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Pelo fim do vestibular! | Milhares de jovens fazem o racista e elitista PAS, queremos educação pública para todos

Mais de 15 mil jovens fizeram a prova do PAS 2 (respectivo ao 2º do Ensino Médio) - que é um dos vestibulares da UnB - neste último final de semana. E vários outros milhares de estudantes fizeram os PAS 3 e vestibular tradicional nos últimos finais de semana. Cerca de 7% dos candidatos inscritos no PAS 2 não compareceram, o que expressa a realidade de precarização da vida da juventude junto ao filtro social do vestibular que desincentiva os jovens a realizarem as provas e cogitarem o ingresso no ensino superior. Lutemos pelo fim do vestibular e pela estatização das universidades particulares, exigimos o direito ao estudo gratuito e de qualidade para todes.

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

terça-feira 15 de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Imagem: Correio Braziliense

2022 começou com a mistura de estresse, ansiedade e incerteza que os estudantes são obrigados a passar com o período dos vestibulares, aqui no Distrito Federal não é diferente dos outros lugares do país, os vestibulares da UnB elaborados pela banca do Cebraspe estão sendo aplicados nas últimas semanas - tanto o vestibular tradicional quanto o PAS (Programa de Avaliação Seriada).

O PAS 2 (sua 2ª etapa), ocorreu neste último fim de semana, o PAS é um vestibular específico da UnB e consiste dividir ao longo do Ensino Médio o vestibular tradicional, ou seja, os estudantes fazem uma prova a cada ano (1º, 2º e 3º) com o conteúdo específico respectivo ao ano, e no último ano (PAS 3), somam-se os pontos das 3 provas e se obtém uma média para aplicar.

Os vestibulares em si já são provas bastante elitistas, que servem como um filtro social racista de acesso às universidades e à educação pública. Não à toa os jovens que não entram na universidade são os filhos da classe trabalhadora, em sua maioria, negros, moradores da periferia e das cidades satélites no DF. O PAS é ainda mais absurdo, pois como se não bastasse fazer um vestibular ao fim do Ensino Médio, você faz 3 - bastante difíceis e vagas bem concorridas. O que só piora o estresse e pressão que nós estudantes somos submetidos, levando a inúmeros casos de ansiedade e depressão, assim como desestimula mais os estudantes desistirem de fazer as provas e vislumbrar a educação superior.

O índice de desistência é alto, e claro, que a maioria dos estudantes que abandonam ou nem cogitam fazer o PAS ou Vestibular são os estudantes que moram nas cidades satélites e na periferia do Distrito Federal, em sua maioria negros, estudantes de escola pública e filhos da classe trabalhadora. São os jovens que desde cedo são obrigados a abrir mão do seu futuro e estudo para se submeter a trampos hiper precários. O Brasil de Bolsonaro e da crise capitalista que vivemos, só aprofundou isso. Tanto nos vestibulares da UnB, quanto no ENEM - que teve o menor números de inscrições em 14 anos, assim como uma baixa no comparecimento na prova -, se expressa a crise gritante que juventude está sofrendo.

Leia mais: Frente à crise do ENEM batalhamos pelo acesso direto com o fim do vestibular

Vemos a realidade da precarização da vida da juventude, que é jogada desde cedo em trabalhos hiper precários e que dificultam a possibilidade de conciliação com os estudos, e isso somado ao filtro social do vestibular desincentiva cada vez mais os jovens a realizarem as provas e cogitarem o ingresso no ensino superior. Sem contar que quando os poucos jovens que furam o filtro social e racial - vestibular -, se deparam com outros problemas que dificultam ainda mais sua permanência nas universidades, como por exemplo a falta de assistência estudantil e bolsas permanência; o próprio acesso à universidade é bem difícil para esses jovens visto que o principal campus da UnB, o Darcy Ribeiro, ser no Plano Piloto, o que leva horas e horas no transporte público precário do DF, mesmo ganhando auxílio transporte é difícil atender às aulas.

O momento de crise econômica, social e política que vivemos, onde o projeto da burguesia e desse governo podre é justamente atacar ainda mais os setores oprimidos e combativos como são as universidades, e a educação de conjunto. O corte orçamentário de 2022, assim como os inúmeros cortes escandalosos feitos por Bolsonaro e Mourão são exemplos disso. A realidade das universidades públicas está submetida ao projeto privatista e elitista de Bolsonaro e Guedes que tem apoio de todo o regime político do golpe institucional de 2016 como o Congresso e o STF. Todos estão de mãos dadas quando o assunto é garantir os lucros dos capitalistas e atacar a juventude, não à toa passaram todos os cortes e ataques como é a Reforma Trabalhista para fazer com que sejamos nós a pagar pela crise e não eles.

Vemos também como o conhecimento produzido nas universidades está a serviço do lucro dos grandes capitalistas, servindo como ferramenta para aprofundar a formação precária da juventude, visando mão de obra barata para seus trabalhos cada vez mais míseros. Inclusive, aproveitaram da pandemia para isso, com o Ensino Remoto, transformando-o em mais ensinos híbridos e à distância.

Definitivamente a universidade como ela é hoje, na sociedade de classes, precisa mudar radicalmente. Ela exclui conscientemente a juventude negra e periférica das universidades, o acesso à educação os é negado. E, o vestibular é uma ferramenta para isso, por isso lutamos pelo seu fim, e pelo acesso amplo e irrestrito à educação para todos que quiserem. Porém, isso só é possível a partir da luta e organização dos estudantes e a aliança com os trabalhadores e setores mais oprimidos é determinante para isso, inclusive com a juventude que está dentro e fora das universidades. A batalha pelo fim do vestibular é inseparável da luta contra a extrema-direita de Bolsonaro, e também do enfrentamento com os lucros dos monopólios imperialistas da educação, que cresceram como nunca no governo de conciliação de classes do PT. Assim, a luta pela estatização imediata das universidades privadas, começando pelos principais monopólios, é também o que pode garantir o acesso às milhões de vagas que nos são privadas, e para construirmos uma universidade verdadeiramente à serviço da classe trabalhadora e da sociedade.

É a batalha por esse programa político que nós da Faísca damos em vários lugares do Brasil e convidamos todes es jovens e estudantes a debaterem conosco e serem parte de construir uma juventude comunista e revolucionária para fazer com que os capitalistas paguem pela crise.




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