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ITAMARATY E A DIREITA | Mercosul e o avanço da direita: os golpistas FHC e José Serra tentam impedir a Venezuela no comando do bloco

Nessa terça-feira (05), o ministro de Relações Exteriores, José Serra, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participaram de uma reunião com chanceleres uruguaios e com o presidente Tabaré Vazquez sobre a presidência temporária da Venezuela no bloco econômico do Mercosul visando fortalecer oposição na Venezuela.

Artur LinsEstudante de História/UFRJ

quinta-feira 7 de julho de 2016 | Edição do dia

Pelas regras, a presidência do bloco passaria em tese para a Venezuela nesse segundo semestre, a partir do dia 12 desse mês. No entanto, os representantes da direita golpista brasileira foram ao Uruguai pressionar Vazquez para “pedir mais tempo” antes da Venezuela assumir a presidência do Mercosul, alegando que um dos países-membro do bloco, o Paraguai, está denunciando a Venezuela “por violação de regras democráticas”.

A proposta de Serra e FHC consiste em esperar até agosto para decidir a sucessão da presidência do bloco. Pois, para José Serra, esse “é o prazo para a Venezuela cumprir exigências para seu ingresso no Mercosul”.
Já FHC declarou que “não estamos pedindo para não respeitar as regras, mas que possa discutir, mais adiante, se a Venezuela fez a lição de casa para ingressar no Mercosul”.

Depois da reunião e das declarações dos representantes do governo golpista brasileiro, a reação chavista foi imediata. Através do Twitter, a chanceler venezuelana, Delay Rodrigues, declarou que “a República Bolivariana da Venezuela rechaça os insolentes e amorais declarações do chanceler de fato do Brasil”, além de colocar que há no Brasil “um golpe de estado que vulnera a vontade de milhões de cidadãos que votaram na presidenta Dilma”.

Por outro lado, o presidente uruguaio Tabaré Vazquez reiterou que “é preciso respeitar as regras”, dando o parecer de que o Uruguai pretende passar o comando temporário do bloco para Caracas. No entanto, anunciou a convocação de uma reunião de chanceleres do Mercosul para segunda-feira da semana que vem, em que o tema principal será o caso da Venezuela.

Giro à direita no continente fortalece interesses internos da oposição ao chavismo

Não é de se estranhar essa movimentação da diplomacia golpista brasileira no Uruguai em apoio à oposição de direita ao governo de Maduro na Venezuela. Desde que a oposição de direita, representada principalmente através da Mesa de Unidade Democrática (MUD), conseguiu a maioria das cadeiras na Assembleia Nacional nas últimas eleições, dessa maneira impondo uma derrota histórica ao chavismo, essa mesma oposição do governo Maduro vem numa ofensiva para tirar o chavista do governo, através de um referendo revogatório.

Moralizados e fortalecidos com o giro à direita nas superestruturas políticas de países como Argentina e Brasil (vitória de Mauricio Macri nas eleições presidenciais argentinas e golpe institucional colocando Michel Temer como presidente), junto a uma profunda crise política, social e econômica que afeta a Venezuela, a oposição de direita tenta canalizar a insatisfação de setores expressivos das massas com a decadência e falência de muitos anos do governo chavista de conciliação de classes, que no momento atual de crise corta dos direitos sociais da população para salvar a “eterna” dívida pública do país.

No meio dessa profunda crise interna, Henrique Capriles, principal representante da oposição e do MUD, vem desde o mês passado tentando conseguir alianças no continente para acelerar o golpe contra Maduro (http://www.esquerdadiario.com.br/Capriles-busca-se-fortalecer-com-os-paises-latino-americano). Conseguiu a aliança com o presidente paraguaio, Horácio Cartes, declarando que “ viemos pedir que Mercosul e Unasur sejam firmes, a Venezuela tem que respeitar a Constituição. Maduro pretende bloquear a solução constitucional e é importante que a região o saiba. Não estamos buscando nenhuma interferência nem que nenhum país se meta, mas sabemos que Maduro busca as instancias internacionais para gastar tempo" que prontamente denunciou o governo chavista por manter presos políticos, violar as regras democráticas e manobrar para evitar o referendo revogatório.”

A proposta dos aliados brasileiros da direita venezuelana vai em direção aos seus interesses golpistas. A oposição de direita busca acelerar a queda do chavismo e o tempo que o golpista Serra pede a Vazquez é justamente o prolongamento das iniciativas internas e externas para conseguir apoio e todo tipo de manobra para passar o referendo revogatório de Maduro, desde a “turnê relâmpago” de Capriles na Argentina, Brasil e Paraguai e a “Carta Democrática” da OEA reclamando uma intervenção estrangeira na situação política e social na Venezuela, com o objetivo de destituir Maduro.




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