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MASSACRE ALTAMIRA | Mortos de Altamira não puderam ter velório: o capitalismo tira até o direito de sofrer

Segunda-feira, 29 de Julho de 2019. Uma briga de facções teria dado origem a uma rebelião de duração de cerca de 05 horas num presídio da cidade de Altamira no Pará, acarretando na morte de mais de 60 presos. Ontem, quinta-feira 31/07, no translado da cidade de Altamira mais presos foram mortos dentro do caminhão que fazia o trajeto. Os familiares tiveram até o direito do velório arrancado: quando os corpos foram liberados, após terem ficado amontoados dentro de caminhões frigoríficos, já estavam em decomposição.

sexta-feira 2 de agosto de 2019 | Edição do dia

Hoje o número de mortos já chega a 62. O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, deu declarações naturalizando a situação em jocoso e irônico, "Com toda a certeza, deveriam estar feridos, né? É como uma ambulância quando pega uma pessoa até doente, no deslocamento, ela pode falecer",disse Bolsonaro.

Os familiares desses presos não tiveram nem a oportunidade de velar o corpo de seus parentes devido ao estado de decomposição já avançado. A maioria dos corpos dos presos já saem direto do IML (Instituto Médico Legal) direto para os cemitérios da região. Os parentes reclamam da demora para o atendimento e reconhecimento dos corpos, o que aumentaria a chance de decomposição.

Sirleide Cardoso Pereira, esposa de um dos mortos, afirmou que seu marido foi enterrado mais de 48 horas depois do massacre. "O corpo já está em decomposição", ela disse. Um velório coletivo das vítimas do massacre chegou a ser planejado na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, mas apenas dois caixões chegaram lá — ainda assim, era possível sentir o odor através da madeira. O capitalismo é tão cruel que além de oferecer para a população pobre nada mais do que o desemprego em massa e o terror policial, também alimenta um sistema carcerário que, longe de ser uma solução para os problemas sociais, também tortura e mata. No fim, arrancam até o direito de sofrer das famílias. Tratam os corpos de qualquer forma, colocando-os empilhados em caminhões frigoríficos e os deixam em estado de calamidade. Para a burguesia, de nada valem essas vidas.

No Brasil, um dos países que mais se encarcera no mundo e que vem intensificando esse processo de encarceramento em massa da juventude negra e pobre, a única resposta dada para a solução desses males é ainda mais repressão, punitivismo e mortes.

A maioria dos presos deste presídio em Altamira era de presos provisórios, ou seja, pessoas que ainda não foram nem julgados pela justiça burguesa mas já se encontram aprisionados num sistema fadado ao massacre e a superlotação.

Que solução apresenta Sérgio Moro, um dos maiores responsáveis pelo golpe institucional no Brasil? Ainda mais repressão e até prisão perpétua, como ele deixou claro em um tuíte: “responsáveis pela barbárie” “deveriam ficar recolhidos para sempre em presídios federais”. Além disso, quer dar carta branca para a polícia assassinar ainda mais negros, mulheres, LGBTs e o povo pobre nos morros com seu pacote anti-crime.

Para essa burguesia o amontoamento de corpos de pobres e negros mortos não significa nada. Ou até mais. É motivo de desdém, ironia e até orgulho, como podemos ver nas declarações de Moro e Bolsonaro. Para eles todo nosso desprezo, repúdio e ódio. Para os familiares das vítimas, toda solidariedade!




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