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Mortes por Covid-19 em Paraisópolis crescem 240% após reabertura de Doria

Paraisópolis que, apesar das condições precárias de vida, estava conseguindo conter a média de mortalidade, porém nos últimos dois meses, passou de 50 óbitos a cada 100 mil habitantes, em maio, para 116 mortes por 100 mil habitantes, em agosto.

quarta-feira 9 de setembro de 2020 | Edição do dia

A taxa de mortes por Covid-19 na maior comunidade de São Paulo, Paraisópolis, cresceu cerca de 240% em pouco mais de dois meses, segundo levantamento do Instituto Pólis, organismo que tem analisado a taxa de mortalidade na favela durante a pandemia. A análise utilizou dados da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo adquiridos pelo LabCidade (laboratório de pesquisa da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) por meio da Lei de Acesso à Informação.

Paraisópolis que, apesar das condições precárias de vida, estava conseguindo conter a média de mortalidade, porém nos últimos dois meses, passou de 50 óbitos a cada 100 mil habitantes, em maio, para 116 mortes por 100 mil habitantes, em agosto.

Ações solidárias promovidas por voluntários como a distribuição de produtos de higiene, e medidas criadas pelos próprios moradores organizados, como o isolamento dos contaminados em escolas, contiveram por algum tempo um disparate de mortes e contaminados; entretanto, com o total descaso dos governos municipais, estaduais e federais em relação às favelas que até hoje não possuem saneamento básico, onde não chegam ambulâncias ou táxis para socorrerem os doentes, onde, em meio à pandemia, se encontram frequentemente sem àgua, acabam sendo profundamente atingidas.

O estudo conclui que “Sem contar com o devido apoio público, as ações solidárias deixaram de obter os resultados buscados de proteção à vida dos moradores”

Também não é coincidência que o número de mortos tenha subido principalmente nos últimos dois meses, logo após a irresponsável reabertura dos comércios feita por Doria para agradar os capitalistas e manter seus lucros, num local onde a grande maioria precisa utilizar transportes públicos, às vezes 3 ou 4 conduções para chegar ao trabalho. Além de possuírem funções extremamente precarizadas e altamente expostas como empregados domésticos, entregadores ou motoristas de aplicativos.

A pandemia de coronavírus deixa claro que os que mais sofrem com as mazelas desse sistema e a população pobre e negra. A classe trabalhadora. Exigimos um combate consequente à pandemia onde toda a produção precisa ser revertida para confecção de máscaras e álcool em gel, testes massivos para toda a população. É necessário um SUS sob controle dos trabalhadores, que englobe toda a rede, inclusive a que hoje é privada. Defendemos ainda uma reforma urbana radical que implemente um grande plano de obras públicas, imposto pela mobilização dos trabalhadores contra a especulação imobiliária que garanta o saneamento básico e distribuição de água para todas as regiões, que englobaria também a construção de escolas, creches, postos de saúde, praças e parques para a manutenção da qualidade de vida.

Veja mais:Que reforma urbana defendemos para São Paulo?




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