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Precarização do metrô | Metrô de SP lança plano de demissão em meio as festas de fim de ano

No mês passado empresa divulgou os critérios do Plano de Demissão Incentivada (PDI). A direção do Metrô busca enxugar ainda mais o quadro de funcionários, extinguindo postos, aumentando a terceirização e a precarização do trabalho. Uma medida que vai de encontro com a anti popular política de privatização de Dória, e também faz terrorismo com os trabalhadores mais antigos.

segunda-feira 3 de janeiro de 2022 | Edição do dia

Foto: Sérgio Andrade/Governo do Estado de São Paulo

A Companhia do Metropolitano de São Paulo recentemente divulgou o regulamento que prevê os critérios para o próximo PDI. O número ainda não está definido, mas provavelmente será uma medida que irá atingir centenas de trabalhadores. De incentivo essa medida não tem nada. Desrespeita a história dos trabalhadores com mais tempo de casa, que dedicaram grande parte da sua vida para a empresa, e são responsáveis pelo transporte de milhões de passageiros no dia dia. O PDI e é mais uma ação que conflui com os interesses de privatização do governo tucano de Dória em SP.

O planejamento estratégico da direção da empresa consiste em enxugar o quadro de funcionários e aumentar a terceirização do trabalho, precarizando ainda mais as funções, e inclusive extinguindo postos, como atualmente estão ameaçados os cargos de operadores de estação (OTMs 1 e 2). É bom lembrar que as bilheterias já foram totalmente terceirizadas, os metroviários efetivos perderam direitos e salarios, as metroviárias terceirizadas que assumiram ganhando quase 3 vezes menos, hoje estão ameaçadas de demissão em massa.

A hipocrisia é tamanha que ainda utilizam a Pandemia da Covid-19, a mesma que expôs os milhares de trabalhadores sem nenhuma preocupação da direção da empresa, como justificativa desse projeto.

Enquanto isso, a população sofre com a ameaça de aumento das passagens de ônibus municipais no começo desse ano com os serviços cada vez piores, resultado desse plano de Desestatização, que vigora em SP há quase três décadas na gestões tucanas. São bilhões de reais, isenções, e recursos legais e ilegais que favorecem empresas como a CCR que lucram, sem prejuízo, com a super exploração do trabalho e com os direitos da população, pago em impostos.

Dória, demonstra que apesar de toda demagogia que precisa para se projetar como candidato da terceira via, ele segue com a cartilha de Guedes, e com a política econômica do Governo Bolsonaro. Não se podia esperar outra coisa daquele que foi protagonista do golpe em 2016, incentivador das reformas trabalhistas e da previdência, e que se elegeu em 2018 com o slogan de "BolsoDoria". Dória é a expressão mais decadente da burguesia paulista, que vê no Marketing a maneira de lidar com os problemas sociais e sofrimentos do povo mais pobre, enquanto governa para os empresários.

No que consiste o PDI? A realidade não é bem assim...

O PDI é uma substituição do antigo modelo de PDV. Uma mudança cosmética, que altera os termos "Voluntária" por "Incentivada". Aparentemente, a suposição seria que agora teria algum tipo de incentivo para a demissão dos trabalhadores com mais tempo de casa. Mas a realidade não é bem assim. O atual PDI é uma versão piorada do antigo PDV.

Como qualquer plano de demissão do capitalismo, o dogma burguês da "liberdade da decisão", é a prerrogativa que imbui ao trabalhador a adesão da medida. A direção da empresa diz que o trabalhador possui o "ato livre e espontâneo" de manifestar sua vontade. Só que a realidade não é bem assim. Até porque no país que vigora o maior ataque a previdência nos últimos anos, a dificuldade da aposentadoria digna e integral, a flexibilização das leis trabalhistas e ameaça da retirada do pagamento da multa do FGTS na CLT, combinado com o preço absurdo dos planos de saúde e a precarização da saúde pública, os trabalhadores já não partem de muita alternativa de escolher seu futuro. É como se fosse escolher entre o "livre direito" de passar dificuldades agora ou depois.

