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VIOLÊNCIA POLICIAL NOS EUA | Mobilizações por Freddie Gray continuam em Baltimore e outras cidades dos EUA

sexta-feira 1º de maio de 2015 | 00:01

As mobilizações que começaram na semana passada, depois da morte de Freddie Gray, um jovem afrodescendente de 25 anos, continuaram durante os últimos dias e no dia de ontem (29) se estenderam a outras cidades.
Baltimore se tornou o último epicentro dos protestos contra a brutalidade policial nos Estados Unidos depois que Freddie Gray, afro-americano de 25 anos, morreu por causa da lesão que sofreu na coluna enquanto estava sob custódia policial.

As manifestações de quarta-feira aconteceram em Baltimore sob uma enorme presença policial e de forma pacífica antes de começar o toque de recolher, como ocorreu no dia anterior, às 22 horas.

Os manifestantes rechaçaram energicamente as declarações por parte das autoridades do governo que os criminaliza e os chamou de “delinquentes”, depois da rebelião e dos fatos ocorridos na segunda-feira.

Por sua vez, milhares de pessoas se manifestaram em Nova York em solidariedade com a marcha de Baltimore; a manifestação foi convocada para a Union Square e se estendeu pelas áreas ao redor, em meio à um forte envio de forças policiais que no final levou detidos um número ainda indeterminado de manifestantes. As prisões foram feitas nas tentativas de ultrapassar as forças policiais nas barricadas que montaram.

Marchas similares foram feitas em outras cidades do país como Washington, onde os manifestantes chegaram aos arredores da Casa Branca, Boston (Massachusetts), Seattle (estado de Washington) e Denver (Colorado).

Em Baltimore a calma continua tensa
Na quarta-feira, depois de sua primeira noite sob o toque de recolher e com a cidade tomada pelos militares da Guarda Nacional, realizou-se uma mobilização demandando que os problemas sociais e a desigualdade sejam levados a sério pelas autoridades.
O cruzamento da Avenida W. North com Pensilvania mostrava hoje um ar diferente da segunda-feira passada. O centro dos enfrentamentos ocorridos em Baltimore seguia contando hoje com forte presença policial, furgões blindados e vigilância ininterrupta de helicópteros.

Segundo o porta-voz da polícia da cidade, Eric Kowalcyzk, 35 pessoas foram presas por desrespeitar o toque de recolher, além dos mais de 200 detidos na noite de segunda.

Alguns dos habitantes declararam : “A violência não é justificável, mas o que aconteceu aqui serve para que o país veja que é hora de agir, de por fim à repressão policial, à exclusão, e começar a fornecer melhor educação e empregos”.

É que este estouro deu visibilidade para as condições em que a comunidade afrodescendente tem que viver, até os meios de comunicação imperialistas como a CNN tiveram que falar sobre os dados, como que “a juventude pobre de Baltimore vive igual ou pior que a juventude pobre da Nigéria”.
Sandtown-Winchester, o bairro aonde Gray cresceu, é um dos mais pobres da cidade, muitas casas são inabitáveis, a porcentagem de pessoas que passaram pela prisão é a maior de todo o estado de Maryland e o desemprego é endêmico.
“A gota d’água de tudo isto foi a frustração. Durante anos se tem relegado uma grande parte da população de Baltimore a estes bairros. A maioria pediu por melhorias de maneira pacífica, mas todos estão sendo criminalizados", disse Lisa Lucas, organizadora comunitária nesta cidade.

Massive march in #Baltimore now! - LIVE http://t.co/bIVc9vMUJI | Video @cwellssun | pic.twitter.com/YzECqYMm0h #BaltimoreUprising

— Revolution News (@NewsRevo) April 29, 2015

Por enquanto, a cidade prende a respiração, à espera que nesta sexta-feira o Departamento de Polícia apresente um informe à Promotoria sobre a morte de Freddie Gray, que segue sem explicação oficial. A Promotoria analisará as conclusões e decidirá se requererá um processo jurídico, sem dar nenhum prazo ainda para este processo nem para quando esta informação será publicada.

Por sua vez, Barack Obama, apelidado de “Rei dos eufemismos”, continuava com sua retórica de que os EUA fizeram “enormes progressos” nestes assuntos nas últimas décadas, Obama quis apresentar os EUA como uma nação “sem racismo”[linkar texto traduzido por Juan aqui], apesar de as estatísticas de mortes pela polícia contra jovens negros e latinos seguirem muito altas, e estes serem os setores que trabalham nas piores condições e com os salários mais baixos.

Na maioria dos casos de abuso policial que chegaram ao Tribunal Supremo, o Governo de Obama se colocou ao lado dos agentes e a política predominante no Departamento de Justiça tem sido abrir investigações e fechá-las “sem processamento”.

As ações e a onda de violência ocorridas nos últimos dias lembram os fatos ocorridos em Baltimore no ano de 1968 após a morte de Martin Luther King.
Nesta sexta feira 1° de maio, nos Estados Unidos, o “May Day”, os trabalhadores portuários de Oakland paralisarão os portos em repúdio ao assassinato de Freddie Gray[linkar texto que Francisco traduziu] e à violenta repressão policial em Baltimore.

Para este fim de semana planeja-se mais protestos em Baltimore e em outras cidades. Agrupações de juventude, centros acadêmicos de secundaristas, universidades e organizações sociais e não governamentais (ONG) estão convocando as mobilizações que vão dirigir-se à prefeitura local (City Hall).
Malik K. Shabazz, advogado e organizador de algumas destas ações, anunciou uma concentração nacional massiva que acontecerá sábado. Segundo Shabazz, as jornadas de mobilização serão parte da articulação das demandas da comunidade negra. Malik K. Shabazz é uma referência de uma organização chamada Advogados Negros pela Justiça (Black Lawyers For Justice).




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