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ATO “PELA LEGALIDADE DEMOCRÁTICA” | Milhares se reúnem na PUC-SP ‘em defesa da democracia’, mas PT foi poupado

Fernanda PeluciDiretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe

quinta-feira 17 de março de 2016 | 01:00

Na noite desta quarta realizou-se no teatro da Universidade Católica em São Paulo um ato “pela legalidade democrática” que reuniu cerca de 2500 pessoas. Contou com a participação de juristas renomados Fabio Konder Comparato, diversos intelectuais, artistas e movimentos sociais. Este ato foi convocado em sua maioria por defensores do governo Dilma, mas também mobilizou setores que não defendem o governo. PT foi poupado.

Enquanto no ato repetidas vezes se cantava "não vai ter golpe" ouvia-se nos prédios vizinhos panelaços. A polarização política expressava-se nos barulhos da própria rua.

A atividade contou com a presença do presidente do PT Rui Falcão, e lotou o teatro, a calçada e a rua também. Dentre as pessoas que assistiram o debate dentro do teatro ou na rua em um telão em sua maioria eram jovens universitários.

Diversos palestrantes fizeram falas em defesa da democracia, e a grande maioria repudiou o "golpe" e defendeu a Presidente e seu partido mais abertamente. O debate se iniciou a partir da leitura de um “Manifesto pela Legalidade Democrática” e denunciava as ameaças à democracia e o abuso do judiciário perante os últimos acontecimentos acerca da condução coercitiva de Lula e telefonemas grampeados de Dilma no dia de ontem. O Manifesto, ao seu final, defendia que "não se combate a corrupção corrompendo a constituição".

Apesar da limitação de até onde foram as críticas ao governo petista, em especial a ausência dos ajustes e a falta de resposta ao problema da impunidade, mostra que, diferente do que a mídia passa, existe além da direita e classes médias por ela influenciada, outros setores no país.

No combate à direita, é errado se adaptar ao governo federal e ao PT

Em meio à denúncias exageradas das quais os petistas insistem em igualar toda a perseguição que vem sofrendo do Judiciário com o Golpe Militar de 64, é preciso entender que o impeachment é uma manobra institucional reacionária, e foi o próprio PT que abriu espaço para se consolidar esta situação política acirrada, a partir de inúmeros casos de corrupção que se submeteram nos últimos anos de governo, governando como mais um partido capitalista deste regime podre e assim como deu espaço à toda a ala mais conservadora que agora se fortalece como oposição ao governo federal.

Fernando Moraes, em sua fala, apostou que "Dilma chamando Lula para sua pasta é um sinal de "virada no jogo" político", apostando que o PT sairá fortalecido após esta tempestade. Moraes ainda chamou, no final de sua fala, que se levantasse uma "Assembleia permanente contra o golpe", e assim foi aclamado pela base petista presente. Nada acerca de um movimento que barrasse os ataques deferidos do governo à classe trabalhadora foi dito. A palavra “ajustes” parece não ter entrado na PUC.

A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, também estudante da economia da PUC, relembrou momentos em que a entidade foi direção do movimento estudantil nos anos 80, de combate à ditadura, terminando seu recado com "o nosso movimento é de um Brasil novo. A juventude tem que ir às ruas para dizer que não aceitaremos o golpe", fazendo uma comparação do golpe militar com os atuais dias e buscando lavar a cara do PT, não denunciando uma vírgula sequer dos R$ 10,5 bilhões que o governo federal de Dilma cortou no ano em que intitulou de "Pátria Educadora", em 2015, sucateando as universidades e jogando a educação dentro do lixo. Não é este o "Brasil novo" que a juventude precisa, e sim um Brasil que tenha educação pública e de qualidade para todos.

Já a representante da Marcha Mundial de Mulheres que tomou a frente para falar "em defesa das mulheres" afirmou que o que está acontecendo se trata de um "atentado contra governos progressistas" e que também "não vai permitir o golpe". Jogou a responsabilidade da criminalização do aborto estar vigente ainda por conta de Bolsonaro e Feliciano, como se o PT de Dilma não fosse responsável pelas milhares de mulheres mortas em decorrência de abortos clandestinos em todo país, assim como a Lei Maria da Penha, que no papel é linda, mas que na realidade não são destinadas as mínimas verbas necessárias para que exista na prática e proteja as mulheres da violência.

Guilherme Boulos, membro da comissão nacional do MTST, reivindicou o ato como um "grande ato de resistência", e seguiu: "Parece que defender a constituição virou ’ser de esquerda’. Juiz de 1ª instância quer defender o que é melhor pra nação, grampeia Dilma. Cadê a declaração de Gilmar Mendes, que está calado no Supremo diante esta situação? Mas é claro que não vai defender Dilma, pois é do PSDB! Todo mundo aqui não é contra que Lula seja investigado, o que não dá é que ele seja rifado pra deixar os outros impunes, tem que ter investigação da merenda! Não é possível se cegar com esta marcha golpista. A elite não tolera preto na universidade, empregada doméstica com direito trabalhista. Os movimentos sociais não querem se sentir acovardados neste momento no país. Vai ter resistência!".

As várias falas seguiam apontando para a evidente tendência de polarização, principalmente das alas que defendem ou não o PT. Por diversas vezes se cantava que "não vai ter golpe", mas por trás dos cantos se esconde os enormes acordos espúrios com as alas mais conservadoras do qual o PT foi protagonista durante os 14 anos de PT no governo. Nenhuma palavra citada contra os ajustes deferidos contra a população foi dita, no sentido de colocar de pé a luta contra os desmandos deste governo. A denúncia correta dos elementos bonapartistas e arbitrários do Judiciário foi feita pela metade, pois buscam erguer argumentos a favor da impunidade sua e não que todos sejam investigados, que cada podre deste regime venha à tona, o que não poderá acontecer das mãos de Moro, da PF, MPF. Com este judiciário, com esta constituição não será combatida a corrupção.

O Judiciário acaba por julgar aqueles que lhe convém, na hora que lhe convém. Os podres estão de todos os lados! A população só não pode acreditar que por trás da Lava Jato exista um juiz que não tem interesses nela envolvidos, políticos e econômicos. Moro e todo Judiciário escolhe qual podres revelam, e quais ocultam, fazendo uma denúncia abstrata da corrupção, pois se forem julgar a todos, nem mesmo o Judiciário conseguiria se manter ileso.

Se faz necessário que os trabalhadores e a juventude levantem um forte movimento contra a impunidade e os ajustes implementados pelo PT, PSDB e todos os partidos e instituições que jogam este jogo sujo deste regime corrupto. Neste movimento lutamos por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que acabe com todos privilégios dos políticos, juízes, promotores, tornando-os eleitos e revogáveis e que ganhem como uma professa, que se abra as caixas pretas do judiciários, da PF e sejam públicas e conhecidas cada gravação, cada delação e que o próprio povo julgue em júri popular todos os corruptos e corruptores.




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