A principal diferença com o antigo PDV, é que agora no PDI os trabalhadores a partir de 20 anos de serviço, receberão em dinheiro durante 2 anos o valor referente ao Plano de Saúde. Os cálculos são baseados aparentemente nos valores do Plano do Instituto Metrus, dentro da modalidade de aposentadoria, e assim os trabalhadores poderiam decidir continuar no plano de saúde do instituto, pagando a mensalidade, ou optar por outro plano de sua preferência.

O tal "incentivo" que o Metrô proporciona, portanto, é substituir a adesão durante dois anos do Plano de Saúde atual, pela quantia em dinheiro. Entretanto, a realidade não é bem assim. De vantagem para o trabalhador, não tem nada. Pelo contrário, já que o custo com a saúde assume valores exorbitantes, e nesse sentido pagar como auxílio financeiro permite a Metrus a não ficar comprometida com as despesas médicas dia seus funcionários por dois anos depois de sua aposentadoria.

Na véspera de Natal empresa ameaça trabalhadores

Por trás da aparência, a realidade mesmo é que diante as incertezas do futuro, o Metrô faz uma espécie de terrorismo, onde coordenadores e diretores sairão da empresa com privilégios, mas o trabalhador, caso não aceite, corre o risco depois de sair sem nada. Literalmente, com a mão no bolso. Até porque, o Metrô nos últimos anos já vem realizando demissões sem motivação tendo como alvo os trabalhadores mais antigos.

O desrespeito da empresa chega a um ponto, que na véspera de Natal, antes dos trabalhadores irem passar as festas com suas famílias, a direção da empresa enviou a seguinte mensagem aos Metroviários:

“Aproveite esse final de semana prolongado de Natal, em família, para refletir sobre esse importante momento de decisão na sua vida. As inscrições vão até 14 de janeiro de 2022.”

Isso tudo sem nem ao menos ter aceitado a realizar uma reunião com o Sindicato sobre o tema. O Metrô atropela os direitos dos trabalhadores, da representação sindical, para fazer valer as suas ações e medidas.

É necessário um Plano de Luta

O PDI se soma a uma série de ataques de Dória aos trabalhadores. Vale lembrar, que o próprio acordo (ACT) ainda está em risco na justiça depois da derrota da empresa na última greve, a sede do sindicato foi entregue pelo Governo num corrupto leilão a iniciativa privada, direitos como a PR seguem sem ser pagos há mais de 2 anos, e a defasagem salarial de trabalhadores que realizam a mesma função é absurda.

Esses ataques confluem numa conjuntura de entrada do último ano de governo de extrema direita de Jair Bolsonaro, onde a esquerda atua para antecipar o calendário eleitoral, deixando as lutas em segundo plano, com o PT e Lula a frente negociando alianças com gente como Alckmin, algoz e inimigo dos Metroviarios, responsável pela demissão política de 40 trabalhadores na histórica greve de 2014.

A CTB e o PC do B a frente da direção do sindicato contribui para esse tipo de política, mantendo a trégua nós sindicatos que dirigem nacionalmente, e no Metrô, tentando frear as lutas ou aceitando acordos rebaixados como tentaram fazer na última campanha salarial.

Diante desse cenário, é que os Metroviários devem se apoiar na resolução do seu último congresso e exigir que as centrais sindicais retomem as mobilizações e construam um plano de luta nacional, para unificar os trabalhadores contra os ataques de Bolsonaro, Mourão e dos governos que promovem medidas contra os trabalhadores. E fortalecer essa exigência de mobilização, significa que o sindicato dos Metroviarios já no mês de janeiro tem que organizar na base um calendário de luta contra esses ataques, preparando uma forte greve que garanta o acordo coletivo, lute pela equiparação salarial, reverta os ataques e permita que os trabalhadores tenham condições dignas de aposentadoria integral, e que possam ter acesso irrestrito ao plano de saúde quando saírem da companhia.




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