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QUEIMADAS AMAZÔNIA | "Meu neto de 6 anos começou a passar mal". Veja os efeitos das queimadas na saúde humana

Além da catástrofe ambiental e terror para os povos que vivem nessas regiões, há consequências direta na saúde da população. Crianças e idosos são os mais afetados. No Acre, foram cerca de 30 mil atendimentos ambulatoriais por doenças respiratórias só este ano.

sábado 24 de agosto de 2019 | Edição do dia

Os efeitos dos incêndios florestais são terríveis. Além da catástrofe ambiental e terror para os povos que vivem nessas regiões, há consequências direta na saúde da população. Crianças e idosos são os mais afetados. No Acre, foram cerca de 30 mil atendimentos ambulatoriais por doenças respiratórias só este ano. Diversos médicos alertam: fumaça das queimadas é ameaça à saúde pública.

Enquanto Bolsonaro lambe as botas do agronegócio, a Amazônia está em chamas. Do 1º dia do ano até a última quarta-feira, 21, foram registrados 75,3 mil focos de incêndio no país. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 14 mil desses focos foram detectados somente no Mato Grosso. O total no país já é 84% maior do que no mesmo período de 2018.

É Inegável a ligação desse exorbitante e devastador resultado com a política de Bolsonaro para com o meio ambiente. E as consequências de tamanha brutalidade, é a população que sente na pele, literalmente. A maioria dos casos ligados ao alto índice de fuligem e monóxido de carbono. Acontece que devido a queima de matéria vegetal, são liberadas tais substâncias, que têm efeito profundo na saúde das pessoas.

No Acre, foram cerca de 30 mil atendimentos ambulatoriais por doenças respiratórias só este ano. Já em Rondônia, a situação também é bastante grave: o registro de internações por problemas respiratórios, como pneumonia e tosse, praticamente triplicou. Em porto velho, no Hospital Infantil Cosme e Damião, a média de atendimentos era de 130 crianças nos primeiros dez dias de agosto, mas até a última semana subiu para mais de 350. São centenas de habitantes de tais localidades afetados pelos efeitos do fogo, aguardando atendimento, sofrendo as mazelas que a sede do agronegócio por lucros descarrega sobre o povo.

Outro dado alarmante é sobre a concentração de material particulado (a sujeira acumula na atmosfera vinda das queimadas). Segundo o que recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS), o limite é de 25 microgramas por m³. Em alguns locais, foram detectados 170 microgramas por m³.

Conforme relatos publicados pela Folha de São Paulo, crianças e idosos são os mais afetados pela fumaça. "Amanhecemos e não conseguimos respirar direito", conta Leonardo Alves, que teve de levar o filho de 1 ano e 3 meses ao posto de saúde. Raimunda Costa também passou por uma difícil situação graças aos incêndios. "Meu neto de 6 anos começou a passar mal e ficou sem respiração, com falta de ar", relata. O garoto, que tem rinite alérgica, não pode ter contato com poeira nem fumaça, de acordo com o médico. "Como, se Cuiabá amanhece e anoitece coberta de poeira?", questiona a avó.

A fumaça das queimadas gera diversos problemas. Maycon, de 4 anos, está internado no Hospital Infantil Cosme e Damião, em Porto Velho (RO) há quatro dias em decorrência de uma crise asmática, sua cidade está coberta de fumaça cidade há mais de uma semana. A mãe de Maycon relata: "No domingo, ele começou a passar mal, ficou com a respiração difícil e falta de ar. Viemos correndo para a emergência e já internaram. Agora ele está melhor, tomando antibióticos e fazendo inalação". O garoto é obrigado a ficar internado para preservar sua vida, já que os incêndios continuam. "Como a névoa de fumaça se mantém muito forte por aqui, ela acha que vamos sair e voltar no dia seguinte."

Daniel Pires de Carvalho, diretor-adjunto do Hospital Infantil Cosme e Damião, afirma:
"Moro em Porto Velho há 20 anos, e esse, com certeza, é o pior período de incêndios. Em alguns dias, não conseguimos nem ver o sol. Isso, aliado ao tempo seco, tem causado muitos problemas de saúde na população".

E não se trata de males superficiais a saúde humana. Segundo o estudo "Queima de biomassa na Amazônia causa danos no DNA e morte celular em células pulmonares humanas", de pesquisadores de diversas universidades (USP, UFRN e UFRJ), publicado em 2017 na revista científica Nature. A pesquisa concluiu que "o dano no DNA pode ser tão grave que a célula perde a capacidade de sobreviver e morre ou perde o controle celular e começa a se reproduzir desordenadamente, evoluindo para câncer de pulmão".

Não é somente um patrimônio natural único e de extrema importância que está sendo destruído, os seres humanos, principalmente idosos e crianças, sofrem consequências diretas do avanço do agronegócio contra a Amazônia, que avança em nome das altas taxas de lucro, atropelando povos indígenas, quilombolas e a população local, deixando marcas de sangue por onde passa.

Acabar com o desmatamento e lutar por uma organização racional da sociedade bem como de seu uso da natureza passa por acabar com a miséria que reserva Bolsonaro e as distintas alas do imperialismo no mundo, seja a U.E ou os EUA. Para defender a saúde do planeta e dos seres humanos, é necessário acabar com este bárbaro avanço de ajustes e ataques capitalistas. A mesma sanha predatória contra a vida dos trabalhadores com as reformas trabalhistas e com a reforma da previdência, vemos no avanço destrutivo contra o meio ambiente. Somente uma saída anticapitalista pode garantir a saúde do planeta e seus ecossistemas, tanto quanto dos mais pobres que não têm acesso à serviços de qualidade.




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