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O sujo falando do mal lavado | Militares e STF trocam farpas sobre as eleições, mas estão juntos para defender o regime e as reformas

Novos atritos entre STF e os militares vem repercutindo desde ontem. Onde o ministro Barroso acusou as Forças Armadas de querer atacar o processo eleitoral em 2022, gerando indignação dos generais. A grande hipocrisia está no fato de o Supremo Tribunal Federal e as Forças Armadas, foram agentes ativos e atuaram conjuntamente para manipular as eleições de 2018.

segunda-feira 25 de abril de 2022 | Edição do dia

E novas farpas vêm sendo trocadas pelos os de cima. Neste último domingo, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso fez declarações em uma seminário promovido por uma Universidade Alemã afirmando que as Forças Armadas vêm sendo orientadas a atacar o processo eleitoral. Segundo ele, ”desde 1996 não houve um episódio de fraude no Brasil. Eleições totalmente limpas, seguras e auditáveis. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar? Gentilmente convidadas a participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo?" afirmou o ministro.

Logo pela noite de domingo, o Ministério da Defesa soltou uma nota em resposta a Barroso afirmando que as acusações feitas são graves e irresponsáveis da parte dele. Na nota assinada pelo ministro Paulo Sérgio Nogueira, o Ministério da Defesa disse que “afirmar que as Forças Armadas foram orientadas a atacar o sistema eleitoral sem a apresentação de qualquer prova ou evidência de quem orientou ou como isso aconteceu, é irresponsável e constitui-se em ofensa grave a essas instituições nacionais permanentes do estado brasileiro".

Novamente esses setores do regime voltam a ter atritos que o bonapartismo institucional tem com o governo Bolsonaro e os militares que são base de sustentação do seu governo. Mas essa briga sobre o processo eleitoral nada mais é do que o sujo falando do mal lavado. Pois o Supremo Tribunal Federal, no qual Barroso é ministro, foi agente fundamental para o aprofundamento do golpismo durante as eleições de 2018. Intervindo diretamente no processo para impedir com que o candidato com mais chances de vencer as eleições naquele momento, que era o Lula, pudesse concorrer nas eleições. Inclusive atuando junto com as Forças Armadas nesse processo.

Durante o julgamento de habeas corpus do Lula, o Comandante das Forças Armadas naquela época, o general Villas Boas, pressionou o STF pelas redes sociais para que não aceitasse o habeas corpus, tendo outros generais também se manifestando com um discurso intervencionista. O STF negou o habeas corpus de Lula foi preso, posteriormente outra do Judiciário, o TSE, impediu de forma arbitrária que Lula concorra, abrindo caminho para Bolsonaro e seguir aprofundando a obra do Golpe.Outra medida tomada pelo o próprio STF, foi o cancelamento de milhões de títulos de eleitores (com grande peso no nordeste) com a desculpa da biometria (sendo que em muitos municípios estava sendo muito mal divulgada a obrigatoriedade).

Além desse fato emblemático onde as duas instituições atuaram juntas durante o processo de 2018, as Forças Armadas tem feito junto com Bolsonaro, e os generais que compõem seu governo, inúmeras ameaças com tons golpistas contra as eleições com urna eletrônica. Onde algumas figuras como o reacionário Braga Netto que chegou a dizer que não haveria eleição se o voto não fosse impresso. Tons golpistas de um cúpula do Alto Comando militar que reivindica até os dias de hoje o regime militar que foi responsável por prisões, mortes e torturas.

Isso mostra que as disputas entre essas instituições não passam de demagogias a serviço de seus interesses dentro do regime. Mas quando se trata em atacar os trabalhadores com reformas, privatizações, estão sempre de mãos dadas para aplicá-los.

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