continental. A chefe de governo Carrie Lam se viu obrigada a suspender o projeto pela persistente maré humana que via nessa lei o perigo de perder para a China suas já pequenas cotas de autonomia.

Os protestos foram se ampliando para proteger as liberdades democráticas que Hong Kong tem em relação ao gigante asiático, em particular a "liberdade de expressão" e a "independência da justiça". Além disso, começaram a pedir a demissão da chefe do Executivo Carrie Lam.

No domingo, a manifestação foi muito massiva, a Frente Civil de Direitos Humanos, organização que lidera os manifestantes convocando as marchas semanais contra o governo, informou que 430.000 pessoas foram protagonistas.

Apesar do protesto transcorrer pacificamente, ao cair da noite a polícia deu ordem de dispersão. Diante da negativa, a polícia lançou densas nuvens de gás lacrimogêneo contra as pessoas em três ocasiões, até que a multidão retrocedeu.

Além da violência policial nas ruas, a comoção se moveu para as estações de metrô e trem. As câmeras de segurança e vídeos mostram homens com camisetas brancas e encapuzados golpeando com paus os manifestantes que tentavam tomar esses transportes públicos. Esse ataques de "civis" continuaram até a entrada da noite e a ausência de intervenção policial deixa em evidência a cumplicidade. Ao menos 45 pessoas foram hospitalizadas ou receberam tratamento, entre elas uma gestante.

No mês passado, a oposição honconguesa iniciou uma série de manifestações nas ruas, que acabam sendo as maiores da história recente da região, alcançando cerca de 2 milhões de pessoas mobilizadas. Nessa ocasião, obtiveram uma vitória ao conquistar a suspensão do Projeto de Lei de Extradição para a China. Isso representou um golpe no governo central chinês e um forte debilitamento ao governo Lam, já que o objetivo é principalmente manter um controle político dos opositores em Hong Kong.

Lam esperava que a suspensão temporária do projeto freasse as mobilizações, mas, há mais de um mês de seu início, o número de manifestantes nas ruas segue sendo impactante, movendo seu eixo de reivindicações até a renúncia total da chefe executiva Carrie Lam.

Hong Kong atravessa sua crise política mais grave desde que a China recuperou sua soberania do Reino Unido. Em um dos pontos auge da mobilização popular e tensão política, ficamos com a imagem de centenas de manifestantes que tomaram o Parlamento forçando a fuga da polícia. Tudo isso está nos marcos das crescentes tensões geopolíticas entre EUA e China. Essa desestabilização em Hong Kong debilita a posição da China, enquanto que os EUA cinicamente utiliza um discurso de direitos humanos apoiando os setores burgueses que se beneficiam do sistema financeiro honconguês e sua posição estratégica comercial, que permite ao gigante asiático se estabelecer como uma potência comercial na economia mundial. Essa crise política está longe de acabar.




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